Deputados estaduais e
federais, senadores e vereadores que quiserem disputar cargos do Executivo ou
aceitarem convites para comandar secretarias poderão ser obrigados a renunciar
ao mandato. Isso se o Congresso Nacional aprovar as propostas de emenda
constitucional 198/12 e 199/12, apresentadas no último dia 16 pelo deputado
Izalci (PR-DF). Mas a julgar pelo número de parlamentares que concorrem a
prefeituras em todo o país, a tarefa pode não ser tão fácil: dos 594 integrantes
da Câmara dos Deputados e Senado, 92 estão na corrida eleitoral de 7 de outubro.
Outros 36 se licenciaram para assumir ministérios do governo Dilma Rousseff (PT)
ou secretarias estaduais.
A justificativa do projeto é que, além de minar
um possível abuso de poder político, a renúncia evitaria que “uma função
fundamental na estrutura de poder do município, do estado ou do país seja
prejudicada pelo fato de que o encarregado se encontra absorvido pelas
exaustivas tarefas de uma campanha eleitoral”. Na avaliação de Izalci, ao
decidir ser candidato, um parlamentar divide suas atividades “quase tanto quanto
se exercesse os dois mandatos simultaneamente”.
A legislação atual exige
apenas que os ocupantes de cargos do Executivo renunciem seis meses antes das
eleições caso optem por disputar uma função diferente da que ocupa. Em relação
ao Legislativo, não há qualquer vedação. Ou seja, um deputado que dispute a
eleição não tem nada a perder, pois, mesmo que não se eleja, tem garantido o seu
mandato por mais dois anos – as eleições municipais ocorrem dois anos depois da
presidencial.
“Agora vamos avaliar como vai ser a repercussão do projeto.
Já previa que ia ter alguma resistência e não vai ser fácil aprovar”, admitiu
Izalci. Para alterar a Constituição, é necessário o voto de 308 dos 513
deputados federais. A mesma dificuldade ele imagina encontrar para ver aprovada
a PEC que prevê a renúncia para ocupar cadeiras do Executivo em cargos
comissionados.
Atualmente, basta que o parlamentar se licencie do
Legislativo para integrar o governo, podendo voltar a qualquer momento. O
próprio Izalci já usou desse artifício: eleito deputado, afastou-se da Câmara
Distrital, sediada em Brasília, para assumir a Secretaria de Ciência e
Tecnologia do então governador Joaquim Roriz.
“Essa saída do Legislativo
para ocupar um cargo no Executivo compromete a relação entre os dois poderes,
uma vez que um dos papéis do Legislativo é fiscalizar o Executivo”, alega o
deputado. Outro ponto usado para defender sua proposta é que o eleitor faz uma
cobrança grande sobre o parlamentar que não exerce o mandato para se dedicar a
outra atividade política.
Orçamento
Uma
alternativa para debater a matéria, para Izalci, será a instalação da Frente
Parlamentar pelo Fortalecimento do Legislativo – o que deverá ocorrer logo
depois das eleições. O primeiro ponto discutido será o estabelecimento de
emendas ao orçamento impositivas, ou seja, o presidente da República passa a ser
obrigado a executar o que for sugerido pelos parlamentares.
Fonte : Diário de PE.
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