sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Lula, o fujão

Dezesseis anos separam esta eleição do pleito de 2006, o último disputado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), naquele momento candidato à reeleição. Sentado na cadeira do Planalto e liderando com folga todas as pesquisas, o petista tomou a decisão de não ir aos debates. A mesma estratégia adotada agora, embora na “planície”, sem estar exercendo mandato eletivo.

Dois debates acontecerão na reta final desta campanha presidencial. O do SBT, amanhã, e o da TV Globo, no próximo dia 29, três dias antes da eleição. Lula chega na reta final de campanha acima dos 40% de intenções de voto em todas as pesquisas, e próximo dos 50% dos votos válidos mais um, condição necessária para liquidar a fatura no primeiro turno.

Em 2006, o petista adotou a mesma estratégia. Após criticar o ex-presidente Fernando Henrique por não ir aos debates em sua reeleição, em 1998, Lula cedeu ao pragmatismo e não quis se expor, como faz agora. Mas, há 16 anos, sua ausência no debate ficou representada pela cadeira vazia, e aquilo o fez despencar nas pesquisas.

Lula pontuava com 50% no Datafolha a uma semana da eleição, e sua ausência teve um preço caro. O petista terminou o primeiro turno com 48,61% dos votos válidos, enquanto seu adversário, o então tucano Geraldo Alckmin (curiosamente seu atual vice e agora repaginado como socialista), obteve 41,64% dos votos.

A estratégia, a mesma que adota agora, custou a Lula mais 28 dias de campanha pelo segundo turno, embora tenha sido a maior diferença percentual desde a Constituição de 1988: 60,83% a 39,17%. A tendência apontada pelas pesquisas atuais também é de vitória no segundo turno para Lula contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

Mas valerá o risco de se afastar novamente dos debates, sabendo que o inimigo atual tem mais carisma e combatividade que o picolé de xuxu que hoje está na sua chapa como vice? Reza o ditado: as urnas são tão previsíveis que até podem surpreender.

Medo da corrupção – Lula, na verdade, está fugindo dos debates porque no primeiro, o da Band, ficou emparedado, principalmente por Bolsonaro e Ciro, quando a temática foi a corrupção na era petista – os governos dele e de Dilma. Suas respostas não convenceram a ninguém, mesmo quando reconheceu que houve escândalos como o da Lava Jato e gente bem próxima a ele que meteu a mão no dinheiro alheio sem piedade.

Falta de coragem e rabo preso – O candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, foi às redes sociais criticar a decisão do ex-presidente Lula (PT) de não comparecer ao debate, amanhã, promovido pelo SBT com os candidatos ao Palácio do Planalto. “Qual a causa de um candidato fugir dos debates, não apresentar propostas e se esconder na memória ilusória de um passado que se dissipou? Falta de respeito? Falta de coragem? Soberba? Rabo preso? Ou simplesmente falta de vergonha?”, escreveu.

Punição a quem errar – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a implementação de medidas legais para punir os institutos de pesquisas de opinião que errem de forma intencional ou “demasiada”. Segundo o congressista, não há justificativas para resultados “tão divergentes” nos levantamentos. “Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram em demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”, disse.

A partilha do fundão – O fundo eleitoral é uma mãezona. Danilo Cabral, candidato do PSB ao Governo do Estado, recebeu R$ 12, 1 milhões; Anderson Ferreira, postulante do PL, – R$ 11,3 milhões; Raquel Lyra, do PSDB – R$ 9,7 milhões; Marília Arraes, do Solidariedade, R$ 8,4 milhões; e Miguel Coelho, do União Brasil – R$ 7,7 milhões. Dentre os candidatos nanicos, João Arnaldo, do Psol, abocanhou R$ 545 mil e Pastor Wellington, do PTB, R$ 531 mil.

André pega a maior fatia – Já os candidatos a senador em Pernambuco foram contemplados com os seguintes valores do fundo eleitoral: André de Paula (PSD) – R$ 3,3 milhões; Teresa Leitão (PT) – R$ 3 milhões; Guilherme Coelho (PSDB) – R$ 2,9 milhões; Gilson Machado (PL) – R$ 2,2 milhões e Carlos Andrade Lima (União Brasil) – R$ 1,9 milhões. Entre os candidatos nanicos, Eugênia Lima, do Psol, recebeu R$ 361 mil; Dayse Medeiros, do Pstu, – R$ 18,3 mil – e, por fim, o cantor Carlos Esteves, do PRTB, R$ 6 mil.

CURTAS

EM BRASÍLIA – O governador e candidato à reeleição Ibaneis Rocha (MDB) tem 40% das intenções de voto ao Governo do Distrito Federal (GDF). Segundo pesquisa Ipec, encomendada pela TV Globo, o candidato da federação PT-PV-PCdoB, Leandro Grass (PV), tem 13%.

TRATAMENTO VIP – O Podemos privilegiou o ex-procurador Deltan Dallagnol na distribuição do fundo eleitoral para os candidatos a deputado federal do partido no Paraná. Ao todo, a legenda transferiu R$ 1,3 milhão do fundão a Dallagnol.

Perguntar não ofende: Com quem, afinal, Marília vai disputar o segundo turno?

Fonte:Blog do Magno Martins.

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