terça-feira, 8 de agosto de 2023

Só enxerga o preto e o branco

Numa pesquisa do Instituto Veritá, divulgada ontem, a governadora Raquel Lyra (PSDB) foi apontada como a mais impopular do País. Sua taxa de rejeição supera a casa dos 60%, enquanto apenas 39% aprovam a sua gestão. Para mim, surpresa zero. Raquel não é uma tragédia administrativa de hoje, vem desde o Governo Eduardo Campos quando ocupou uma pasta na área social.

Naquela época, entre os colegas de gestão ninguém a tolerava. Não acredito em político que não faz política, ou seja, que não dialoga. Fui recebido, ontem, no Rio, pelo governador Cláudio Castro e ele me disse, sem pestanejar, que a maior obra do seu governo é o diálogo, ouvir as pessoas. “Diálogo é o avanço da política por meios passivos, instrumento recomendado e desejável de alcançar as metas”, disse ele.

Estou debruçado num livro bastante interessante, que recomendo à governadora: “Poder & Manipulação – Como entender o mundo em 20 lições extraídas de O Príncipe, de Maquiavel”, do jornalista brasileiro Jacob Petry, radicado nos Estados Unidos. Se ela ler, certamente não errará mais tanto, agirá com mais segurança, ousadia e astúcia perante a vida.

O Governo de Raquel é ruim porque é a cara da passagem dela pela Prefeitura de Caruaru. Ali, maquiou até onde pôde, só se elegeu porque contou com o apoio de Zé Queiroz, a quem negou pão e água. Aliás, a governadora trata todos os seus aliados de forma mesquinha, não valoriza ninguém. Basta ouvir quem esteve em seu redor em Caruaru e quem está agora tentando ajudá-la no Governo do Estado.

Centralizadora, de viés ditatorial, acha que o mundo gira em torno do seu nariz empinado. Não sabe ela que na política é inerente ver as coisas como de fato são e não como gostaria que fossem. Isso, posto em prática, traz enorme sabedoria e poder de discernimento. Aqueles que enxergam o mundo por duas extremidades, o preto e o branco, perdem toda a beleza e magia que existe no azul, no amarelo, no vermelho, no verde e seus infinitos matizes.

Ainda há tempo para mudar, governadora! Enquanto é cedo.

Falta do braço social – Do líder do PSB na Alepe, Sileno Guedes, sobre a pesquisa em que Raquel aparece no rabo da gata em aprovação: “Este tem sido o governo que fecha unidades de saúde, que não apresenta um plano de segurança consistente, mesmo no oitavo mês de gestão, e que desmonta políticas públicas de proteção às mulheres. As preocupações que temos externado aqui já há algum tempo agora começam a ser sentidas na vida das pessoas, que percebem a falta do braço social do Estado, a falta de segurança e a saúde piorando”.

O mais popular – Na pesquisa Veritá, o governador do Estado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), aparece no outro lado oposto da governadora de Pernambuco. É apontado como a gestão mais bem avaliada do País. Wanderlei Barbosa aparece com 87% de aprovação. Tocantins é seguido por Rondônia com 81,5%, Mato Grosso com 81,1% e Goiás, com 81%. A tucanada nem pode reclamar da pesquisa. Foi o instituto Veritá que mostrou o crescimento e as chances de Raquel chegar ao segundo turno.

Pisada de bola – Com seu viés preconceituoso, o governador de Minas, Romeu Zema, conseguiu unir políticos de diferentes vertentes, uma união federativa contra o que ele disse. Governadores do Nordeste foram às redes sociais. Rafael Fonteles, do Piauí (PT), disse que Zema “era o maior inimigo da federação”. Carlos Brandão, do Maranhão (PSB), falou que “ódio e divisão não tornarão o país melhor”. Com tamanha repercussão negativa, Zema se explicou, disse que “o Cossud, a união do Sul e Sudeste, jamais será para diminuir outras regiões”. Não colou. Ele se isolou.

Razão da ira – Trecho da entrevista de Zema ao Estadão que provocou a ira dos governadores do Nordeste: “O Brasil funciona como um produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”.

Fim dos patrocínios – A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, vai levar ao plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma resolução que endurece a fiscalização de eventos privados patrocinados com a presença de juízes. Estão previstos conflitos de interesses para julgar casos de patrocinadores privados e proibição de “presentes” e auxílios acima de R$ 100. Há ainda o estabelecimento de normas rígidas de transparência das agendas dos magistrados. Caso aprovada, a regra valeria para toda a magistratura, exceto ministros do STF, que não são submetidos ao crivo do CNJ.

CURTAS

DESENROLA 1 – A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou ontem que o programa Desenrola Brasil renegociou R$ 5,4 bilhões em dívidas de consumidores com as instituições financeiras. A quantia corresponde à faixa 2 – quem tem renda mensal de até R$ 20.000 – e supera em 116% o valor de R$ 2,5 bilhões registrado na parcial anterior, em 30 de julho.

DESENROLA 2 – Segundo a Febraban, quase 4,8 milhões de clientes limparam o nome em três semanas do programa. Já a quantidade de dívidas renegociadas foi de 905 mil até o momento. A adesão ao Desenrola seguirá até 31 de dezembro.

Perguntar não ofende: Dá para fazer gestão sem fazer política?

Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário