quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Sem partido e sem campanha

 

Sem partido e sem campanha

O presidente Bolsonaro revelou, ontem, a verdadeira razão de ter optado por ficar de fora dos palanques na campanha municipal: não tem fonte financeira para cobrir as despesas com deslocamentos pelo País, logística cara, que envolve despesas com aeronaves, hotéis, segurança e aluguel de carros. Quando presidente, Lula fazia isso sem nenhum problema porque o seu partido, o PT, bancava tudo. Bolsonaro está sem filiação partidária.

As viagens presidenciais, para agenda oficial, não podem ter agenda política, porque se não o presidente seria acusado de uso da máquina nas eleições. Pela primeira vez, um chefe da Nação vive essa situação inusitada: tem o poder, mas não tem um partido. Eleito pelo PSL, Bolsonaro foi forçada a deixar a legenda depois de um conflito interno e público com o presidente da legenda, o deputado pernambucano Luciano Bivar. Sem filiação partidária, o presidente até tentou criar um partido, mas não conseguiu.

Ele e aliados imaginavam que o Aliança pelo Brasil, o novo partido, deslancharia em menos de seis meses. O otimismo era tanto que se acreditava, na época, que a sigla estaria apta a disputar as eleições municipais, mas não deslanchou. Os entraves foram tantos que o presidente, então um dos principais entusiastas da ideia, não aposta mais, hoje, todas as suas fichas na criação da sigla. Tanto que ele ensaia um retorno ao PSL, com receio de que o Aliança não consiga sair do papel.

As razões pelas quais o partido ainda não saiu do papel são várias. Entre elas, a pandemia do coronavírus; a redução do número de servidores nos cartórios eleitorais; o não reconhecimento de várias assinaturas de apoiadores e, em menor escala, disputas internas e a falta de confiança plena da militância na cúpula do novo partido. Em resumo, a clássica teoria da tempestade perfeita.

Durante esses nove meses, o partido conseguiu homologar apenas 20 mil assinaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar do baixo número de assinaturas aceitas pela Corte Eleitoral até o momento, integrantes do Aliança afirmaram que 160 mil fichas estão no TSE à espera de homologação e outras 100 mil estão em posse do partido. Para criar uma sigla, são necessárias pelo menos 492 mil assinaturas. Ou seja, caso esses cadastros em posse do partido sejam reconhecidos pelo TSE, a sigla teria em torno de 280 mil apoiadores – pouco mais da metade da meta.

Abriu o jogo – Falando com um grupo de apoiadores, ontem, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente Bolsonaro disse que gostaria de participar das eleições municipais, mas afirmou que não tem condições financeiras para arcar com os gastos de deslocamento aos municípios. “Para ir para lá, tenho que ir pelos meios próprios. Não tenho como arranjar segurança para mim, meios próprios. É muito caro, não tenho condições”, disse. Bolsonaro citou Belo Horizonte como uma das cidades em que gostaria de ter participação mais efetiva. “BH me interessa. Gosto muito do Bruno Engler [candidato do PRTB]. Pode fazer um bom trabalho caso chegue à Prefeitura”, disse.

Efeito do apoio – Mesmo fora da campanha, a quem o presidente acenou em termos de apoio o resultado não foi nada alentador. Em São Paulo, após o deputado Celso Russomanno (Republicanos) cair e oscilar negativamente nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura, suas propagandas do horário eleitoral deixaram de mencionar Bolsonaro. Na estreia da propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV, do dia 9, o jingle do candidato citava Bolsonaro três vezes. "Com Russomanno e Bolsonaro, quem ganha é a nossa cidade", dizia um trecho da música. Já no refrão, repetido duas vezes, constava o trecho "e Bolsonaro apoiando".

Nova constituinte – Um dia após dizer que a Constituição deixa o Brasil "ingovernável", o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), disse que vai enviar "imediatamente" um projeto de decreto legislativo (PDC) para a realização de um plebiscito sobre a elaboração de uma nova Carta Magna. Segundo o parlamentar, ele já tem um texto pronto, que precisa apenas de ajustes nas datas propostas para a realização da consulta popular. A ideia inicial era que o plebiscito fosse feito nas eleições municipais deste ano para em 2022 ter uma Assembleia Constituinte. Barros disse que não teve apoio de lideranças quando elaborou o projeto, mas que a receptividade à sua ideia o motivou a apresentar o projeto.

Globais na CNN – Desde que estreou no Brasil, há mais de sete meses, a CNN contratou nomes conhecidos da TV Globo e que estavam 'na ativa'. Só na última semana, a emissora americana contratou dois âncoras de lá: Gloria Vanique, que apresentava o Bom Dia São Paulo, ao lado de Rodrigo Bocardi, e o jornalista Márcio Gomes, que era um dos plantonistas do Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje e Jornal da Globo, além das duas edições locais de jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Outra apresentadora, uma das primeiras que saiu da Globo para migrar para a CNN, foi Monalisa Perrone. Ela colocou no ar o primeiro jornal considerado 'da madrugada' da Globo, o Hora Um, que começava às 5h.

CURTAS

BOA NOTÍCIA – O secretário especial de Política Econômica do Governo Federal, Adolfo Sachsida, disse, ontem, que a economia brasileira terá uma injeção de recursos de R$ 138 bilhões até dezembro. A declaração foi durante live promovida pelo banco Safra, com a participação de Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, e a economista Priscila Deliberalli, também do Safra. Durante a videoconferência, o secretário disse que a projeção dele de injeção de recursos considera o auxílio emergencial que ainda será pago até o final do ano (R$ 73 bilhões). Está na conta R$ 15 bilhões que ainda não foram sacados do saque emergencial do FGTS.

Perguntar não ofende: Quem vai subir ou descer na pesquisa do Ibope de hoje para prefeito do Recife?

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