quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

João Lyra implantou gestão na saúde

 

Diante de tudo que aconteceu na operação da Polícia Federal na investigação de contratos suspeitos entre Organizações Sociais e a Secretaria estadual de Saúde, na última terça-feira, se a governadora Raquel Lyra (PSDB) quiser mudar o modelo de gestão vigente nos hospitais e Upas terá um turbilhão de dificuldades, com um choque familiar.

Foi o pai dela, o ex-governador João Lyra Neto, quando secretário de Saúde no Governo Eduardo Campos, adotou o modelo, alicerçado na relação administrativa entre as OS e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, o conceituado Imip. Serve até hoje na manutenção de hospitais e Upas. A família Lyra, aliás, teve expressiva presença no Governo Eduardo Campos e no PSB, entre 2007 e 2010.

Raquel foi chefe da Procuradoria de Apoio Jurídico e Legislativo do governo socialista, função que tem a obrigação de zelar pelos interesses estaduais, inclusive impedindo contratos que tragam danos ao Estado, como aconteceu com a Saúde. Já em 2011, assumiu a Secretaria Estadual da Criança e da Juventude.

Como secretário de Saúde, entre 2008 e 2010, João Lyra deu a canetada na mudança do modelo de gestão dos hospitais. Isso se deu juntamente com a chegada das primeiras Unidades de Pronto Atendimento – as Upas. De lá para cá, não houve mudança, é o mesmo modelo de gestão, portanto, que está sob suspeita e investigado, com fortes indícios de desvios de recursos públicos, conforme atestou a PF.

Talvez sejam esses os motivos pelos quais a governadora e a vice-governadora Priscila Krause demoraram tanto para se pronunciar sobre a operação da Federal. Já tem gente perguntando se esse governo é mesmo de mudança ou uma continuidade moderna. Lembrando, que a exemplo de Lula, Raquel aumentou o número de secretarias e de cargos comissionados. E, diga-se de passagem, fechou os olhos aos aumentos dos salários dos secretários, do seu e da vice.

Apadrinhamento no Dom Moura – A solução gerencial dada pela governadora ao hospital regional Dom Moura, em Garanhuns, gerou um profundo mal-estar entre os próprios aliados da tucana no Agreste. Diretora-geral, a enfermeira Jaqueline Bezerra Calado foi importada de Caruaru. O que se diz por lá é que o hospital tem quadros qualificados de carreira e muita gente competente na área privada que reside em Garanhuns. Mas não foi somente a nomeação da enfermeira que contrariou quem conhece a realidade da saúde na região, mas também as demais diretoras Maria Edilza Silva das Mercês e Daniel Vitor Pereira de Lima. Servidores do hospital e até os políticos comentam que as nomeações foram patrocinadas pela vice Priscila Krause. Ela é casada com o advogado Jorge Branco, filho do ex-deputado José Tinoco, proprietário de um hospital na cidade.

Reviravolta na Alepe? – O caminho para uma candidatura única à Presidência da Assembleia Legislativa está em curso em torno do nome de Álvaro Porto (PSDB). Antônio Moraes, do PP, abriria mão da disputa em troca da sua indicação para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), na vaga que será aberta com a aposentadoria da conselheira Teresa Dueire. Ainda pelo acordão, a Primeira-Secretaria da Casa ficaria com o deputado Gustavo Gouveia, do Solidariedade, partido de Marília Arraes, mas que tende a se alinhar ao Governo de Raquel.

Auditoria em contrato – A Controladoria-Geral do Estado instaurou, ontem, auditoria na Secretaria de Saúde para levantar informações sobre os controles internos relacionados aos contratos de gestão com as Organizações Sociais que atuam na área da saúde, especificamente o que foi alvo da Operação Clã, da Polícia Federal, envolvendo a Fundação Gestão Hospitalar Martiniano Fernandes (FGH) e a Secretaria Estadual de Saúde, no valor de R$ 1,8 milhão.

Conrado na Amupe – O fato novo na disputa pela direção da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) tende a ser a candidatura da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado. Embora filiada ao PT, tendo apoiado no primeiro turno na disputa pelo Governo do Estado o socialista Danilo Cabral, Conrado mantém boa relação com a governadora Raquel Lyra, a quem se alinhou no segundo turno. Por ser mulher e gestora bem avaliada no Sertão, tem a simpatia da governadora, que quer derrotar o grupo do atual presidente José Patriota (PSB).

Ainda no palanque – Chamado de “golpista” pelo presidente Lula em evento na Argentina, o ex-presidente Michel Temer (MDB) contra-atacou. Em postagem em rede social, disse que Lula “mantém os pés no palanque e os olhos no retrovisor”. Escreveu o ex-presidente: “Mesmo tendo vencido as eleições para cuidar do futuro do Brasil, o presidente Lula da Silva parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor, agora tentando reescrever a história por meio de narrativas ideológicas. Ao contrário do que ele disse, o País não foi vítima de golpe algum. Foi, na verdade, aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição”.

CURTAS

ENFIM, NA ILHA – A posse formal da nova administradora de Fernando de Noronha, Thallyta Figueirôa, será realizada no Conselho Distrital, na próxima terça-feira, às 17h, segundo o presidente da entidade, Ailton Araújo Júnior. Na cerimônia, a nova gestora será obrigada a apresentar a declaração de bens, fazer o juramento e assinar o termo de compromisso. A data foi indicada pela própria administradora.

CADÊ O CHOQUE? – O choque de gestão prometido por Raquel está longe de se transformar em realidade. Isso pode ser deduzido pela escolha que fez em relação à Compesa. Romildo Bezerra Porto, o escolhido, passou pela estatal já tem mais de dez anos e não tem experiência na área executiva, mas sim em TI – Tecnologia da Informação. A visão dele, além de ser muito restrita, precisa ser atualizada. Afinal, a Compesa mudou muito em uma década.

Perguntar não ofende: Raquel não vai escolher mais nenhum político para o segundo escalão?  

Fonte: Blog do Magno Martins.

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