segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A nova bancada e seu DNA familiar

 

Em razão do brutal equívoco constitucional, deputados no Brasil eleitos em outubro não tomam posse em 1 de janeiro, como o presidente da República e os governadores. A posse só acontece na próxima quarta-feira, dia 1, 90 dias após o veredicto das urnas. Coisas do Brasil! Na Câmara Federal, a representação de Pernambuco pisa no salão verde com uma renovação próxima a 50%.

Houve uma renovação em torno de 47%. Em alguns casos, entretanto, apenas do nome familiar. No lugar de João Campos (PSB), o mais votado em 2018, sendo eleito prefeito do Recife em 2020, ocupa a cadeira, a partir de agora, o irmão Pedro Campos (PSB), sem conseguir a façanha de mais votado da bancada. Teve 172. 526 votos, mas ficou em terceiro lugar, atrás de Clarissa Tércio (PP), com 240.511 votos.

O campeão foi André Ferreira (PP), irmão do ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, que largou a Prefeitura para disputar o Governo do Estado, não chegando ao segundo turno. André recebeu a confiança de 273.267 votos dos pernambucanos, uma marca espetacular, tanto que seu nome já está na bolsa de apostas como possível candidato a prefeito do Recife nas eleições do próximo ano.

Ainda em relação ao tronco familiar, Marília Arraes (SD), que perdeu a eleição ao Governo do Estado em segundo turno para Raquel Lyra (PSDB), terá em sua cadeira a irmã Maria Arraes (SD), a 11ª mais votada, com 104.571 votos. Já Sebastião Oliveira (Avante), que entrou na chapa de Marília Arraes como vice, elegeu o irmão Valdemar de Oliveira, o Dema. Uma bela votação, diga-se de passagem. Foi o sexto mais votado, com 141.386 votos.

Por fim, neste cenário de parentesco, quem conseguiu a maior façanha na bancada foi o deputado Dudu da Fonte, cacique-mor do PP em Pernambuco e uma das suas principais lideranças em nível nacional. Além de reeleito com 124.850 votos (o nono mais votado entre os 25), Dudu puxou o filho Lula da Fonte, também do PP, que teve 94.122 votos. Com apenas 21 anos, Lulinha, como é conhecido, chega ao Congresso como o parlamentar mais jovem do País.

Dudu da Fonte, ao ser reeleito e eleger o filho, repete a façanha do ex-deputado José Mendonça Bezerra. Nas eleições de 1994, Mendonção, como era mais conhecido, emplacou a sua reeleição e elegeu por tabela o filho Mendonça Filho, que em seu mandato se destacou como liderança nacional a partir do projeto de sua autoria, que permitiu o direito à reeleição em todos os níveis, de presidente a prefeito.

PSB murchou – Partido abandonado pelo ex-governador Paulo Câmara, o PS, sofreu a maior derrocada entre todas as legendas no Congresso. A bancada nacional caiu de 33 para 14 deputados. Cinco dos 14 são de Pernambuco e quatro de São Paulo, Estados até então com mais tradição socialista. Quanto à bancada de Pernambuco, manteve os cinco representantes. Perderam o mandato Tadeu Alencar, Milton Coelho e Gonzaga Patriota, este o decano da Casa. Se reeleito, Patriota iria para o 11º mandato consecutivo, ou seja, 44 anos de parlamento.  

Vítima do próprio veneno – Já o MDB, partido que chegou a ter por muito tempo as maiores bancadas na Câmara e no Senado, em Pernambuco só elegeu um federal, com um detalhe curioso que chama atenção: Raul Henry, sem mandato a partir de quarta-feira, montou a chapa achando que Iza Arruda, filha do prefeito de Vitória de Santo Antão, iria servir de cauda eleitoral para garantir sua reeleição. Estava completamente enganado. Iza comeu, literalmente, o seu cartão, sendo a única eleita pela legenda.

O troco de Clodoaldo – Ainda em relação ao PSB, o partido em frangalhos negou legenda para o deputado estadual Clodoaldo Magalhães disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. O veto veio de praticamente toda a bancada federal, num movimento liderado por Danilo Cabral, derrotado na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas. Resultado? Clodoaldo se transferiu para o Partido Verde e foi o 10º deputado mais votado entre os 25 federais. Ainda incluiu em seu currículo o fato de ser o primeiro deputado federal eleito em Pernambuco pelo PV.

Novo duelo em 24? – Decano na Câmara dos Deputados, Gonzaga Patriota perdeu a sua vaga na bancada do PSB para um conterrâneo, Lucas Ramos. Filho do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Lucas teve 85.571 votos, o 18º mais votado da bancada, enquanto Patriota teve 67.328 votos. Ambos têm como principal colégio eleitoral o município de Petrolina, onde em 2024 poderão se confrontar novamente. Patriota já declarou que é candidato a prefeito e Lucas não esconde de ninguém que sonha acordado em governar Petrolina.

A volta de Mendonça – O deputado Wolney Queiroz (PDT) também não conseguiu a reeleição para a Câmara dos Deputados, com um detalhe: seu pai, José Queiroz, ex-prefeito de Caruaru, igualmente não emplacou a reeleição para a Assembleia Legislativa. 8Entre os que já tiveram mandato e estão de volta ao Congresso, com muita disposição de fazer oposição ao Governo Lula, está Mendonça Filho (UB), que no Governo Temer foi ministro da Educação.  

CURTAS

NO SUFOCO – O rabo da gata em votação na Câmara federal foi Renildo Calheiros (PCdoB). Obteve 59.686 votos, bem menos do que Wolney, que teve 63 mil votos. Também perderam o mandato, em razão dos seus partidos não atingirem o quociente eleitoral, ao contrário do PCdoB de Renildo, Daniel Coelho (CD) e Ricardo Teobaldo (Podemos).

PL ELEGE QUATRO– Partido de Bolsonaro, o PL, além do campeão de votos André Ferreira, elegeu mais três deputados federais: Coronel Meira, Fernando Rodolfo e Pastor Eurico. Uma das surpresas da eleição, Coronel Meira, que assumiu as bandeiras bolsonaristas, teve quase 80 mil votos, exatos 78.941 votos.

Perguntar não ofende: Com oito deputados na Alepe, o PP, além de perder a Alepe, vai ficar sem cargos no Governo?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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