quarta-feira, 2 de junho de 2021

Volta quase irreversível

 


Relator no Tribunal Superior Eleitoral do processo de afastamento do prefeito de Arcoverde, Wellington Maciel (MDB), o ministro Alexandre de Moraes julgou, ontem, procedente a volta do gestor ao poder, do qual foi obrigado a deixar em fevereiro deste ano em ação na qual é acusado por abuso de poder econômico. O grupo do prefeito comemorou como uma volta definitiva ao cargo.

Mas a oposição anunciou, ontem, que recorrerá ao pleno do TSE, já que a decisão é liminar, não tendo capacidade, segundo interpretação dos seus advogados, de colocar um ponto final nesta novela mexicana. Enquanto Wellington esteve afastado, o Governo municipal foi tocado pelo prefeito-interino, Weverton Siqueirinha, até então do grupo situacionista, mas hoje considerado traidor.

Traidor porque demitiu todo o secretariado de Wellington, inclusive o vice-prefeito Israel Rubis, nomeado para a Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente. Siqueirinha, inclusive, dava como certa a cassação definitiva do prefeito, tanto que já estava articulando a sua candidatura a prefeito na eleição suplementar que julgava como certa. Quebrou a cara.

A volta de Wellington, segundo a advogada Diana Câmara, foi sustentada numa defesa amplamente robusta do ponto de vista de sustentação jurídica e técnica. “Basta ler o parecer do Ministério Eleitoral de Brasília, da Procuradoria Geral Eleitoral, e agora o voto do ministro Alexandre de Moraes. Estamos confiantes de que, mesmo havendo recurso, nossa defesa será vitoriosa no pleno”, disse Diana.

Politicamente, saem vitoriosos, também, a ex-prefeita Madalena Brito, que emplacou Wellington como sucessor, e o deputado federal Fernando Monteiro (PP), que acompanhou de perto em Brasília a tramitação do processo fazendo, quando possível, sustentação forte e convincente em defesa do prefeito, que deve tomar posse ainda hoje numa Arcoverde em festa, apesar das comemorações discretas por causa das restrições impostas pela pandemia do coronavírus. 

Reação – “Ganhamos nos pênaltis, mas ganhamos”, comemorou o prefeito de Arcoverde, Wellington Maciel (MDB), ao comentar a liminar dada pelo ministro Alexandre de Moraes devolvendo o poder a ele até que se julgue o processo final pelo pleno do TSE em recurso já anunciado pela oposição, liderada no município pelo ex-prefeito Zeca Cavalcanti (PTB). Dada em primeira mão por este blog, com repercussão no Frente a Frente, a decisão levou os aliados de Wellington a fazer uma verdadeira invasão à sua casa na noite de ontem em comemoração.

Judas arcoverdense – O maior derrotado com a volta de Wellington ao poder em Arcoverde não é o ex-prefeito Zeca Cavalcanti, seu adversário derrotado no pleito de 2020, mas o prefeito interino Siqueirinha. Sai do episódio como o maior traíra da história de Arcoverde. No poder, com a chibata nas mãos, deu chute no traseiro de todos os aliados do prefeito e da ex-prefeita Madalena Brito. Ao invés de Siqueirinha, está sendo chamado na cidade de “Judas”.

Gravidade – De acordo com o que este blog apurou, o episódio brutal da PM no Estado, sábado passado, é algo da maior gravidade. Na verdade, é preciso apurar o que corre nos quartéis, de que a tropa saiu do quartel com ordem expressa para atirar. Nem na ditadura isso jamais ocorreu. A exceção está longe, vem do Rio, onde o governador Wilson Witzel, segundo reportagem, era acusado de mandar atirar para matar, mirando na cabeça. Nenhuma polícia, vale a ressalva também, vai às ruas dispersar manifestação pacífica sem ordem ou autorização do governador.

Foi insubordinação? – Ainda sobre o episódio, se não houve ordem do governador, então dá para inferir que houve insubordinação. Em se tratando disso, não tem qualquer relação com o bolsonarismo, pois teria ocorrido também em outros Estados. O que apurei é que a tropa chegou às ruas autorizada a dispersar a manifestação, sob a orientação de auxiliares próximos para se cumprir o decreto da pandemia, no qual está proibido qualquer tipo de ato que acabe em aglomeração.

Covidão é imbatível – Um documento oficial da Controladoria Geral da União (CGU), enviado à CPI da pandemia no Senado Federal, comprovou o que este blog já havia antecipado há muito tempo: o ex-prefeito Geraldo Júlio (PSB), o Geraldo Covidão, foi o recordista nacional de operações da Polícia Federal contra supostos desvios de recursos da covid-19. Assume o pódio absoluto com sete operações na sua gestão, encerrada em 2020. O segundo colocado foi o Governo do Estado do Rio de Janeiro, cujo governador já foi até alvo de impeachment. O Rio ficou em segundo lugar, com apenas cinco operações.

CURTAS

SEM URGÊNCIA – Na ação de Paulo Câmara (PSB), para impedir a convocação de governadores na CPI da pandemia no Senado, a ministra Rosa Weber resolveu não deferir enquanto a liminar de urgência não for requerida. Antes de dar a canetada, a ministra do STF vai ouvir o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, o advogado-geral da União e o procurador-geral da República. O despacho da ministra foi divulgado ontem.

COLAPSO – A ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Pernambuco é preocupante não apenas na rede pública, mas também na rede privada de saúde. O Estado registrou, ontem, 98% e 94%, respectivamente, de leitos ocupados por pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Com essa alta, médicos temem o colapso do sistema de saúde

Perguntar não ofende: Quem mandou a tropa reagir com tiros?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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