Em São Lourenço da Mata, onde está sendo construído o novo
estádio para o Mundial de 2014, a expectativa de progresso é grande com a
Cidade da Copa, projetada para o entorno da Arena Pernambuco. A ideia do
governo estadual é desenvolver o oeste da Região Metropolitana de Recife,
desafogando a adensada capital.
As licenças para tirar o ambicioso
projeto do papel, porém, foram pedidas há quase dois anos, e ainda tramitam nos
órgãos ambientais. Ao longo dos próximos 15 anos, esse bairro planejado de 240
hectares — equivalente a 300 campos oficiais de futebol — será
erguido com direito a shopping, arena indoor (para eventos), comércio,
escritórios, parques e conjuntos residenciais. Em 2011, foi solicitada licença
prévia junto à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Entre idas e vindas,
no dia 25 de abril passado a CPRH pediu novos esclarecimentos sobre áreas de
preservação ambiental ao empreendedor, o consórcio Arena Pernambuco Negócios e
Investimentos S/A, liderado pela Odebrecht. Ainda sem resposta, o órgão não
deve emitir a licença prévia antes de outubro — a autorização para a
instalação dos prédios, só em 2014.
Sem a licença prévia, é mais difícil para a construtora atrair
investidores. Marcos Lessa, diretor de investimentos da Odebrecht Properties,
aguarda o sinal verde ambiental.
— Prioritariamente, os equipamentos desenvolvidos na Cidade da Copa serão os
âncoras: universidade, shopping center e centro de convenções. Os residenciais
deverão vir numa etapa posterior, e aí seguirão as demandas do mercado
imobiliário — explica.
O município da Cidade da Copa é pobre: entre os 14 maiores do
Estado, é o 10º em índice de desenvolvimento. Boa parte dos 100 mil habitantes
está na zona rural, e muitos não têm sequer saneamento básico ou energia. Por
lá, a Copa traz esperança.
— A Cidade da Copa está valorizando terrenos e casas em São
Lourenço — constata o morador Francisco da Silva, que viu o valor do seu
imóvel subir de R$ 15 mil para R$ 40 mil em dois anos.
Os municípios vizinhos também
pegam embalo nesse crescimento. Bairro planejado, parques e corredores
exclusivos para ônibus se tornaram pauta também em Camaragibe, município
considerado tradicionalmente cidade-dormitório do Recife. Neste ano, um
shopping de R$ 220 milhões será construído no local. Ao seu redor, há um
projeto de bairro sustentável, com torres residenciais, empresariais e hotéis.
Para o doutor e professor em engenharia civil Leonardo Meira, especialista em
impactos urbanos, além dos empreendimentos, "evidentes geradores de
emprego", o grande legado da Copa serão as obras viárias, de acessibilidade.
Para o professor, as soluções de mobilidade implantadas no Estado ao custo de
R$ 1,6 bilhão são boas, mas se a Cidade da Copa se consolidar como polo
econômico, "terão de haver novos investimentos".
Leonardo ainda faz um alerta. A
exemplo de outros empreendimentos, há o risco da Cidade da Copa não se
consolidar, como ocorreu com o Terminal Integrado de Passageiros do Recife,
pouco usado e conhecido pela população.
A CIDADE DA COPA
Investimento: R$ 1
bilhão
Área: 240
hectares
O que terá: hotéis,
centro de convenções, empresariais, shopping, centro universitário, arena
indoor e conjuntos habitacionais
Projeção de
população: 7.324 pessoas em 2014, 43.063 pessoas em 2033.
Mobilidade: toda
a área foi concebida para ser percorrida a pé ou de bicicleta — de sua
região central aos diversos setores — em cerca de cinco minutos.
Segurança: monitoramento
24 horas por dia através de câmeras de segurança ligadas ao Centro de Comando e
Controle Integrado de Pernambuco, instalado na região.
Fonte : Zero Hora.
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