Na entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, direto de Brasília, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), deixou a entender que está amplamente municiado com documentos para bombardear o ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), no depoimento que prestará à CPI da Pandemia. Sua convocação não foi aprovada, ontem, por questões burocráticas, e não de manobras, por parte do plenário da comissão.
Será aprovada, com toda certeza, na próxima semana. E pelo que Vieira disse, na entrevista, Geraldo será um dos primeiros a sentar na cadeira da inquisição para dar explicações das mais variadas denúncias de malversação do dinheiro federal destinado ao Recife para o combate à pandemia. Pelo último levantamento, a capital pernambucana, na gestão de Geraldo, recebeu a bagatela de R$ 600 milhões.
Onde foi parar tanto dinheiro? Se o gato comeu, só os nobres senadores investidos da condição de investigadores poderão dar essa resposta. O fato é que Geraldo está na dianteira da CPI por sua gestão ter sido objeto de sete operações da Polícia Federal, a primeira delas envolvendo a mais nebulosa de todas as compras, a de respiradores testados em porcos a uma empresa mal-assombrada, com CNPJ veterinário, sediada em São Paulo.
Relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), elaborado pelos auditores do órgão, confirmou as irregularidades por parte da gestão da Prefeitura do Recife (PCR) na compra de 500 respiradores da microempresária veterinária Juvanete Barreto Freire, sem licitação, pelo valor total de R$ 11 milhões. A compra foi objeto de três fases da Operação Apneia, da Polícia Federal, com buscas e apreensões na casa de secretários e assessores do prefeito Geraldo Júlio (PSB). O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, teve pedido de prisão temporária na segunda fase da Operação, mas a Justiça Federal negou a prisão.
O celular de Jailson Correia foi apreendido e revelou conversas constrangedoras sobre os respiradores com João Guilherme Ferraz, assessor e homem de confiança de Geraldo Júlio. Também o assessor Felipe Soares Bitencourt, apontado nos bastidores como homem-forte de Geraldo Júlio nas compras da saúde. Felipe Soares Bitencourt está afastado das funções na PCR, por ordem da Vara Criminal da Justiça Federal, após ser alvo de outra operação da Polícia Federal.
O senador sergipano diz, que além do que a Polícia Federal apurou, recebeu contribuições importantes de vários segmentos da sociedade pernambucana, e até de populares, que estão sendo levantadas e apuradas com todo rigor. “A documentação é muito ampla e robusta. Ele terá que dar muitas explicações”, disse Vieira.
O bicho vai pegar – Ainda em relação a nebulosa compra dos respiradores de porcos, o relatório oficial do TCE aponta que a microempresa tinha capital social de apenas R$ 50 mil, tendo sido aberta poucos meses antes. Apesar disso, a gestão de Geraldo Júlio assinou com a microempresária um contrato de R$ 11 milhões sem licitação para a compra de respiradores da covid-19 no auge da pandemia. Os auditores apontam que a gestão de Geraldo Júlio “assumiu o risco” das irregularidades ao contratar a microempresária veterinária por R$ 11 milhões sem licitação.
A polêmica dos governadores – Convocados, ontem, para depor na CPI, nove governadores podem alegar que a decisão fere a Constituição e não comparecer. Por lei, eles só seriam obrigados a depor mediante aprovação, inicial, das assembleias legislativas. Diante disso, só resta e ele recorrer ao STF para ter o direito de não acolher a convocação. Como já há um precedente por parte do STF dizendo que não é possível tal convocação, estes governantes podem ser liberados, mas, provavelmente, sofrerão desgaste por parte da opinião pública por terem se recusado a dar informações sobre como agiram durante a pandemia.
Recurso ao STF – Conforme revelou um o assessor parlamentar que integra a cúpula da comissão, caso o requerimento fosse na forma de um mero convite, os governadores poderiam deixar de comparecer sem precisar recorrer ao STF e tais chamamentos poderiam vir a ser minimizados. Mas em se tratando de uma convocação, terão de recorrer judicialmente. E como a competência para julgamento é da instância máxima do Judiciário, isso será anunciado e julgado com ampla repercussão.
Paes ingressa no PSD – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, assinou, ontem, a ficha de filiação ao PSD, em Brasília. Tinha ao seu lado o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. “Vocês ainda têm dúvida de que ele é candidato [a governador do RJ]?”, disse Paes a jornalistas ao lado de Santa Cruz. “Por mim, ele renunciava agora [à presidência da OAB] e começava a campanha”, disse Paes. Santa Cruz deve se filiar ao PSD para disputar a eleição de 2022, mas depois de deixar o comando da OAB. Ele disse que pretende ser “advogado” da população do Rio.
Boa revelação – Ligado ao grupo político do presidente estadual do Republicanos, Sílvio Costa Filho, o secretário nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional Urbano, Tiago Pontes, é quase uma unanimidade na bancada federal como uma grata surpresa em gestão pública. Antes de ingressar no Governo Federal, Tiago atuou no Metrô do Recife. Em Brasília, ganhou também a confiança de outras lideranças além da fronteira de Pernambuco, como o senador piauiense Ciro Nogueira (PP). O secretário tem DNA político em Barreiros, na Zona da Mata, município que seu pai, o comerciante Beto da Sensação, disputou a Prefeitura em 2026, mas não levou.
CURTAS
CAIU FORA – O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, anunciou, ontem, seu desligamento do Republicanos, mas ainda não escolheu um novo partido para se filiar. Ele estava filiado na sigla desde março de 2020. Em publicação em seu perfil no Twitter, Flávio agradeceu os integrantes do partido pelo “tratamento excepcional, transparente e respeitoso de todos os dias”.
A CANDIDATA – De passagem, ontem, por Brasília, onde teve encontro com o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o Coronel Meira, presidente estadual da legenda, recebeu o sinal verde da cúpula trabalhista para dar o start da pré-campanha da candidata bolsonarista ao Governo do Estado, a deputada estadual Clarissa Tércio (PSC).
Perguntar não ofende: Como vai ser o comportamento do senador Humberto Costa no depoimento de Geraldo Júlio na CPI da Pandemia?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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