sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Traição ao PT queimou Marília

 

A deputada Marília Arraes (PT) não será candidata ao Senado apenas pela má vontade do PSB, que terá primazia na Frente Popular com a indicação do deputado Danilo Cabral a governador. Ela fechou as portas do seu partido a partir do episódio da eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, em janeiro do ano passado, quando se elegeu para a Segunda-Secretaria, na condição de candidata avulsa, impondo derrota ao candidato oficial do PT, o deputado sergipano João Daniel.

Na ocasião, Marília fez uma aliança silenciosa com o presidente eleito da Câmara, Arthur Lira, do PP de Alagoas, principal liderança do Centrão. "A atitude de Marília não foi correta com o partido e a discussão das suas consequências será feita nas instâncias partidárias", disse, na época, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. O PT, com o respaldo de Gleisi, chegou a ameaçar Marília com um processo disciplinar, que acabou não prosperando.

O fato é que, mesmo sem punição, Marília perdeu a confiança do partido e dos seus principais dirigentes, a começar por Lula. "Para trair, basta coçar", disse, ontem, um alto dirigente da legenda, reforçando a informação que este blog recebeu de que esse fato – a derrota que ela impôs ao PT – deixou a parlamentar em maus lençóis dentro do partido e junto aos caciques.  "Ninguém mais confia nela", acrescentou a mesma liderança.

Sem tradição de militância no PT, vindo do PSB como cria do ex-governador Eduardo Campos, com quem brigou depois dele ter papel preponderante quando emplacou seu primeiro mandato de vereadora do Recife, Marília esqueceu um princípio básico quando agiu de olho grande no cargo da Mesa Diretora: o PT é um partido grande e orgânico, tem regras e preza muito pelas decisões coletivas e internas.

"Marília é de fato o nome mais competitivo do PT para o Senado. Da parte do PSB não existe nada contra ela, que até reforçaria a chapa. O seu problema está no PT. Ela tem que resolver sua vida lá, aqui não há vetos", disse uma liderança do PSB, que até chegou a torcer para vê-la na chapa como candidata ao Senado.

Ameaça de expulsão – Recordar é viver: tão logo Marília derrotou o petista João Daniel, candidato oficial para Segunda-Secretaria indicado pela liderança na Câmara, ocorreu outro episódio que deixou a parlamentar em maus lençóis: uma corrente do PT chegou a propor sua expulsão do partido por ela ter passado por cima da orientação do voto contrário ao projeto que autorizava a compra e aplicação de vacinas contra a Covid por empresas privadas. Ela se absteve.

Sem dano algum – Em Pernambuco, o PSB não sofre nenhuma consequência danosa por não integrar a federação partidária com o PT, PCdoB e PV, conforme este blog antecipou ontem, com exclusividade. Tudo porque tem uma chapa própria competitiva na disputa proporcional, tanto para a Câmara dos Deputados quanto para a Assembleia Legislativa. A federação não tem relação com a majoritária, deixando o PSB livre para apoiar a candidatura de Lula ao Planalto.

O medo de Queiroz – O convite para o deputado estadual José Queiroz ser o candidato a senador na chapa de Miguel Coelho pelo PDT existiu de fato, mas o blog apurou que dificilmente o pedetista aceitará. Pai do líder das oposições na Câmara, deputado Wolney Queiroz, Zé Queiroz não tem mais projeto majoritário, especialmente depois da pandemia, onde se recolheu em Caruaru temendo ser contagiado. 

Freire restringe alianças – O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, diz que não existe a menor possibilidade do partido formar uma federação com mais uma legenda, além do PSDB. Atualmente, os tucanos conversam para formar uma federação com MDB e União Brasil. Contudo, Freire vê o cenário como pouco provável. Mesmo sem a aglutinação das legendas, ele defendeu, ontem, na Rádio Folha, que a oposição anti-bolsonarista de centro venha a ter um único candidato ao Planalto.

Guerra politizada – A crise entre a Rússia e a Ucrânia acabou movimentando também a troca de farpas eleitorais nas redes sociais. O ex-juiz Sergio Moro, candidato do Podemos à Presidência da República, criticou os petistas por causa de uma nota divulgada pelo partido. O ex-juiz apontou o caráter “ideológico” do posicionamento, que chegou a ser divulgado no perfil da Liderança do PT no Senado, mas foi apagado em seguida. O tempo que ficou no ar, cerca de uma hora, foi suficiente para que o ex-juiz reproduzisse a mensagem, com críticas. “Mais uma vez, é a ideologia prevalecendo sobre a realidade”, postou Moro junto do vídeo de uma entrevista à Turma do Ratinho, da Rádio Massa FM.

CURTAS

HUMILHAÇÃO 1 – Uma técnica de enfermagem de Amaraji, na Zona da Mata Sul, denunciou que foi xingada e humilhada em um áudio que teria sido gravado pelo secretário municipal de Saúde. O caso aconteceu após a perda de vacinas no posto em que ela trabalhava. A Prefeitura informou, por nota, que "não concorda com qualquer tipo de lesão a direito individual" e que o fato "merece apuração".

HUMILHAÇÃO 2 – A mensagem de voz gerou polêmica em Amaraji e as pessoas atribuem o áudio ao secretário. Na última terça-feira, uma equipe da TV Globo esteve na cidade. O secretário de Saúde do município, José Roberto Nascimento, não foi encontrado. A técnica de enfermagem Mayara Andrade, de 25 anos, informou que constituiu um advogado para tratar do caso.

Perguntar não ofende: Se sair do PT, qual seria a opção partidária de Marília Arraes?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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