quinta-feira, 9 de março de 2023

Violência contra a mulher

 

As mulheres comemoraram, ontem, o seu dia, a data internacional do então classificado sexo frágil. No Brasil das taxas mais altas de violência contra a mulher fica difícil levantar uma taça de brinde à data. Segundo as últimas pesquisas sobre igualdade de gênero realizadas no Brasil, a realidade de ‘ser mulher’ no Brasil ainda é marcada pela desigualdade e a violência.

É o que aponta a pesquisa “Visível e Invisível”, produzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). De acordo com o levantamento, mais de 18 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência em 2022 no País, 5,88% a mais do que no ano anterior. Os dados revelam que existe uma verdadeira ‘epidemia de violência’ contra as mulheres – por meio de ofensas verbais, perseguição, ameaças, chutes e socos, 14 mulheres foram agredidas por minuto.

A violência não para por aí: o país registrou, em 2022, um caso de feminicídio por dia, atesta a pesquisa “Elas Vivem: dados que não se calam”, da Rede de Observatórios da Segurança. Isso significa que, por dia, uma mulher perdeu a vida simplesmente pelo fato de ser mulher. “Seja por causa de sua condição de gênero, por conta de relacionamentos abusivos ou por não seguirem normas tradicionais de gênero, centenas de mulheres são assassinadas, ou seja, sofrem feminicídio.

Desde 2015, a lei considera isso um crime hediondo. Além disso, conforme aponta a FBSP, 46,7% das mulheres brasileiras de 16 anos ou mais sofreram alguma forma de assédio no último ano – isso equivale a 30 milhões de pessoas que não tiveram seus corpos respeitados nas ruas, no trabalho, no transporte público ou até mesmo dentro de casa.

Domésticas sofrem mais – Relatos de violência doméstica que atravessam gerações não são incomuns dentro dos lares brasileiros. Para a advogada especialista em Direitos Humanos, Mayra Cardozo, uma das principais medidas que o estado deve adotar em relação ao combate à violência doméstica é trazer educação sobre esse tema desde a base educacional, para que essa cultura de violência seja interrompida e tratada em sua raiz. “Quando falamos de violência doméstica, nada mais é do que uma consequência de uma sociedade patriarcal e opressora. As políticas públicas têm de sempre ser pautadas no viés educativo. Porque não adianta apenas criminalizar e punir, senão teremos cada vez mais feminicídios, sem resolver de fato o problema”, alerta Cardozo.

Bandeiras de Marília – No pacote que lançou, ontem, em busca de avanços nas políticas em favor das mulheres, o presidente Lula incluiu duas grandes bandeiras da sua atuação parlamentar: a distribuição gratuita de absorventes no Sistema Único de Saúde e a regulamentação da cota de 8% da mão de obra para mulheres vítimas de violência em contratações públicas na administração federal direta, autarquias e fundações.

Barco abandonado – Sem financiamento do governo há oito anos, o barco Sinuelo, que fazia o monitoramento dos tubarões na costa de Pernambuco, está abandonado em Brasília Teimosa, na Zona Sul, segundo o portal G1PE.  A embarcação, que ajudou a reduzir a incidência de ataques na região, hoje abriga cachorros e entulhos. Em 15 dias, três pessoas foram atacadas em praias do Grande Recife. No primeiro caso, o surfista André Luiz Gomes da Silva, de 32 anos, levou uma mordida em Olinda.

O flagrante – O momento em que o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva tenta negociar a liberação das joias de R$ 16,5 milhões na Alfândega do Aeroporto de Guarulhos (SP) foi registrado em câmeras de segurança, segundo antecipou, ontem, o site Metrópole, de Brasília. Jairo recebeu do então presidente Jair Bolsonaro (PL) a missão de reaver as joias, que entraram ilegalmente no país após serem oferecidas como presente pelo governo da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro.

Humberto presidente – Se na Câmara Federal nenhum representante de Pernambuco emplacou até o momento o comando de uma comissão temática, no Senado Humberto Costa (PT) foi eleito, ontem, presidente da Comissão de Assuntos Sociais. “Fiquei muito feliz com o novo desafio. Este é um momento extremamente importante para o Brasil. É o início da reconstrução do País depois de quatro anos de abandono. Na CAS, iremos tratar de temas relevantes para este novo momento, sempre buscando o diálogo com todos os setores”, afirmou.

CURTAS

TRANSPARÊNCIA SALARIAL – No Dia Internacional das Mulheres, o presidente Lula enviou, ontem, ao Congresso, projeto que obriga empresas com mais de 20 funcionários a publicar relatórios de “transparência salarial e remuneratória” de homens e mulheres. Pela proposta, o Ministério do Trabalho e Emprego ficará responsável por regulamentar como deverão ser feitos esses relatórios, que devem seguir a legislação atual de proteção de dados pessoais.

CONSTRANGIMENTO – Na sessão da Câmara, ontem, em homenagem às mulheres, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) usou a tribuna para fazer uma pregação contra o feminismo. Usando uma peruca loura, ele se apresentou como “deputada Nikole” para debochar do movimento de direitos das mulheres e defender que elas retomem feminilidade concebendo filhos e casando. A fala do deputado provocou constrangimento na sessão que, por conta da data especial, foi presidida pela deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Perguntar não ofende: Quando as mulheres no Brasil terão de fato direitos iguais?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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