terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Prazo exíguo para federação acende alerta e gera risco de inviabilidade

 

Vice-presidente nacional do PSB, o governador Paulo Câmara tem acendido o sinal de alerta para a possibilidade de não haver tempo hábil para que os partidos de esquerda consolidem a federação, visando à eleição de 2022.

"A federação já tem prazo menor de resolução. A gente tem que resolver até março", alertara. E, na sequência, advertira: "Pode ser que não dê tempo". Fez a ponderação, durante a entrevista de balanço do ano concedida à Folha de Pernambuco.

O raciocínio se deu como contraponto ao prazo mais fluido para definição das costuras regionais, que darão sustentação a uma aliança nacional. Sobre esse quesito, o governador pontuara o seguinte: "Vamos ter capacidade de resolver questões locais. Não é a questão fundamental, mas é necessária também nesse processo. E vai haver (entendimento). Talvez seja em janeiro, em fevereiro, mas vai haver momento de chegar à conclusão".

A advertência de Paulo Câmara em relação à federação ganha ressonância nos bastidores do PSB, onde deputados têm alertado para o prazo exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que esteja tudo formalizado: março do próximo ano. Há 90 dias, no máximo, para discutir, construir convergência e operar estatutariamente.

E o detalhe a gerar apreensão nos partidos reside exatamente nesse tempo exíguo. Motivo: não se tem ainda a clareza necessária sobre qual será o instrumento de deliberação, caso haja divergência entre os partidos que formam a federação. Há preocupação latente nas direções das legendas com o risco de, eventualmente, acabarem subordinadas ao PT, que é a maior sigla nessa construção.

A regulamentação do TSE não desceu ao detalhe de estabelecer como serão as instâncias deliberativas dentro de cada federação e não é papel dele estabelecer. Mas é, exatamente, o fato de isso ter ficado nas mãos dos partidos que tem deixado muitos deles com a pulga atrás da orelha. E o tempo, nesse caso, joga contra.

Um olho em 2022, outro no pleito municipal

Pensadas, por um lado, como solução para amenizar os efeitos da proibição de coligações na disputa proporcional, as federações a serem formadas não poderão ser desfeitas antes de um período mínimo de quatro anos, tempo pelo qual os partidos envolvidos devem atuar juntos, inclusive no parlamento. Resultado: as divergências que podem surgir nas eleições municipais geram preocupação crescente em quem protagoniza o debate.

Orelha em pé > A preocupação latente entre os partidos da esquerda, entre eles, PSB, PSOL, PV e PCdoB, está no risco de acabarem subordinados ao PT, sobretudo no pleito municipal. 

Cicatrizes > Além de o PT ser o maior partido desse conjunto, é ainda conhecido pela cultura hegemonista, que já gerou arestas, inclusive, com o aliado de primeira hora, PCdoB. Flávio Dino, por exemplo, em sua primeira eleição para o Governo do Maranhão, não contou com apoio dos petistas, que optaram por se aliar a Lobão Filho, do MDB. Restou desconforto no  PCdoB. 

Pronto, falei! > Essa tendência do PT a não ceder a aliados ainda deixa boa parte das siglas da esquerda de orelha em pé. Por ser o maior partido, conhecido pela cultura hegemonista, tem rendido uma preocupação aos demais. “Se for dessa forma, haverá partido que pode não querer se submeter ao PT”, admite, à coluna, um deputado federal em reserva.

Fonte:FalaPE.

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