domingo, 16 de fevereiro de 2014

Eleição à espera do arrasa-quarteirão



(Arte: Folha de Pernambuco)
Os chamados “puxadores de votos” são aqueles candidatos que disputam a eleição proporcional (vereador, deputado estadual e deputado federal) e conseguem se eleger sozinhos, ou seja, eles ultrapassam a média do quociente eleitoral sem depender necessariamente das coligações e dos votos direcionados a sua legenda. E ainda contribuem com as sobras para o partido ou alianças. Em 2010, quando o quociente eleitoral (cálculo feito na divisão da população pelo número de vagas no Legislativo) para deputado federal em Pernambuco foi de 176.207 votos válidos, a hoje ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, alcançou 387.581 votos.
Com isso, terminou ajudando a sua coligação (PSB/PCdoB/PSC/ PR/ PTB/PT/PDT/PP) a eleger 20 deputados federais. Também na lista dos pernambucanos enquadrados no grupo dos “puxadores”, estavam Eduardo da Fonte (PP), com 330.520 votos; João Paulo (PT) recebeu 264.250; Inocêncio Oliveira (PR) com 198.407; e o Pastor Eurico (PSB) computou 185.870 votos. Este ano, Ana Arraes estará fora da disputa e Inocêncio avisou que não concorrerá, enquanto Eduardo da Fonte e João Paulo são cotados para o Senado. A expectativa, então, fica para quem sairá não só vitorioso das urnas, mas com o título de arrasa-quarteirão.
Vale ressaltar que também estará em jogo o reflexo das manifestações de ruas, previstas para se repetirem durante o período da campanha eleitoral. No ano passado, os protestos desencadearam uma onda de insatisfação com sistema político e, principalmente, o Poder Legislativo. De acordo com o cientista político Juliano Domingues, se este quadro negativo for traduzido na hora do voto, as candidaturas alternativas podem ganhar mais espaços. “As manifestações possuem, sim, o potencial de interferir no jogo eleitoral.
No entanto, elas não influenciam por si só no resultado, uma vez que outras variáveis operam nesse contexto. O tempo decorrido entre o ápice dos protestos e o momento eleitoral, por exemplo, acaba por enfraquecer o efeito das manifestações sobre o processo de tomada de decisão do eleitor”, ponderou. Para Domingues, os puxadores de votos terminam sendo alvos mais fáceis se esta indignação propagada nas ruas ressurgir. Por outro lado, os parlamentares não temem o sentimento anti-político dos protestos.
Para o deputado federal Augusto Coutinho (SDD), “se houver reflexo na população, será linear a todos, o que deve provocar o aumento de votos brancos e nulos”. Mas é muito cedo para prever”, afirmou. Ao menos em Pernambuco, as manifestações não são colocadas como fator de risco aos puxadores. O que poderá dar o tom de mudança ou não é o redesenho do cenário político, após o PT e PTB romperem com o PSB, e a adesão do PSDB e PMDB à base governista. “Não vejo nenhum grande puxador de voto nesta eleição, tirando Eduardo da Fonte, que está tentando construir uma chapa só dele. Em 2010, na minha coligação (DEM/PMDB/PPS/ PMN/PSDB), a eleição foi muito difícil e esta será ainda mais para todos”, analisou Coutinho. Naquele ano, o mais votado da oposição foi o tucano Sérgio Guerra (167.117).
Fonte :Por Mirella Araújo

Da Folha de Pernambuco

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