A política não é uma ciência exata, mas tem lógica. Ao se manter no PL com juras de lealdade à reeleição de Bolsonaro, o prefeito de Jaboatão e presidente estadual da legenda, Anderson Ferreira, revelou, implicitamente, que está em outro jogo, outro campo bem diferente do compromisso prévio que havia fechado com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), para caminharem juntos na sucessão do governador Paulo Câmara.
Segundo fontes consultadas pelo blog no PL nacional e no Palácio do Planalto, Anderson pode ter dado uma guinada nas últimas horas. Ao invés de candidato a senador na chapa de Raquel, como havia sinalizado, pode ser convertido no postulante ao Governo do Estado apoiado pelas forças bolsonaristas. “Meu principal eleitor, dentro do universo evangélico, está com Bolsonaro. Não tenho dificuldades em apoiar a sua reeleição”, confessou.
Com Anderson no páreo, desta feita revestido e plastificado como candidato de Bolsonaro, o presidente, finalmente, pode ter encontrado a alternativa de um palanque mais competitivo em Pernambuco, Estado que não havia ainda construído uma articulação política, dando apenas sinais de prestígio ao ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, aliado de primeira hora, ocupante de um gabinete na Esplanada dentro da sua cota pessoal.
Mais calejado na política do que a filha, o ex-governador João Lyra Neto já havia percebido a jogada de Anderson ao declarar, na última segunda-feira, numa emissora de rádio em Caruaru, que com o líder liberal abraçado a Bolsonaro não havia a menor condição da aliança com o PSDB ser mantida. “Onde Bolsonaro estiver, estaremos do outro lado”, sentenciou.
Em entrevista ao Frente a Frente, ontem, quando rompeu o silêncio mantido após as notícias de que Bolsonaro estava se filiando ao PL, Anderson ainda tentou minimizar o impacto da sua decisão em marchar com a reeleição do presidente da República. “Meu acerto com Raquel diz respeito especificamente a Pernambuco”, contemporizou.
Discurso frágil, para inglês ver. Na tentativa de minimizar os efeitos do seu realinhamento a Bolsonaro, o prefeito de Jaboatão não quis, na verdade, desfazer o acordo prévio com Raquel pela mídia. Isso envolve uma conversa cara a cara, que deve ocorrer tão logo regresse hoje a Pernambuco depois do beijo em Bolsonaro.
O conciliador – Em seu discurso na filiação ao PL, tentando emplacar uma fala conciliadora, após colocar obstáculos na filiação por causa de alianças do PL com partidos de esquerda em alguns Estados, o presidente Jair Bolsonaro disse que não tomará decisões de forma individual e que nenhum partido será esquecido. "Eu e o Valdemar não vamos decidir nada sozinhos, queremos compor e fazer o melhor para o Brasil", pontuou. Deixou claro que quer fazer composições estaduais para eleger governadores e senadores - o Senado, especialmente, tem sido sua obsessão, já que é onde os principais projetos do governo têm empacado.
PE ou Tocantins? – De Madri, onde cumpre agenda oficial, impedindo sua presença no ato de filiação de Bolsonaro ao PL, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, disse na volta conversará com o presidente sobre sua filiação ao novo partido do chefe. Machado tanto pode vir a disputar o Senador por Pernambuco quanto por Tocantins, Estado que mantém negócios na área agrícola, sendo bastante conhecido por lá, além de articulado com as lideranças locais. “Quem vai decidir meu destino é o presidente”, afirmou.
Sem ataques – Antes da finalização das prévias do PSDB, João Doria fez um reconhecimento de campo participando de pequenos jantares com integrantes da iniciativa privada. O conselho que mais ouviu, pelo que se apurou, foi o de que evitasse falar mal, repetidamente, de Bolsonaro. Já em outra alçada, mais interna, o governador concordou com seus conselheiros: vai usar menos as palavras “eu fiz” e mais o “nós fizemos”, comparecendo a novos encontros com empresários levando parte do seu staff no governo do Estado para que eles também sejam ouvidos.
Para o povo – “Eu queria saber como está lá [no trio elétrico]”, disse o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, depois da cerimônia de filiação de Jair Bolsonaro, ontem, em Brasília. O presidente da República estava prestes a discursar no carro de som. “Tem muita gente, é?”, perguntou Valdemar sobre o público do comício a jornalistas que tentavam insistentemente entrevistá-lo. Ele foi informado de que havia no máximo 200 pessoas. “Acontece que o tempo está ruim, esse é o problema”, afirmou. Choveu forte em Brasília depois das falas de Bolsonaro no trio elétrico. Em volta da estrutura, havia apoiadores –em parte mobilizados pelo PL local– e alguns vendedores ambulantes. Uma banca vendia bandeiras do Brasil, símbolo muito utilizado nos atos políticos bolsonaristas
Fernando cedeu – O relator da PEC dos Precatórios e líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentou, ontem, na Comissão de Constituição e Justiça, um complemento de voto com ajustes pontuais em sua versão do texto. As mudanças, contudo, não convenceram os senadores mais resistentes à proposta, que negociaram mais mudanças com o relator. A reunião chegou a ser suspensa. Na volta da reunião, Bezerra apresentou novas mudanças em seu parecer. Ele topou excluir do teto de gastos o pagamento dos R$ 15,6 bilhões em dívidas judiciais do Fundef com os Estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Amazonas. Na CCJ, o texto foi aprovado por 16 votos a dez.
CURTAS
SEM SHOWS – O Recife não terá shows na orla de Boa Viagem durante o réveillon 2022 devido à pandemia da Covid-19. A queima de fogos está mantida. O anúncio foi feito pelo prefeito João Campos (PSB). "Não haverá shows promovidos pela Prefeitura. Não vai haver grandes shows, como sempre acontecem, na Avenida Boa Viagem, no polo do Pina, que são as principais praias do Recife. Nós temos avançado muito na vacinação, mas o momento ainda não chegou de promover um encontro de tal tamanho”, disse.
SEM DECISÃO – Sobre o cancelamento do carnaval no Recife, a decisão ainda não foi tomada por ele. “Uma solução possível é um adiamento conjunto de todas as cidades para uma data futura onde essas cinco cidades podem anunciar um calendário uniforme de carnaval remarcado. É uma alternativa”, disse o prefeito.
Perguntar não ofende: O PTB, do coronel bolsonarista Meira, apoia a candidatura de Anderson para governador?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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