Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), uma das mais renomadas instituições de ensino do país, participam presencialmente do Teste Público de Segurança (TPS) da Urna 2023. Um total de 15 pesquisadores do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (Larc) da Escola Politécnica da instituição (Poli-USP) acompanha investigadoras e investigadores na execução dos planos de teste nas urnas eletrônicas que serão usadas nas Eleições Municipais de 2024.
Em junho de 2023, o TSE e a USP firmaram um convênio de cooperação técnico-científica que ampliou a integração entre as instituições no processo de avaliação da segurança do hardware e do software do sistema eletrônico de votação antes, durante e depois do Teste Público.
Marcos Antonio Simplicio Junior, professor da Poli-USP e coordenador do convênio TSE-USP, considera que a parceria contribui para a evolução do sistema eleitoral. “Nosso objetivo é, assim como os investigadores que vêm aqui, tentar achar potenciais pontos de melhoria no sistema atual. A gente faz algo parecido no nosso laboratório na USP, e temos algumas urnas, temos software, temos código-fonte, material e uma equipe dedicada a tentar ataques contra o sistema, reportar ataques e fazer as devidas correções”, explica.
Essa equipe da USP é composta de professores, alunos de pós-graduação e de nível de mestrado e doutorado, além de alguns alunos de graduação que fazem iniciação científica, em geral de Engenharia de Computação ou Engenharia Elétrica focada em computação.
O coordenador relata um processo “bastante positivo” e de frequente conversa com o TSE sobre segurança, em que o foco dos pesquisadores é o mesmo do Teste: tentar violar o sigilo ou a integridade do voto. “Nesse processo testamos muitas coisas, e há três melhorias no sistema em execução atualmente que foram fruto dessa colaboração. Na prática, há um processo sério, com várias barreiras de segurança que dificultam muitos ataques, e a gente tem colaborado com o TSE para dar transparência e produzir mais evidências que qualquer cidadão consiga olhar e saber sobre o cômputo correto do voto”, complementa Simplicio.
Convite à sociedade
O pesquisador sênior do Larc-USP Fernando Frota Redígolo está na segunda experiência no Teste da Urna. Assim como em 2021, ele está acompanhando a equipe da Polícia Federal. Seu papel é observar o que a corporação está fazendo em busca de eventuais achados de segurança e, depois, tentar reproduzir. Ele convida as pessoas que duvidam da urna a vir participar do Teste. “É um processo aberto. Qualquer cidadão pode submeter uma proposta, fazer o ataque. O pessoal do Teste abre a urna, espeta coisa em tudo que é lugar ali. Mais do que a gente falar, é a própria pessoa vir aqui testar nas datas próprias e confirmar de forma independente, por si só: não precisa acreditar em ninguém, a não ser em si mesmo”, assinala.
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Redígolo reflete sobre os impactos para a sociedade sobre esse controle externo do processo de votação eletrônica, que é feito por meio de ações como a parceria do Tribunal com a USP. “É bastante importante, porque não é só o TSE falando da segurança da urna: você vai ter avaliação e confirmação de outros grupos. A gente tem essa parceria forte da USP com o TSE e tem outras universidades que estão avaliando o código-fonte e todo o ecossistema da votação. Então, no mínimo, é uma avaliação independente”, destaca.
Confiabilidade do processo
Para Gabriel Soares dos Santos Nunes, aluno de graduação em Engenharia Elétrica da USP e de iniciação científica do Larc, a expectativa de aprender ao acompanhar o Teste se soma à de fiscalizar, acompanhar e relatar para todos os passos feitos pelo grupo depois serem reproduzidos no laboratório. “Estou gostando bastante de acompanhar o grupo. Tem sido uma experiência muito positiva, até porque, anteriormente ao Teste, a gente teve uma noção dos testes que vão ser feitos e a possibilidade de escolher os que mais interessam à gente. Tem um bom aspecto técnico que gostei bastante, e pessoas com ideias muito legais”, observa.
O universitário também ressalta a confiabilidade do processo. “Só pela chance que o TSE dá de qualquer pessoa se inscrever e participar, eu diria que o Teste da Urna é totalmente confiável, até porque a gente vê a grande variedade de pessoas não só da área de Tecnologia da Informação fazendo seus testes, como o pessoal do Direito que está aqui”, acrescenta o estudante.
Interlocução com a academia
Coordenador de Tecnologia Eleitoral do TSE, Rafael Azevedo afirma que um dos objetivos do TPS é ampliar a interlocução da Corte com a academia, processo que se expandiu no ciclo anterior ao Teste, que contou com a USP, a Unicamp e a Universidade Federal de Pernambuco, todas com acesso ao código-fonte da urna. Ele ainda cita artigos científicos publicados pelos servidores das instituições reforçando a segurança e a confiabilidade do sistema.
“O objetivo dos pesquisadores é acompanhar. É um grande aprendizado que vai acabar retornando para o TSE nas próximas edições. Os pesquisadores da USP, por meio do convênio, avaliam nossa segurança, têm acesso ao código-fonte, fazem uma série de análises antes e participam do acompanhamento aqui para verificar e atender a um dos princípios do Teste da Urna, que é a reprodutibilidade. Se alguém conseguir alguma coisa, o TSE tem que ser capaz de reproduzir; então, tem que ter alguém técnico próximo, para poder anotar passo a passo e acompanhar o que o investigador está fazendo”, explica.
No escopo do convênio, os pesquisadores podem fazer artigos científicos sobre o tema com um todo, inclusive abordando o Teste. Rafael também destaca que a Comissão Avaliadora criada pelo Tribunal para o TPS permite uma análise “completamente externa” do processo de testagem sobre o voto eletrônico.
Fonte :TSE.
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