quarta-feira, 29 de junho de 2022

A sanguinolenta Amazônia Legal

 

Apenas 30 municípios brasileiros registraram média móvel superior a 100 homicídios para cada 100 mil habitantes entre 2019 e 2021, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A cidade mais violenta é São João do Jaguaribe, no interior do Ceará. Das 30 cidades, quase metade (13) fica na área da Amazônia Legal e apenas três são classificadas como urbanas.

Para o diretor-presidente do Fórum, o sociólogo Renato Sérgio de Lima, as cidades tidas como as mais violentas do País têm um padrão claro. “Quando se olha, 13 delas estão na Amazônia Legal e, dessas 13, quase todas estão ou em área de fronteira ou ao lado de terras indígenas. Algumas inclusive com terras indígenas dentro”, destacou. Neste mês, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram mortos no Vale do Javari, próximo à região de fronteira do Amazonas.

O crime chamou atenção para a alta da violência na região, marcada pelo garimpo ilegal, pela grilagem de terras e pela disputa entre facções criminosas. Em 2021, como mostrou o Anuário de Segurança Pública, o Brasil teve o menor número de homicídios dos últimos dez anos. A taxa de assassinatos, porém, ainda é de 130 por dia.

“A gente percebe que a redução da violência (no País) é positiva, mas insuficiente para reduzir o nível de violência nesses pequenos municípios. Há um quadro bastante preocupante de medo, insegurança e violência”, acrescentou Lima. "Tem um problema a ver com o território e com a forma de ocupação do território da Amazônia."

Segundo ele, a dinâmica desses lugares tem semelhanças com aquela vivida por territórios controlados pela milícia no Rio de Janeiro e em cidades próximas. Neste caso, porém, o comércio ilegal de drogas também convive com crimes ambientais. "Na região Norte, as facções estão atuando como uma espécie de síndicos da economia criminosa. Não é só a droga. A droga é o articulador das ilegalidades. Se sobrepõe a garimpos ilegais, pesca ilegal, desmatamento e assim por diante".

Taxas altíssimas – O levantamento do Fórum compilou informações dos quase 5,5 mil municípios brasileiros. O Fórum fez uma média dos últimos três anos – 2019, 2020 e 2021 – das mortes nas cidades brasileiras. “Em municípios pequenos, duas, três, quatros mortes representam uma taxa alta”, explicou. “Para poder mostrar a realidade, a gente fez a média de três anos.” Como resultado, foram observados 30 municípios com taxas de homicídio superiores a 100 mortes por 100 mil habitantes. “Isso está acima de qualquer País do mundo", alertou Lima.

França joga a toalha – Dirigentes de partidos da coligação de apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram informados por aliados de Márcio França (PSB) que o ex-governador deve divulgar a decisão de desistir da corrida ao Palácio dos Bandeirantes nos próximos dias. A definição da vice na chapa de Fernando Haddad (PT) deve ocorrer após o anúncio de França. O petista deseja Marina Silva (Rede) como parceira na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, mas o PSB tenta emplacar o nome de Lu Alckmin, mulher de Geraldo Alckmin, para o posto, e o PSOL cobra o espaço.

Olho no Senado – Em troca de sair da disputa pelo Governo de São Paulo, França deve aceitar a sugestão do PT e disputar uma vaga ao Senado na chapa com Haddad. O PSB ainda negocia, no entanto, mais influência na campanha paulista. Além da vaga de senador, França tem pleiteado a indicação do primeiro-suplente ao Senado. A costura para que França desista foi feita por Lula, que mais uma vez se reuniu com o ex-governador na sexta-feira passada.

Sem associação – O núcleo de campanha do Partido Liberal está frustrado pelo “descaso” do presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação às estratégias desenhadas pelo grupo político. Desde a última semana, intensificaram-se os pedidos para que o chefe do Executivo focalize em seus discursos as entregas do governo com menções diretas, por exemplo, ao Auxílio Brasil e pare de ressuscitar assuntos conflituosos. O apelo, porém, não tem surtido efeito. Há no comitê do partido a avaliação, captada por meio de pesquisas internas, de que o programa de transferência de renda ainda não é diretamente associado a Bolsonaro em algumas partes do Brasil.

Mini marcha – Prefeitos de todo o País fazem uma mini marcha a Brasília na próxima terça-feira, atendendo a convocação da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Na pauta, medidas articuladas a nível federal com grande impacto fiscal para os Municípios, como propostas que reduzem receitas – por exemplo, alterações nas alíquotas do ICMS e ampliação da desoneração do IPI – e a criação de pisos salariais sem previsão orçamentária.

CURTAS

NÓ PAULISTA – O Governo de São Paulo é considerado por Lula o principal nó a ser desatado nas tratativas com o PSB sobre os palanques estaduais. Isso porque o petista quer fazer campanha no Estado ao lado do ex-governador Alckmin, vice candidato à Presidência. Com França e Haddad concorrendo na disputa ao governo estadual, no entanto, o palanque Lula-Alckmin fica limitado.

AJUDA NÃO CHEGOU – Em 28 de maio deste ano, 101 pessoas morreram em virtude de deslizamentos de barreiras ou enchentes provocadas pelas fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana. Um mês após o pior dia da tragédia, pessoas que perderam casas e familiares dizem que não receberam dinheiro dos governos e ainda cobram algum tipo de apoio ao poder público.

Perguntar não ofende: Quem será o candidato a senador na chapa de Miguel Coelho?

Fonte:Blog do Magno Martins.

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