segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Hotéis para desabrigados

Em meio ao lamento e a comoção pela morte de mais de 50 almas vivas em São Paulo, decorrentes da enxurrada d’água sem piedade, chega, enfim, a melhor notícia: num gesto corajoso e inusitado, o governador paulista Tarcísio Freitas (Republicanos) reuniu donos de pousadas, hotéis e até colônias de férias nas áreas mais atingidas para discutir a acomodação dos desabrigados e, principalmente, dos que tiveram seus tetos levados pelas fortes correntezas.

O chefe do Executivo paulista já se reuniu com hoteleiros e propôs uma parceria, pela qual o Estado de São Paulo paga a hospedagem até que as casas que estão em construção para os desalojados sejam concluídas. “A gente vai fazer um levantamento e a ideia do Governo é comprar essas vagas na rede hoteleira”, disse o governador, falando cara a cara com os representantes da rede hoteleira.

Tarcísio, aliás, já autorizou integrantes do seu Governo a buscar pousadas, hotéis e colônias de férias para acomodar as famílias provisoriamente. Com isso, ao mesmo tempo que o Governo ameniza a dor e o sofrimento de uma gente desesperada, sem ter onde morar, libera para retomada das aulas as escolas da rede estadual e municipal de ensino que servem, no momento, para abrigo aos que perderam tudo, inclusive familiares.

O governador quer reabrir as escolas no próximo dia 6, prazo que deu aos donos de hotéis e pousadas para fechar a parceria. Pelos números oficiais há 3,5 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. Nem todas perderam suas casas, o que implica num prazo menor de ocupação da rede hoteleira, mas os que tiveram seus tetos completamente destruídos ficariam em hotéis até o Governo entregar as casas em construção ou a serem construídas.

Em tempos tão bicudos de credibilidade no universo na gestão pública brasileira, do presidente da República ao mais simplório prefeito de uma cidade interiorana, uma decisão dessa natureza, a princípio, não é levada a sério pela população. Mas Tarcísio governa um Estado rico, tem credibilidade, foi o melhor ministro do Governo Bolsonaro, e não teria, a esta altura da sua vida pública, de ficar fazendo proselitismo em cima da desgraça alheia.

Ação prática – Até o Governo de São Paulo não construir casas para os desabrigados, a ideia é levantar casas temporárias para abrigar as famílias que vivem em áreas de risco. A construção será iniciada por meio de uma Vila de Passagem para abrigar imediatamente a população. “À medida que as edificações forem ficando prontas, a gente vai tirando as pessoas da Vila de Passagem e vai levando para as casas da CDHU”, afirmou Tarcísio. O esquema irá funcionar em sistema de rodízio. “Vamos tirar mais moradores de áreas em situação de risco e vamos colocá-los na Vila de Passagem, então iremos operar com esse sistema”, explicou.

Violência atinge até a Igreja – O maior desafio da governadora Raquel Lyra (PSDB) tem um capítulo à parte a ser escrito na área social: a crescente violência no Estado. Deixou de ser algo específico dos grandes centros na Região Metropolitana para se enraizar fortemente nos rincões. Sexta-feira passada, no então pacato distrito de Rajada, em Petrolina, Sertão do São Francisco, o padre Breno Gomes Paixão foi vítima de um atentado. Ele estava a caminho de um sítio quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram do seu veículo e efetuaram disparos de arma de fogo, um dos quais atingiu de raspão o pescoço dele, que chegou a ser socorrido e encaminhado a uma Unidade de Atendimento Multiprofissional Especializado (AME) de Rajada para receber os primeiros atendimentos.

Diocese se manifesta – Um inquérito policial foi instaurado pela Polícia Civil para investigar os autores e a motivação do crime. Ninguém foi preso. Padre Breno Gomes Paixão tem 43 anos e é administrador da quase paróquia de Nossa Senhora das Dores, no distrito de Rajada. Em nota, a Diocese de Petrolina informou que o sacerdote está consciente e “se encontra sob cuidados médicos, evoluindo satisfatoriamente no seu quadro clínico. Como restam fragmentos de bala na região do pescoço, a equipe que o acompanha realizará, nos próximos dias, novos exames e procedimentos”.

Fogo amigo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está sendo bombardeado pelo fogo amigo do PT. “Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, disse, em suas redes, a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann. Foi em resposta à entrevista do número dois de Haddad ao Estadão, Gabriel Galípolo, na qual ele defendeu a reoneração. Pela proximidade com Lula, o que Gleisi manifesta é lido na política como recado do próprio presidente. Num efeito cascata, o líder do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR), endossou a mensagem da presidente do PT. “A prorrogação da desoneração deve seguir na busca de não afetar o bolso da população”, afirmou também na rede social.

De volta – A governadora Raquel Lyra (PSDB) reassumiu, ontem, o comando do Governo do Estado depois de passar o Carnaval na Europa. Ela passou o cargo para a vice Priscila Krause na sexta-feira, dia oficial da abertura do reinado do momo. Apesar de não confirmado pela assessoria da tucana, Raquel passou a semana em Portugal com seus dois filhos, João e Nando, uma vez que ficou viúva há pouco mais de quatro meses e não estava em clima para Carnaval. O comando da operação do Carnaval ficou a cargo de Krause. No exercício de governadora, Priscila visitou várias cidades e focou na folia.

CURTAS

MENOR RENDA – Lula tem hoje, às 10h, no Palácio do Planalto, uma reunião com Fernando Haddad, o presidente da Petrobras e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Este último representa a ala política. Até agora, o chefe do Executivo assiste em silêncio à fritura de Haddad e de Jean Paul Prates promovida publicamente pelo PT.

ALA POLÍTICA – O estilo de deixar a divergência vir a público para que Lula arbitre é o mesmo que marcou os outros dois mandatos do petista. Desta vez, contudo, a agenda do presidente reforça que ele tem dado mais espaço para a ala política do governo.

Perguntar não ofende: Sai esta semana o restante do segundo escalão federal? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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