quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A dor de uma tragédia

 

Quatro meses depois de deixar a vice-presidência dos EUA, em 2017, Joe Biden, que tomou posse, ontem, na presidência dos Estados Unidos, se reuniu com ativistas democratas em Washington. Ao fim do encontro, a mais jovem do grupo ficou de fora da fila para tirar fotos com o recém-saído da Casa Branca. “Não gosto muito disso”, disse a fundadora da ONG Run for Something, Amanda Litman. Um colega acenou chamando Biden mesmo assim.

Sem graça e sem alternativa, ela se aproximou para um clique. “Minha avó ficaria furiosa se eu não tirasse uma foto com você”, disse Amanda, um sinal de que ela mesma não nutria grande afeição pelo político. “Avó? Vamos ligar para ela!”, respondeu Biden, na noite em que a capital americana estava em polvorosa com a notícia de que o novo presidente, Donald Trump, havia demitido o chefe do FBI.

Em pé, Biden ouviu pelo telefone a avó da ativista contar com pesar que uma das filhas estava com um câncer em estágio avançado. Ele parou de sorrir. “Pais nunca deveriam enterrar um filho. É um pesadelo”, disse, antes de descrever seu próprio drama pessoal e relembrar suas noites ao lado da cama de hospital de Beau, seu filho mais velho, que morreu aos 46 anos em decorrência de um tumor no cérebro.

Os dois conversaram por 20 minutos. Ainda ao telefone, o democrata pegou o caderninho que sempre carrega e escreveu seu número de celular. Entregou a folha de papel a Amanda e pediu que avó e neta entrassem em contato, se ele pudesse ajudar. No mesmo ano, ao saber da morte da tia de Amanda, Biden escreveu duas cartas. Uma à avó e outra ao viúvo, com quem nunca tinha trocado uma palavra.

Com uma vida marcada por tragédias pessoais e superações, os episódios de empatia de Biden, que agora volta à Casa Branca como presidente dos Estados Unidos, se acumulam na imprensa e nas redes sociais, com cartas, fotos e vídeos de americanos que contaram com o apoio do ex-vice-presidente. A sensibilidade e proximidade com o eleitorado viraram um forte ativo em uma campanha feita no curso de uma pandemia que matou 230 mil americanos.

Malassombro no MP – O promotor Francisco Dirceu, ex-chefe do Ministério Público de Pernambuco, fez das tripas coração para emplacar Paulo Augusto Freitas como sucessor, mas deixou um abacaxi que cobram dele para descascar: arquivou uma investigação envolvendo pagamento de horas extras a um servidor privilegiado como se fossem gratificações. E não é pouco dinheiro, falam numa montanha de reais. Resta saber se o novo procurador-geral de Justiça vai ceder às pressões para reabrir esse caso cabeludo e mal-assombrado.

DEM com Lira – Menos da metade da bancada do DEM declara apoio a algum dos candidatos a presidente da Câmara dos Deputados. Dos 29 parlamentares da sigla, 14 declaram abertamente que votam em Arthur Lira (PP-AL) ou Baleia Rossi (MDB-SP). Baleia tem oito apoios declarados na sigla. Lira, 6. Trata-se do partido do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ), o principal articulador da candidatura de Baleia, o que coloca em xeque o seu poder de decisão sobre a sua própria bancada. Nos bastidores, reservadamente, deputados aliados a Arthur Lira dizem que a maioria dos deputados demistas prefere o candidato do PP e não fala publicamente para evitar atritos no partido.

FAVORITO – A impressão mais comum na Câmara é que, se a eleição fosse hoje, Arthur Lira seria o vencedor. Ele tem o apoio do Governo Federal e é líder do Centrão. Também demonstrou força ao conseguir apoio de 36 dos 53 deputados do PSL. A cúpula do partido está com Baleia Rossi. O candidato do MDB tem o apoio, além do grupo de Rodrigo Maia, das cúpulas dos principais partidos de esquerda. A eleição será em 1º de fevereiro. Para ser eleito é necessário ter ao menos 257 votos, se todos os 513 deputados votarem. O vencedor terá mandato de dois anos.

Honório visita o TCE – O prefeito de Goiana, Eduardo Honório, começou sua agenda de visitas às instituições do Estado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE). Acompanhado do procurador do município, Gilmar Sena, e do assessor André Lubambo, ontem, ele conversou com o conselheiro Marcos Loreto. Eduardo Honório disse que o objetivo é estreitar o relacionamento com os principais órgãos do Estado, visando sempre uma convivência saudável e pacífica com os diversos poderes.

CURTAS

INSUMOS – O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, descartou, ontem, que as divergências políticas com a China sejam o motivo do atraso na entrega de insumos para produção de vacinas contra a covid-19 no Brasil. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ainda aguardam a chegada de matéria-prima do país asiático para iniciar a produção dos imunizantes no País.

IMPEACHMENT – O Cidadania, que reúne sete deputados e três senadores, decidiu engrossar o coro pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A Executiva Nacional da sigla aprovou a defesa do processo no Congresso. Foram 13 votos favoráveis e 4 contrários. “Ninguém se pronunciou contra o impeachment, os quatro votos foram questão de oportunidade, avaliação de que talvez não seja esse o exato momento”, disse o presidente nacional da legenda, Roberto Freire.

Perguntar não ofende: O que muda nos Estados Unidos a partir de agora com o fim da era Trump?

Fonte: Blog do Magno Martins.


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