Na medição do potencial de um candidato na disputa majoritária, sobretudo se for ainda desconhecido pela grande massa do eleitorado, os marqueteiros recorrem a dois tipos de pesquisa: quantitativa e qualitativa. Na primeira, se constata a receptividade do eleitor em geral, incluindo uma sondagem de campo, enquanto que na segunda, feita com um grupo interno e exclusivo, as conclusões são resultado da avaliação de entrevistados selecionados por segmentos da população.
Em ambas, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, pré-candidata do PSDB ao Governo de Pernambuco, aparece bem. Na última do Opinião, postada com exclusividade por este blog, no final de setembro, a tucana lidera. O que não parece bem para ela é o horizonte político que vai se desenhando. Raquel tomou gosto pelo sonho de ser a primeira mulher a governar o Estado quando fechou um acordo com o PL, liderado pelo prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, que já admitia concorrer o Senado na chapa dela.
Mas veio o pior, cenário que a tucana não contava: amanhã, num grande ato em Brasília, o presidente Bolsonaro põe as mãos no Partido Liberal, formalizando seu ingresso na legenda para concorrer à reeleição. Aterrissa com aval da cúpula liberal para interferir nas alianças estaduais, com exceção de São Paulo, Estado do presidente Valdemar Costa Neto. Em Pernambuco, o que pode acontecer?
Anderson só não perderá o controle da legenda se aliar-se a Bolsonaro, que não é o candidato de Raquel. No acordo com Valdemar, Bolsonaro impôs outra condição: a proibição de alianças do PL com o PT e PSDB. De antemão, PL, para Raquel, é carta fora do baralho. Nas prévias tucanas, Raquel fez campanha aberta e declarada para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Jogou certo. Leite é fato novo, cara nova, algo que poderia dar certo na corrida presidencial pela terceira via.
Mas quem ganhou as prévias foi João Doria, com carimbo de antinordestino, olho grande, aventureiro, oportunista, um diabinho. Tudo que o eleitor não quer, nome pesado e difícil para Raquel carregar nas costas em Pernambuco, quando pelo lado contrário, o PSB, estará Lula, casado com o PSB. Embora tenha comandado o maior assalto aos cofres públicos da história republicana, sendo preso e sua quadrilha também, o ex-presidiário ainda consegue enganar um segmento do eleitorado pernambucano.
Sem PL e um candidato frágil ao Planalto, Raquel tende a ficar com o pincel na mão. Seu partido não tem sequer condições de montar, hoje, uma chapa proporcional, tanto para a Câmara dos Deputados quanto para a Assembleia Legislativa. Resta-lhe apenas o Cidadania, o ex-PPS, de Roberto Freire, que tende a acolher em seus quadros a deputada Priscila Krause, vista como opção de Raquel para compor a sua chapa como vice.
Mas, convenhamos, Priscila, pelo histórico conservador de militância política de direita – passou a vida inteira no DEM –, filiar-se a um partido comunista para atender aos caprichos de Raquel é abusar da boa-fé do seu eleitorado. É tentar fazer o casamento de jacaré com cobra d´água.
Sem mandatos decidiram - O resultado oficial mostra que Doria só não foi escolhido pelos vereadores, que deram preferência a Leite. Os demais filiados, com cargo ou sem, deram a vitória ao governador de São Paulo em votações apertadas. Entre prefeitos e vice-prefeitos, por exemplo, o placar foi de 393 a 363. Nas bancadas federal e estaduais, a diferença foi de sete votos para Doria, que somou 37, e na chamada "elite tucana" - que reuniu senadores, governadores e vice e ex-presidentes do partido -, o paulista obteve 27 votos, contra 24 dados a Leite. A maior diferença foi marcada mesmo entre tucanos sem mandato: 15.646 votaram em Doria e 9.387 optaram pelo gaúcho.
Ação imediata – Tão logo cessou a tromba d’água que caiu em Arcoverde, sábado passado, deixando a cidade completamente inundada, o prefeito Wellington Maciel (MDB) visitou as áreas mais afetadas com secretários para avaliar os estragos e anunciar medidas. A chuva foi tão forte que, por pouco, não põe abaixo por completo as instalações feitas para o show do cantor João Gomes. Marcada para o início da noite, a apresentação do artista foi transferida para duas horas da madrugada.
Discurso pela paz – Dos tucanos históricos, FHC e José Serra declararam votos a favor de Doria. Tasso Jereissati, José Aníbal e Geraldo Alckmin votaram em Eduardo Leite. As prévias tiveram momentos de altos e baixos entre os principais concorrentes. Houve embates e trocas de acusações entre Doria e Leite. Mas ambos ensaiaram, ontem, o discurso da paz, logo após o resultado, pregando a unidade. Bruno Araújo disse que as prévias garantem que o desempenho em 2022 será superior ao de 2018 – quando o partido não soube entender o eleitor, nas palavras do dirigente partidário. Araújo arrisca um número para quantos deputados devem ser eleitos pela sigla: “Não faremos menos de 40”. Hoje, são 30.
Modelo polêmico – A votação nas prévias se deu em dois formatos. Para os filiados sem mandato e vereadores (39.737), o voto foi pelo aplicativo desenvolvido pelo partido, alvo de críticas tanto de Doria quanto de Leite. Já os eleitores qualificados (governadores, deputados, presidentes e ex-presidentes do partido) foram a Brasília para votar em urnas eletrônicas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As prévias tiveram os votos divididos em quatro grupos, cada um com 25% do peso. Doria e Virgílio foram contra o sistema. Queriam que todos os votos valessem de forma igual.
Mais profissional – Doria teve equipes para sua campanha em 21 Estados, além de ter enviado 17 pessoas para morar nas unidades da Federação. A organização e profissionalismo da equipe seguiram moldes de campanhas presidenciais, com divisão interna de tarefas, hierarquização de papéis e trabalho de coleta de dados em um data center. O governador também viajou a municípios de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul. A campanha dele é coordenada por Wilson Pedroso e tem como marketeiro Daniel Braga, que trabalhou no passado com Doria e cunhou o termo “João Trabalhador “. Braga também foi da equipe de Henrique Meirelles e foi responsável pelo grupo que criou o slogan “Chama o Meirelles “.
CURTAS
Ainda bem! – A Secretaria de Saúde confirmou, ontem, que não há registro de casos da nova variante ômicron em Pernambuco até o momento. A nova cepa da Covid-19 foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma "variante de preocupação" e colocada no mesmo grupo de versões que já causaram impacto na progressão da pandemia: alfa, beta, gama e delta. A confirmação de variantes ocorre por meio de sequenciamento genético. A ômicron foi originalmente descoberta na África do Sul.
Serra sem voo – A Azul está sem operar o voo do Recife para Serra Talhada desde o início da semana passada, mas não dá a menor satisfação aos passageiros que compraram bilhetes e que têm urgência no deslocamento. Os voos diários a terra de Lampião são feitos numa aeronave de pequeno porte, com capacidade para apenas nove pessoas.
Perguntar não ofende: Anderson Ferreira fica no PL com o ingresso na legenda, amanhã, do presidente Bolsonaro?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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