terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A vida ou o poder?

 

Independente de nova cirurgia, a reinternação do presidente Bolsonaro, ontem, por fortes dores abdominais, permite uma conclusão do óbvio ululante: pelo resto da vida, principalmente em função da dura rotina estressada que leva, incluindo uma alimentação que foge ao padrão recomendável, o chefe da Nação terá prisões de ventre periódicas.

Sem conseguir defecar diante de crises fortes e incessantes, o recurso médico usado é a lavagem, procedimento doloroso, que não pode se repetir por muito tempo. Cientificamente, é a hidrocolonterapia, um tipo de lavagem intestinal em que se insere água morna filtrada e purificada através do ânus, permitindo eliminar as fezes acumuladas e as toxinas do intestino, que é muitas vezes usado para combater a prisão de ventre.

Crise semelhante ocorreu com o paciente Bolsonaro em julho do ano passado. Quanto mais vida sedentária e alimentação de péssima qualidade, mais risco de o intestino não funcionar. E por que a equipe médica sempre admite uma nova cirurgia? Segundo um médico ouvido pela coluna, lavagens constantes levam a risco de infecção, porque pode facilitar a entrada de bactérias através do material utilizado e porque pode remover as bactérias boas do intestino, podendo causar um desequilíbrio da flora intestinal.

Diante disso, a pergunta elementar: o estado de saúde do presidente permitirá que seja candidato à reeleição? Em campanha, o candidato tem que estar com a saúde em dia, principalmente em se tratando de uma corrida presidencial, na qual exige um esforço descomunal, com viagens seguidas de avião, deslocamentos em carros, tempo em pé nos comícios, caminhadas e carreatas, além do porta a porta.

Bolsonaro vai ter que escolher entre a vida e o poder.

Ainda a cirurgia – O médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo decidirá, hoje, se o tratamento do presidente Bolsonaro incluirá uma nova cirurgia, após realizar um exame clínico criterioso. Macedo, que estava em férias no exterior, deve chegar ao hospital Vila Nova Star, em São Paulo, no início da tarde. “A decisão se (Bolsonaro) vai ser operado ou não depende de um exame clínico criterioso por parte do cirurgião. Não é uma tomografia que vai dizer se vai ser operado, hemograma, PCR, nada disso. É o exame clínico adequado por parte do cirurgião”, afirmou o médico.

Sequela sem fim – A primeira-dama Michelle Bolsonaro usou as redes sociais para lamentar a internação do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em publicação no Instagram, agradeceu o apoio de seguidores e disse que o atentado a faca sofrido pelo então candidato à Presidência em 2018 deixou “sequela que levaremos pelo resto de nossas vidas”. Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), filho do chefe do Planalto, também se manifestou sobre o estado de saúde do pai. Segundo o parlamentar, Bolsonaro foi vítima de uma campanha de ódio nas redes sociais na manhã desta segunda, após começarem a circular as notícias sobre sua internação. Ele também se referiu a Adélio Bispo, autor do atentado a faca, como “militante do PSOL”.

Olho gordo – O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) publicou uma foto do pai nas redes sociais e criticou aqueles que acreditam que o atentado sofrido durante a campanha foi falso. “É inacreditável como a esquerda, após ter um de seus membros feito a facada, ainda tenta empurrar a narrativa de que ela foi falsa. A isto jamais será dito que é discurso de ódio ou antidemocrático”, escreveu. Outros apoiadores do presidente desejaram melhoras ao mandatário nas redes sociais. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse estar "orando" por Bolsonaro. Já a deputada bolsonarista Janaína Paschoal (PSL-SP) atribuiu o estado de saúde do chefe do Executivo a "olho gordo". "Colocaram tanto olho gordo na viagem do Presidente, que o pobre até adoeceu!", disse ela.

Mourão na área – O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, chegou, ontem, em Brasília, após um período de férias na Bahia. A volta de Mourão à capital federal acontece depois de o presidente Jair Bolsonaro ser internado no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, com um quadro de obstrução intestinal. Segundo a assessoria do vice-presidente, porém, a volta dele já estava programada e não tem relação com a internação de Bolsonaro. Ainda de acordo com a assessoria de Mourão, o vice-presidente não vai despachar nos próximos dias: ele só retorna ao trabalho, a princípio, na semana que vem. A agenda oficial não registra compromissos para esta segunda.

Cautela e indignação – Em entrevista ao Estadão, o professor Antônio Lavareda disse que o pleito de 2022 terá características diferentes do de 2018. Segundo ele, o eleitor está menos influenciado pelo sentimento de indignação que marcou a eleição passada e mais cauteloso e preocupado com a experiência dos candidatos, até em razão dos problemas de gestão observados durante a pandemia. “Em 2022, a cautela deve substituir a indignação”, diz. Em sua avaliação, após as eleições, o Brasil deve seguir o exemplo recente do Chile e abrir espaço ao diálogo, para poder enfrentar os grandes desafios que tem pela frente.

CURTAS

PRECAUÇÃO – Segundo fontes do hospital, os médicos estão tentando evitar ao máximo uma nova cirurgia porque o abdome de Bolsonaro já sofreu importantes intervenções anteriormente. O presidente ficou com herniações que limitam a mobilidade do intestino. Elas precisam, de fato, ser avaliadas por Macedo, que o operou anteriormente.

DESCONFORTO – Pelas redes sociais, Bolsonaro relatou que sentiu um desconforto abdominal, no sábado passado, em São Francisco do Sul (SC), onde passava férias desde o dia 27. A previsão era voltar a Brasília, mas a opção foi deixar o litoral catarinense de helicóptero em direção a Joinville ainda de madrugada. De lá, embarcou para São Paulo e, após passar por exames, foi diagnosticada nova obstrução intestinal.

Perguntar não ofende: Não disputando a reeleição, quem Bolsonaro apoiaria? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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