quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Para petistas, o PSB mudou de tom e, agora, quer recuar da federação


A temperatura vem sendo tirada nos últimos dias. Não foram só as declarações dadas, recentemente, por integrantes da direção nacional do PSB que acenderam o sinal de alerta nos petistas. As prioridades apresentadas pelos socialistas em relação aos acordos para 2022 nos estados passou a pesar na percepção do PT sobre as intenções da sigla, presidida nacionalmente por Carlos Siqueira.

Aos olhos da legenda liderada pelo ex-presidente Lula, o PSB "está querendo dar para trás" no quesito federação. Tal recuo teria, dizem integrantes do PT, como pano de fundo os interesses dos socialistas nos acordos regionais.

Petistas têm repisado que, formatando os acordos regionais prioritariamente, uma federação não passaria de um bocado de partidos juntos. Petistas veem distorção do mecanismo na forma como o PSB vem negociando e externam, nas coxias, desconforto, reforçado por declarações de dirigentes da legenda, como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o prefeito do Recife, João Campos.

É no gestor da Capital que o PT identifica a maior resistência à conclusão desse processo. Há quem vai mais adiante e aponte que o herdeiro de Eduardo Campos estaria atuando para minar a federação.

Em entrevista recente de balanço do ano, concedida à Folha de Pernambuco, João Campos fizera a seguinte ponderação: "Eu devo afirmar que o PSB é um partido que está pronto, que ele cumprirá e vencerá a cláusula de barreira, com ou sem federação. O PSB, se não fizer federação, terá um rendimento no País que vai superar a cláusula de barreira imposta e vai continuar existindo no funcionamento pleno e com exercícios do fundo, direito de televisão e tudo mais. Então, esse é o primeiro ponto".

João não esconde a cautela em torno do tema. E, no dia seguinte às suas declarações, o governador Paulo Câmara advertiu que o tempo pode ser exíguo para que tal mecanismo seja formatado com as garantias necessárias às siglas envolvidas.

A semente da federação foi plantada, incialmente, pelo PCdoB, árduo defensor dessa alternativa, no momento em que as coligações encontram-se proibidas e em que os comunistas, pelo desenho de pleitos anteriores, teriam dificuldades para superar a cláusula de barreira. A tese passou a ser adubada recentemente pelo PSB e visaria a incluir o PV e o PSOL, além de PT. Mas o caldo parece estar entornando desde já.

Fala, João Campos!
Ainda sobre o tema federação, João Campos, vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB, é incisivo: "Posso afirmar que o PSB não precisa de federação. Em Pernambuco, para eleição proporcional, não precisa de federação também. Estado a estado, uns vão precisar, outros não". A fala foi feita ainda na entrevista de balanço do ano e o prefeito realçou que aguarda o instrumento que vai governar o mecanismo para opinar.

Desamor > Socialistas admitem haver resistências mais duras à federação na ala paulista. Petistas garantem que os obstáculos se encontram em área mais extensa do PSB, que, dizem, “não seria tão amorosa com o PT.

Deadline > A avaliação de Paulo Câmara sobre a federação se deu mais focada no “prazo menor de resolução” em relação às costuras regionais. “A gente tem que resolver até março", alertara ele, em entrevista recente à Folha de Pernambuco. E, aí, advertira: "Pode ser que não dê tempo". 

Fonte :Folha de PE.

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