O discurso, ontem, do pré-candidato do PSB ao Governo do Estado, Danilo Cabral, o "Danulo", segundo apelidou Guilherme Uchoa, no ato que marcou sua entrada na disputa estadual, é uma peça hilária, de fortes contradições que marcam a história na relação do seu partido com o PT, o Partido dos Trabalhadores.
Destoou de tudo o que o PSB tentou incutir na população do Recife sobre o PT em 2020 quando queria, a todo custo, eleger o infante João Campos prefeito. Danilo disse que Lula era um santo, o pai dos pobres. Fez de conta que esqueceu a operação Lava Jato, na qual a Petrobras foi saqueada por obra do ex-presidiário.
Esqueceu dos panfletos anônimos que o seu partido, o PSB, espalhou pelas ruas do Recife no segundo turno da eleição no momento em que Marília Arraes liderava as pesquisas. Em 19 de novembro de 22, Marília deu entrada na justiça a uma representação contra o PSB, acusando a campanha de João de disseminar ódio com os ditos panfletos contendo forte discurso anti petista e contra Lula, o "Deus" de Danilo.
Ainda na campanha, na tentativa de Marília virar pó como candidata do PT, em várias peças na propaganda eleitoral no rádio e na TV, o PSB alertava Recife para o risco da volta do PT ao poder na capital. Insinuava que o PT nacional já estava de malas prontas para o Recife, para governar com Marília, na verdade mandar no Recife.
“Você lembra quem faz parte do PT nacional? José Dirceu, Gleisi Hoffmann, Mercadante. Pense antes de votar. Eles querem voltar”, dizia a propaganda, que mostrava um avião decolando em direção ao Recife. A campanha de João, diferente do que pregou, ontem, Danilo, foi extremamente agressiva ao PT. Teve panfleto e campanha na TV pregando "PT nunca mais".
Em outro panfleto, disseminado fortemente, o ex-presidente Lula, que Danilo paparicou do início ao fim da sua fala, aparecia em uma imagem grotesca e preconceituosa fazendo referência à falta de um dos dedos na mão do petista e a palavra basta. Quem acompanha a política no Estado lembra, igualmente, de algo muito mais grave envolvendo a relação promíscua entre PT e PSB: em 2014, logo após a morte de Eduardo Campos, vários muros do Recife foram pichados com a frase "O PT matou Eduardo''.
Pelo discurso patético de Danilo, certamente o PT que bajulou ontem não é o mesmo PT que João Campos apresentou ao Recife como Satanás para chegar ao poder.
Unidos para sempre – O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou, em sua fala no ato, que ficou muito feliz quando Paulo Câmara anunciou que Danilo Cabral, até então líder do PSB na Câmara, seria o candidato. Ele disse que a parceria com o PT retoma uma tradição de décadas da Frente Popular de Pernambuco, usualmente liderada pelo PSB. “Essa escolha representa não só a sua história pessoal, isso representa a história de uma frente política que remonta à década de 60, que já contribuiu com Miguel Arraes, Eduardo Campos, Pelópidas Silveira e tantos outros”, declarou.
Até o governador – Paulo Câmara foi na mesma linha de jogar confetes no PT e em Lula. "Tudo que aconteceu no País nos últimos anos afetou a vida dos pernambucanos. Então, essa discussão tem que existir, e não vamos nos omitir. Seguiremos debatendo, sabendo que Pernambuco pode andar melhor e fazer mais se tivermos um governo federal comprometido. Vamos fazer isso aqui, com Danilo, e apoiar também a candidatura do presidente Lula nessa aliança com o PT", disse.
Ausência notável – Excomungado pelo PSB, inclusive com o aval do então deputado Danilo Cabral e o não agora pré-candidato, só porque quer disputar um mandato de deputado federal e não estadual, o primeiro-secretário da Alepe, Clodoaldo Magalhães, não deu o ar da sua graça, ontem, no ato que formalizou a candidatura do parlamentar socialista ao Governo do Estado. Resta saber se Danilo fará um ‘mea culpa’, indo ao encontro de Magalhães ou vai ignorar o potencial eleitoral do magoado aliado.
Reviravolta – O que corre nos bastidores de Brasília é que integrantes da bancada do PSB na Câmara dos Deputados, que contam com a federação com o PT para se eleger, podem deixar o partido e migrar para outro maior e com chapa proporcional mais forte. Alckmin, por sua vez, assinaria sua filiação ao PV – e o PSB, ainda que coligado, não teria mais o vice na chapa de Lula. Sem falar no mal-estar que haverá, inclusive em Pernambuco, onde o governador Paulo Câmara é um dos principais defensores da federação.
Candidatíssima – Candidato a deputado estadual pelo PSDB, o ex-prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, rebate rumores e insinuações dando conta de que a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, não será candidata ao Palácio das Princesas. "Raquel é a candidata mais competitiva da oposição. Com ela, eu sinto o cheiro do voto no ar, vejo a forte empatia que tem com o povo. É uma candidata limpa, boa gestora, o melhor nome para mudar Pernambuco. Os que dizem que ela não será são os que temem o seu poderio e sabem que ele chegará lá", afirmou.
CURTAS
ARSENAL – O Governo corre para usar o arsenal disponível àqueles que têm a caneta na mão e tentar reduzir a diferença de Jair Bolsonaro para o principal adversário, o ex-presidente Lula, em setores onde o PT é majoritário. Um exemplo é a ampliação do subsídio ao programa habitacional Casa Verde Amarela – o antigo Minha Casa Minha Vida criado nos governos petistas – para famílias com renda de até dois salários mínimos nas regiões Nordeste e Norte.
FAZ A DIFERENÇA – Na sexta-feira passada, Guilherme Boulos, do PSol, usou o Twitter para alertar os aliados de Lula sobre o potencial de crescimento de Bolsonaro nas periferias. Chamou atenção para o alcance de medidas voltadas aos mais pobres e disse que não se pode menosprezar o peso do Auxílio Emergencial, que, apesar de limitado, pode ser “ a diferença entre comer ou não”, assinalou.
Perguntar não ofende: A federação partidária PT-PSB-PCdoB já virou letra morta?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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