terça-feira, 21 de novembro de 2023

Os desafios de Milei na Argentina

A Argentina fez a sua escolha. Optou pela mudança, escolhendo Javier Milei, extremista de direita, que encerrou o ciclo do peronismo. Mas o que esperar de Milei diante de um País devastado socialmente e economicamente? O eixo central dele será a inflação. Os últimos dados oficiais apontam uma inflação anual que supera os 140%.

A questão é algo crônico na Argentina e os governos anteriores – que tinham diferentes ideologias – não encontraram uma solução para contê-la, na última década. Além de indicadores negativos, como 40% da população vivendo na pobreza, altos níveis de informalidade no campo de trabalho e a instabilidade na taxa de câmbio.

A Argentina enfrenta desafios de curto prazo, que são muito urgentes, e desafios de médio prazo, que também são urgentes. Encerra um ano com pouca produção agrícola, pouquíssimos dólares no Banco Central e isso tira a musculatura do governo para tomar decisões sobre políticas econômicas. A médio prazo, a complexidade das decisões que o Governo teve que assumir devido a esta falta de dólares, torna também urgentes as resoluções das questões em relação ao Banco Central, no que diz respeito à situação cambial, monetária e financeira.

Outro grande desafio é a credibilidade. A Argentina distorceu os preços relativos. Há muitos ativos abaixo do valor alcançável, do câmbio oficial, da energia, da gasolina, entre muitos outros. A consequência dessa alteração é a escassez e, para revertê-la, é necessário muito poder político. Milei terá que fazer coisas que não estavam em suas propostas de campanha.

Não há alternativa senão um plano de estabilidade crível e duradoura. Não há mais atalhos nem do lado da dívida, nem do lado da emissão de títulos, isso acabou. Não há tolerância para que quem governe continue navegando na situação econômica. A sociedade espera uma mudança.

Outro desafio é o Congresso e sua capacidade de governar, já que não tem maioria no parlamento. É preciso ver se Milei pretende desenvolver um plano de medidas a curto prazo ou mais próximas de um modelo anti-inflacionário clássico. Caso ocorra o primeiro caso, será um período de grande conflito político e social.

Mais um fôlego – Com o vencimento das dívidas privadas e do Fundo Monetário Internacional, a Argentina ganha um outro fôlego. Avançou em grande parte na dívida privada e na dívida com o Fundo Monetário Internacional, apesar dos juros. Mais uma vez, a surpreendente corrida eleitoral na Argentina deixa questões sobre a mesa que só o novo presidente, caso deixe de lado suas ideias extravagantes, será capaz de ganhar o apoio da sociedade argentina para superar.

A mosca azul picou Mozart – A entrega, ontem, da Medalha Nilo Coelho, a mais alta comenda do Tribunal de Contas do Estado, não contou com a presença da governadora Raquel Lyra (PSDB). Isso foi relevante, mas o que chamou atenção, na verdade, acabou sendo a presença do petista Mozart Sales na mesa de autoridades, mesmo o ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, a quem disse que representava, não ter sido convidado. A ânsia de Mozart aparecer tem relação com a sucessão municipal do Recife. Ele sonha acordado em ser o vice de João Campos.

Olho grande – Mozart Sales assessora o ministro Alexandre Padilha, em Brasília. De uns tempos para cá, entretanto, esqueceu de cumprir o seu papel no Ministério, extremamente técnico, para se grudar nas eleições no Recife. Acha que se o PT indicar o vice de João, o que não faz parte do projeto do prefeito, será ungido pelo partido. Só esqueceu de combinar com o senador Humberto Costa, a principal liderança petista no Estado.

Diniz confiante – O empresário Abilio Diniz escreveu, ontem, num post no LinkedIn, que a vitória de Javier Milei pode representar uma esperança para a Argentina. Ele fez uma ressalva, afirmando que as dificuldades de sucesso “serão enormes”, como se viu durante o governo liberal de Maurício Macri, que antecedeu o atual presidente, Alberto Fernández, um peronista.

Longe da posse – O presidente Lula decidiu não comparecer à posse do presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, marcada para 10 de dezembro, em Buenos Aires. O petista, entretanto, vai enviar um representante do governo brasileiro. Ele avalia dois possíveis nomes para a missão: o vice-presidente Geraldo Alckmin ou o chanceler Mauro Vieira. Alckmin, inclusive, já foi escalado pelo presidente para representá-lo na posse de outro presidente de direita: a do liberal Daniel Noboa, no Equador, na próxima quinta-feira.

CURTAS

OLINDA – Hoje, faço a noite de autógrafos da biografia de Marco Maciel em Olinda. Está marcada para às 18 horas no auditório da UNINASSAU, no Shopping Patteo, com a presença do prefeito Professor Lupércio (PSD), vereadores, empresários, formadores de opinião e profissionais liberais.

EM GOIÁS – Na longa jornada de difusão da biografia de Marco Maciel pelo País, estarei amanhã em Goiânia, a charmosa capital de Goiás. A noite de autógrafos, a partir das 18 horas, na Assembleia Legislativa, vai se transformar numa homenagem ao ex-vice-presidente da República, iniciativa do governador Ronaldo Caiado (UB).

Perguntar não ofendeA Argentina fez uma aposta no escuro?

Fonte: Blog do Magno Martins.    

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