O inferno na terra que se tornou a vida de Jair Bolsonaro, com tudo de ruim que poderia surgir contra ele acontecendo ao mesmo, ganhou, ontem, a cereja do bolo que pode representar o fim da linha para o presidente. Um série de partidos (de direita e esquerda), movimentos e entidades se juntaram e apresentaram um super pedido de Impeachment contra o mandatário, amplificando a crise no planalto.
Mesma com a negativa do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, que tem um ministério e muitas benesses no governo, em aceitar o “super pedido”, o simbolismo do movimento suprapartidário é muito forte. Estão juntos contra Bolsonaro, do PT ao DEM (sua maior parte); da Une ao MBL; praticamente toda a fauna política brasileira. Só estão fora (ainda) desse grupo os adeptos do Bolsonarismo raiz (extrema direita e olavistas) e uma ala dos militares – contudo, há na caserna muito milico defendendo que o general Hamilton Mourão assuma o governo até a eleição.
Até o próprio Centrão, principal sustentáculo de qualquer governo no Brasil, já ensaia abandonar o barco bolsonarista e se agarrar novamente ao ex-presidente Lula, que lidera com folga a corrida pelo Palácio do Planalto. Sobraram com Bolsonaro, além de Arthur Lira, algumas poucas raposas do Centrão. Mas há também maçãs podres do bloco no governo, como o líder na Câmara, Ricardo Barros, a quem a CPI da Pandemia e mais um monte de gente acusa de estar por trás do diretor do Ministério da Saúde que teria oferecido propina na compra da vacina indiana Covaxin.
O calvário do presidente seguirá no próximo sábado, dia três de julho, com um mega protesto pela sua saída em todo país. Encurralado pelo deputado Luis Miranda, que deve ter uma gravação da conversa que tiveram a sós, onde Bolsonaro teria sido alertado do esquema de Ricardo Barros, caçado pela CPI da Pandemia, com o grupo dos sete senadores independentes no seu encalço, e altamente pressionado pelo movimento suprapartidário que quer seu impeachment, o presidente não tem saída; pode até sobreviver na cadeira, mas dificilmente conseguirá governar até o fim do mandato.
MUDANÇA – Segundo publicou o portal G1, o comando da CPI da Covid mudou a agenda prevista para hoje e decidiu ouvir o representante da Davati Medical Suply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, em vez de Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada na última terça-feira, Dominguetti disse ter recebido em fevereiro um pedido de propina do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, em troca de um contrato de vacinas. Dominguetti revelou que foi pedida propina de US$ 1 por dose de vacina. Conforme a reportagem, a negociação envolvia 400 milhões de doses. Dias foi exonerado do cargo ontem.
APAGÃO – Não bastasse a tormenta política, à pandemia inacabável do coronavírus, a vacinação lenta, a parca recuperação econômica e o despencar nas pesquisas de intenção de voto, o presidente da República pode enfrentar ainda este ano outra grave crise, que, se for confirmada, só terminará de sepultar as suas pretensões de reeleição. Trata-se da possibilidade de um novo apagão no setor elétrico, semelhante ao de 2001. Para evitar esse desfecho, Jair Bolsonaro assinou uma Medida Provisória para adoção de “medidas emergenciais”, que têm como objetivo final evitar um apagão no Brasil.
APAGÃO 2 – De acordo com a MP assinada pelo presidente, ontem, o governo tentará evitar um novo apagão com a criação de uma Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética. Essa câmara terá a meta de estabelecer medidas emergenciais para a otimização do uso dos recursos hidroenergéticos, a fim de garantir a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético no País. As primeiras ações não foram reveladas, mas o governo assegurou que ela terá competência para definir diretrizes temporárias para operação das usinas hidrelétricas do país. Isso envolve limites de uso, armazenamento e vazão.
ESTRATÉGIA – Sem ter mais muito o que fazer, em decorrência de todos os fatos citados nesta coluna, Jair Bolsonaro prepara um roteiro semelhante ao utilizado pela ex-presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, para justificar uma potencial derrota nas urnas. Já está questionado a lisura do processo eleitoral que nem começou, defendendo o absurdo do voto impresso; xingando jornalista para levantar cortina de fumaça, e, nas internas, insuflando a sua tropa para descredenciar qualquer que seja o resultado do pleito vindouro que não a sua reeleição. A meta do presidente está muito clara: esticar a corda e provocar o caos social para deslegitimar as instituições e o processo democrático.
O povo quer saber: o que mais falta para Arthur Lira aceitar esse pedido de Impeachment contra Bolsonaro?
Fonte : FalaPE.
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