domingo, 26 de dezembro de 2021

Estadualização ou nacionalização?

 

Por Adriano Oliveira*

Ao contrário das eleições municipais, existe relação entre as disputas estadual e federal. Os candidatos a presidente da República podem influenciar a escolha do eleitor para o governo do Estado. Isto é: ao votar no candidato X para presidente da República, o votante escolhe Y para o governo estadual em virtude de que X apoia Y. Denomino esta relação de nacionalização da disputa estadual. 

A nacionalização da eleição estadual pode ocorrer em virtude de que o (1) pleito presidendencial acontece no mesmo período, (2) a propaganda eleitoral no rádio e na TV aborda ambas as eleições e (3) as estratégias dos candidatos entrelaçam, propositadamente, ambas as eleições. Neste último caso, as pesquisas qualitativas revelam que é estratégia ótima a nacionalização da disputa estadual. 

Nas eleições de 2018, os competidores João Dória, Romeu Zema e Wilson Witzel nacionalizaram o pleito estadual em razão da força do candidato Jair Bolsonaro. Em virtude da força do lulismo no Nordeste, diversos candidatos aos governos estaduais nacionalizaram a disputa. 

Na eleição de 2022 para os governos estaduais, a nacionalização existirá? Olhando para pleitos anteriores, a nacionalização não pode ser descartada. Os cenários plausíveis para a vindoura disputa presidencial sugerem sucesso eleitoral de Lula no 1° turno (Cenário 1) ou disputa do turno final entre o candidato do PT versus o presidente da República (Cenário 2). 

Tenho a hipótese de que a ocorrência do 2° cenário fortalece a possibilidade de nacionalização dos pleitos estaduais. Em diversas unidades federativa, a polarização nacional será observada: de um lado, o candidato apoiado por Lula; no outro, o competidor aliado de Jair Bolsonaro.

E se o 1° cenário acontecer? A minha hipótese é de que a nacionalização da eleição para governador será enfraquecida, especialmente, em regiões em que o ex-presidente Lula tem alto porcentual de intenções de voto. Isto ocorrerá em virtude de que o candidato do PT será consenso, ou seja, franco favorito. Por consequência, os votantes, majoritariamente, não estarão intensamente atentos ao pleito presidencial, mas sim, a eleição estadual. 

Serão as pesquisas qualitativas que dirão se a hipótese sugerida tem validade. O importante é saber que no pleito estadual, não basta discutir nomes de candidatos, mas também ter a sabedoria para decifrar o impacto da conjuntura nacional na eleição local.   

*Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE.

Fonte: Blog do Magno Martins.

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