domingo, 20 de fevereiro de 2022

Federação partidária: Uma cartada capaz de virar o jogo

 

A federação partidária é um ingrediente novo nas eleições de 2022. E unidades construídas nacionalmente afetarão diretamente os contextos locais. Em Pernambuco, candidatos que parecem certos podem se ver obrigados a abrir mão de palanques, enquanto uniões que parecem prováveis podem acabar em cisões. Este último cenário pode se aplicar para PT e PSB. Em meio à insatisfação com o PSB no cenário de discussão da federação e dos apoios em palanques estaduais, cresce uma corrente no PT que defende que o partido volte a cogitar uma candidatura própria ao Governo de Pernambuco, estado no qual, em tese, os socialistas teriam prioridade. Internamente, inclusive, um interlocutor da direção nacional teria sondado a deputada federal Marília Arraes, sobre a possibilidade dela encarar a missão, caso o senador Humberto Costa (PT) não aceite. Essa tese, porém, encontra resistência dentro do próprio PT. Correntes ligadas ao senador Humberto Costa garantem, no entanto, que, caso Lula opte por palanque próprio em Pernambuco, a possibilidade viável é ter Humberto como candidato. Além disso, a prioridade da sigla é uma aliança com o PSB. Um rompimento só seria cogitado caso os socialistas estiquem ainda mais a corda, tornando uma alinça insustentável.

Miguel e Raquel

Com suas pré-campanhas a todo vapor, Raquel Lyra (PSDB) ou Miguel Coelho (União Brasil) podem ser obrigados a abrir mão da disputa pelo Palácio das Princesas, caso suas legendas coloquem em prática uma federação.

O União Brasil tem conversas em andamento com o MDB, que em Pernambuco é aliado da Frente Popular do governador Paulo Câmara (PSB) e do seu candidato a sucessor, Danilo Cabral. Caso a aliança entre os dois partidos seja formalizada, inclusive, o deputado federal Raul Henry (MDB) poderia ser escolhido para a vice de Danilo, como forma de manter os emedebistas na Frente Popular. Caso a federação seja formalizada, as regras impedem que haja mais de um candidato ao governo dentro do grupo, ou seja, Raquel ou Miguel não poderiam disputar a eleição juntos, a menos que trocassem de partido.

"As candidaturas de Miguel e Raquel no contexto local parecem algo líquido e certo. Mas está muito claro que o cenário nacional pode ser decisivo", afirma a cientista política Priscila Lapa. "O grande aspecto das federações é esse, como fazer as costuras nacionais sem ferir o universo local. Com certeza esse arranjo também por ser uma novidade, será o grande teste no processo deste ano", avalia Priscila.

PSDB e Cidadania

A situação de Raquel pode ser amenizada caso o PSDB conclua sua federação com o Cidadania. O Cidadania fará uma deliberação final neste sábado para definir a aliança entre as siglas. Caso o projeto seja concretizado, Raquel sai fortalecida. Ela já tem o apoio do presidente estadual do Cidadania, Daniel Coelho. “Há uma distância grande no que aponta Raquel e esses outros candidatos, que, apesar de estarem no campo da oposição, têm visão de mundo diferente das nossas”, confirmou Daniel Coelho, em entrevista para a Rádio Folha 96,7 FM, ontem.

Rede e PSOL

Outro debate sobre federação envolve a Rede Sustentabilidade e o PSOL. No contexto local e nacional, as siglas identificam uma certa sintonia nos seus conteúdos programáticos. No contexto local, dirigentes da Rede se reuniram nesta semana com o presidente estadual do PSOL, Tiago Paraíba, e o pré-candidato a governador do PSOL, João Arnaldo. Caso a federação avance é possível um entendimento entre as siglas no contexto local. "João Arnaldo é uma pessoa que enxergamos como fato novo, ambientalista, já foi integrante da Rede. Ele tem sintonia com nossa pauta", afirmou Alice Gabino, porta-voz e vice-presidente da Rede em Pernambuco.

Federação partidária

Fonte :Por Blog da Folha de PE.

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