O problema desta vez não é a criação de mais duas CPIs, mas o calendário deste ano, com Copa do Mundo, recesso parlamentar, seguido logo de campanha eleitoral. A que foi instalada no Senado, ouviu, até agora, o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, em sessão inaugural boicotada pela oposição, e o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró (em sessão ainda mais absurda, com só três membros, todos ligados ao governo).
Na CPI Mista, o problema é sua instalação. O PT indicou os nomes com atraso, mas o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-RN), tem ainda três sessões para completar a lista, antes que qualquer reunião seja marcada oficialmente. Sem falar na coincidência dos nomes convocados, que serão basicamente os mesmos já ouvidos pela comissão do Senado, com semanas de antecedência.
Todos os nomes seguem a linha traçada pela base aliada de blindar a presidente Dilma Rousseff (PT), que era presidente do Conselho da Petrobras na época da compra da refinaria em Pasadena, e tentar levar às investigações para áreas que podem afetar os candidatos de oposição, como a Refinaria de Abreu e Lima, fustigando assim o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, presidenciável pelo PSB.
Para o deputado federal Augusto Coutinho (SDD) não é possível ser derrotista ao ponto de dizer que essas duas comissões, sobretudo a que será mista, irão “dar em nada”. “De forma alguma. Todos os membros de uma CPI, inclusive a minoria, têm acesso a todos os documentos. Muita coisa pode mudar de rumo”, afirmou Coutinho, para o qual não há CPI “totalmente controlada”. “E não é o fato de ser ano eleitoral que vai nos atrapalhar”, enfatiza.
Na avaliação do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), essas duas CPIs eram desnecessárias. “Tanto o Governo quanto o Ministério Público já tinham instrumentos suficientes para fazer as investigações que estão sendo levantadas”, afirmou. Mas ele disse que elas sairão: “não é ano eleitoral que atrapalha CPI, até porque essas acontecem por decisão judicial (do Supremo Tribunal Federal). Mas CPI, é bom lembrar, é instrumento da oposição. Sempre serão políticas”, afirmou. Vaccarezza desconversou sobre as chances de as investigações terminarem em “pizza”. “Nunca acabam assim. Sempre se levantam questões que, mesmo depois, servem para aprofundar um assunto”, concluiu.
Fonte :Por Eduardo Sol
Da Folha de Pernambuco
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