quarta-feira, 28 de julho de 2021

Mudança do PSB sobre voto impresso é marcada por troca na comissão

 

Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira chegou, em um primeiro momento, a defender o voto auditável, até numa linha deixar sem argumento o presidente Jair Bolsonaro, que fez do voto impresso uma de suas bandeiras. A lógica inicial seria a de subtrair os motivos que o chefe do Planalto teria para questionar o pleito. O partido, no entanto, mudou de tática e passou a se posicionar contrário à tese bolsonarista. Nos bastidores, se atribui a guinada a alguns fatores. Um deles teria sido uma mobilização de ministros do TSE e do STF no sentido de convencer as legendas de que o presidente estaria buscando solução para um problema inexistente. Presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso virou alvo de xingamentos e críticas do presidente da República, que também passou a colocar em dúvida a realização da eleição de 2022, despertando reação de poderes, inclusive do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, seu aliado. Nas hostes socialistas, a posição contrária ao voto impresso foi demarcada em movimento simbólico, realizado na comissão especial que avalia a PEC do voto impresso.

Defensor da possibilidade de voto auditável, o deputado Júlio Delgado, ao tomar ciência da definição final do partido, recuou e foi substituído, no colegiado, pelo deputado pernambucano Milton Coelho. O mineiro tinha uma tese de fazer um voto separado, algo como adotar uma urna desse tipo por colégio eleitoral. O dirigente nacional da legenda também seguia uma ideia de fazer esse voto por amostragem. Mas, além da mobilização dos poderes, a necessidade de manter a unidade das Oposições pesou. O PT, o PCdoB, o PSOL, por exemplo, já eram contra. À articulação de ministros, se somou um documento de 11 partidos, incluindo siglas até da base. Deu-se quase um consenso de que a intenção do presidente seria "ferir a legitimidade do pleito", o que poderia lhe render margem para que o resultado passasse a ser questionado posteriormente, o que fez os socialistas recuarem. Diante do desgaste do governo frente aos demais poderes, o Planalto já passou a admitir a hipótese de derrota, o que pode se dar na comissão e ainda no plenário.

Campo Minado
Indagado pela coluna sobre a posição do partido contrária ao voto auditável, o líder da legenda, deputado Danilo Cabral, explica o seguinte: "O PSB vai se posicionar contra para evitar a judicialização do processo, que poderia alimentar a narrativa bolsonarista, mas atuamos ainda para peservar a unidade das Oposições, em movimento que envolve partidos da base".

Day after > Há um sinal de alerta aceso para a hipótese de o presidente Bolsonaro vir a não se reconhecer o resultado do pleito e fazer uso de eventual novo mecanismo para pedir verificação indefinidamente, pondo em xeque a legitimidade do processo.

Pianista... > Com a confirmação de Ciro Nogueira na Casa Civil, após encontro dele, ontem, como o presidente, no Congresso, há uma bolsa de apostas dando conta de que, "politicamente, Bolsonaro se salva depois dessa". Mas deputados advertem que não, exatamente, pelo centrão em si.

...de Titanic >  O presidente, agora, consegue neutralizar o avanço de um impeachment, o que não significa, realça um deputado em reserva, que o centrão vai estar com ele até o fim. "O centrão não tem vocação para pianista de Titanic", ironiza a fonte.

Fonte :Folha de PE.

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