Por Houldine Nascimento – repórter do Blog
Além de grupos opositores da centro-direita e da direita bolsonarista, o PSB também vai enfrentar resistência no campo político mais à esquerda. Partidos como PSOL, Rede Sustentabilidade e PCB têm mantido o diálogo e apontado erros dos 16 anos de gestões socialistas no Estado. Este grupo está fazendo críticas por meio das redes sociais e da imprensa, marcando posição contra o que consideram retrocessos nos últimos anos.
Uma pauta que vai da desigualdade social, passando por questões ambientais e aspectos urbanísticos, mas que também pontua falhas na saúde e educação, além de mobilidade. Como estratégia, estes partidos esperam superar o desconhecimento no eleitorado contando com o apoio de setores mais progressistas da classe média e nas universidades, que também têm ressalvas às administrações do PSB.
Utilizam como inspiração o que ocorreu com Guilherme Boulos (PSOL) ao concorrer à Prefeitura de São Paulo, em 2020, quando passou para o segundo turno, superando até mesmo a hegemonia do PT na esquerda. Hoje, o nome mais representativo entre os pré-candidatos deste campo ao Governo de Pernambuco é o advogado João Arnaldo Novaes (PSOL), que foi vice na chapa encabeçada por Marília Arraes (PT) na disputa pela Prefeitura do Recife, em 2020.
Ele é categórico ao dizer que o PSB “traiu a agenda progressista” no Estado, além de elencar contradições na reaproximação dos socialistas com o ex-presidente Lula (PT): “Houve uma inclinação política bastante liberal-conservadora no início da segunda gestão desse ciclo de 16 anos do PSB em Pernambuco. O modelo se parece muito com o do PSDB de Minas Gerais e São Paulo pela dinâmica privatista e ao mesmo tempo politicamente controlada. Quase metade dos professores da rede pública do Recife e do Estado é de contratados temporariamente e de forma precária. Isso cria uma vinculação política e as pessoas têm receio de serem demitidas.”
“Mesmo as notas no Ideb, que tiveram aumento nos últimos anos, são produzidas de forma artificial e isso é uma coisa que vamos poder mostrar no debate. O número de pessoas analfabetas em Pernambuco é o mesmo de dez anos atrás. Pernambuco parou no tempo e o pior: a desigualdade aumentou. O plano diretor do Recife é um ‘copia e cola’ do União Brasil de Salvador. Até alguns erros de digitação estão repetidos”, completa João Arnaldo, que tem dito que as pré-candidaturas de Miguel Coelho (União Brasil) e Raquel Lyra (PSDB) são “continuidade do PSB”.
Federação – Arnaldo avalia de forma positiva uma federação entre PSOL e Rede. “Isso cria uma parceria de agendas com o enfrentamento às desigualdades sociais e a defesa da sustentabilidade ambiental. Além disso, a atuação parlamentar da Rede e do PSOL no Congresso é complementar e fundamental em prol da democracia e de agendas progressistas. Em Pernambuco, é mais importante porque nós temos polos tradicionais e há uma perspectiva de consolidarmos uma frente de esquerda em alternativa a essa velha política no Estado”, afirma.
Alternativa – Outro pré-candidato ao Governo da esquerda com é o professor e militante comunista Jones Manoel (PCB). Com grande alcance na internet, ele também tem criticado o PSB. “Recife é a capital mais desigual do Brasil e a Região Metropolitana tem o tráfego mais lento do país. Em 2014, o governador Paulo Câmara prometeu bilhete único de R$ 2,15, com integração temporal, mas aumentou o valor praticamente todos os anos. Recentemente, tivemos um reajuste de quase 10% em um transporte coletivo que é uma tragédia. Os ônibus são ‘roteadores’ de Covid e não há uma política de valorização dos funcionários públicos. O PSB é a falsa esquerda de Pernambuco”, disse ao Blog.
Aposta – A Rede Sustentabilidade também está entusiasmada com a possibilidade de federação envolvendo o PSOL. Em um encontro promovido ontem, no Recife, os porta-vozes da sigla no Estado, Luiz Marcelo Camargo e Alice Gabino, defenderam as negociações no plano nacional. Em Pernambuco, o partido tem como prioridade a reeleição do deputado federal Túlio Gadêlha, que vai migrar para a sigla em abril e tende a assumir o comando da legenda. Já na Alepe, a Rede quer Lucinha Mota como principal nome.
Resistência à vacina – Um levantamento divulgado pela Confederação Nacional de Municípios mostra que mais de 59% das cidades relatam enfrentar resistência da população à vacinação de crianças dos 5 aos 11 anos. A pesquisa ouviu 2.193 prefeitos – o que representa 39,4% dos municípios – entre os dias 14 e 17 de fevereiro.
Sobrevoo – O presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou ontem um sobrevoo em Petrópolis, no Rio de Janeiro, para ver a situação das áreas mais afetadas pelas fortes chuvas nos últimos dias. Ele esteve acompanhado dos ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; da Cidadania, João Roma; e da Defesa, Walter Braga Netto, entre outras autoridades. Bolsonaro falou que viu “intensa destruição”. Para a cidade, o Governo Federal fez um repasse inicial de R$ 2,33 milhões.
CURTAS
ATÉ O FIM – Pré-candidato do Podemos à Presidência, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro afirmou ontem que vai levar candidatura “até o fim”. A declaração foi dada em evento com empresários do Lide em São Paulo.
AUTOCRÍTICA – O mea culpa do presidente do PSB, Carlos Siqueira, sobre o partido votar pelo impeachment de Dilma acalmou a situação em Pernambuco, esfriando a chance de uma nova pré-candidatura petista ao Governo.
Perguntar não ofende: Quantas candidaturas terão a oposição em Pernambuco?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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