Prefeito do Recife, João Campos, durante sabatina do Diario de Pernambuco (Rafael Vieira/ DP Foto) |
Concluindo seu terceiro ano no comando do executivo municipal, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), destacou a recuperação da capacidade de investimento e a requalificação da infraestrutura urbana como principais marcas de seu governo. Para 2024, o gestor municipal prevê a entrega de mil obras à população do Recife, focando nas áreas mais vulneráveis da cidade.
Publicidade
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, na tarde de ontem, em seu gabinete, o prefeito destacou que o primeiro ano de sua gestão foi dedicado à recuperação do aval do Tesouro Nacional para a realização de empréstimos com garantia da União, o que vem sendo mantido pelo terceiro ano consecutivo. Operações de crédito como a fechada com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que garantiu R$ 2 bilhões em recursos a serem investidos nos próximos seis anos, são a base do plano de investimentos do município. Os recursos captados, na maior operação de crédito com um município da América, de acordo o prefeito, vêm garantindo recordes de investimento para o município, com estimativa de R$ 700 milhões este ano e previsão de superar os R$ 800 milhões no próximo ano.
Entre as ações destacadas por João Campos estão as obras de contenção de encosta, micro e macro drenagem e recuperação da infraestrutura urbana, como a mobilidade e iluminação das vias públicas com foco no pedestre. Também estão no balanço do prefeito, a cobertura da atenção básica à saúde para 73% da população; a ampliação de vagas em creches em 6.500 vagas, dobrando a capacidade de rede de ensino.
Com bom trânsito no governo Lula e com o PT agora da sua base, João Campos afirmou que não tem pressa para discutir as eleições do próximo ano, citando Marco Maciel, ao afirmar que ''quem tem prazo não tem pressa.'' ''Se a gente for se dedicar à política, não dá pra cuidar de tudo isso que a gente falou. Então vamos esperar as definições partidárias, que vão até julho do ano que vem'', afirmou.
MARCA DA GESTÃO
A gente chega ao final do terceiro ano da gestão com um sentimento de muito trabalho, de muita capacidade de ouvir as pessoas, de andar pela cidade e, sobretudo, de realizar. Eu acho que a gente precisa não só ter boas concepções, mas ter a capacidade de realização. Esse ano a gente vai bater recorde de investimento. Vai ser o ano com o maior investimento da história da cidade. E isso se reflete no Recife como um todo. Então, obras de contenção de encosta, obras de drenagem, obras de recuperação de infraestrutura, de implantação de novos equipamentos de grande porte, exemplo de pontes que estão sendo construídas, equipamentos de saúde, equipamento de infraestrutura social, como o Compaz. Então, eu diria que o nosso foco é o trabalho para gerar resultado. E isso se faz num pilar de capacidade de escuta e de presença na rua, mas, sobretudo, uma capacidade de realizar, de você ter uma boa equipe, monitorar, ter gestão, buscar resultado, buscar eficiência. E a gente sente que isso está sendo colhido para a cidade. Então, em diversas áreas diferentes da gestão, a gente enxerga números superlativos.
SAÚDE
Hoje (ontem) a gente fez uma nomeação, por exemplo, de 357 profissionais de saúde. Com esse quantitativo, a gente chega a 2.500 profissionais de saúde contratados em 3 anos, e 73% de cobertura de atenção básica à saúde. Esse crescimento é uma marca que a gente vai poder entregar. Expansão de cobertura, recomposição de áreas que já existiam, e tinham carência de profissionais de saúde, a digitalização da saúde. A gente, hoje, tem o Minha Saúde Conectada. Você tem o histórico de exame, de consulta, marcação de consulta pelo celular para acabar com essa história de ter que estar numa fila atrás de uma ficha. Isso é uma coisa que a gente tem que acabar. E para acabar, você tem que botar tecnologia e pensar no cidadão. Eu diria que o nosso foco é fazer entrega, e não admitir gambiarra, improviso. Tem que fazer a coisa bem feita, e para quem mais precisa.
Prefeito do Recife, João Campos (Rafael Vieira/ DP Foto) |
INVESTIMENTOS
A gente está fechando as contas agora no final do ano, mas vai passar de R$ 700 milhões; um recorde de investimento. Ano que vem vai ser ainda maior do que esse ano. E a nossa meta no próximo ano é ser o maior investimento público das capitais do Nordeste brasileiro. Do orçamento geral (para 2024, a previsão é de R$ 8,2 bilhões), incluindo as operações de crédito, que juntas somam R$ 2 bilhões, a gente vai querer passar de R$ 800 milhões de investimento no próximo ano.
EMPRÉSTIMOS
No primeiro ano, eu diria que a nossa meta era sair da Capag C para B, porque só com capag B a gente conseguiria rodar a operação de crédito com aval da União. Primeiro ano foi muito focado nisso e conseguimos. No segundo ano, a gente começou a rodar as grandes operações, que se concretizaram no terceiro ano, com o BID. É a maior operação não só da história do Recife, mas é a maior operação da história do BID com uma cidade em toda a América. O BID nunca rodou uma operação de R$ 2 bilhões com uma cidade no seu território de atuação da América. E agora a gente ainda tem capacidade de endividamento. Então, a gente consegue fazer, sim, novas operações de crédito lastreadas com aval da União.
OBRAS NOS MORROS
Historicamente, o Recife investia R$ 30 milhões, por ano, em área de morro, dividida em três categorias: obras coletivas grandes, que são aquelas obras de R$ 2 milhões, R$ 3 milhões em encosta, das quais a gente já entregou em torno de 60 e tem 50 em execução nesse momento; obras de parceria, que são aquelas obras que a gente faz o projeto, dá o material e supervisiona a execução; e obras de escadaria e drenagem, que a gente faz a escadaria, drenagem, corrimão, que é muito importante. Esse ano, a gente vai bater R$ 120 milhões de investimento, então, estamos falando de um orçamento multiplicado por quatro, só na área de morro. Só a URB (Autarquia de Urbanização do Recife), esse ano, vai passar de R$ 200 milhões investidos. Então, é um volume muito grande. A gente já inaugurou 3.400 obras em área de morro, são mais de três obras por dia entregues.
OBRAS EM 2024
Vamos entregar, em 2024, mais de mil obras de grande porte. A gente está falando de dois Compaz, mil unidades residenciais, da ponte engenheiro Jaime Gusmão que liga Iputinga a Monteiro, de mais de 150 ruas que serão calçadas, 120 praças reformadas. Então, assim, é um volume muito grande de obras. 2023 está sendo o ano que a gente mais investiu, mas 2024 a gente vai superar. E fazendo coisas também que nunca foram feitas.Quando a gente fala, as pessoas dizem: ‘João está fazendo muita praça, muito parque’. É claro que a gente está fazendo, porque é o espaço público onde todo mundo convive, implantando praças da infância que não existiam no Recife. A gente foi lá no Ibura, inaugurou uma praça na UR-11. O brinquedo que tem lá não tem em nenhum prédio desses privados, não tem um brinquedo igual ao que tem lá. Então, estamos levando um padrão diferenciado, coisas que nunca foram feitas na cidade. Outro exemplo, a gente lançou o programa Via Jardim, plantando árvore adulta nos principais corredores da cidade. Árvores adultas, que a mortalidade é muito pequena, nativas da Mata Atlântica, com floração natural. Na Avenida Recife a gente plantou 150 Ypês brancos; na Mascarenhas, vários amarelos, na Avenida Norte também. Então, a gente está pegando os principais corredores e arborizando com árvores nativas, adultas e que vão ter a floração.
PRINCIPAIS DESAFIOS
Generalizar é difícil, mas se você pegar cada área, você pega o principal problema e aponta uma solução. Então, na educação, por exemplo, a gente tem um problema de acesso a vaga de creche. A primeira creche construída em Recife foi em 1981. Em 40 anos, foram abertas 6.500 vagas. Eu assumi em 2021 e, em 4 anos, vamos entregar 6.500 vagas, isso é público. Na Secretaria de Educação são 160 obras simultâneas. Se você pegar as cinco principais cidades de Pernambuco, não tem uma com 160 obras só na Educação. Aí você vai para a saúde. Você tem um problema de baixa cobertura de atenção básica, certo? A gente nomeou 357 profissionais para chegar a 73% de cobertura, e já estamos com o horizonte de fazer uma nova expansão no início do ano que vem, para fazer uma cobertura completa. Outro ponto, problema de iluminação. A gente chegou a 100% de LED na cidade, iluminamos todas as escadarias. Ou seja, a gente tem uma pronta resposta para colocar.
IMPOSTO
Eu disse que não ia aumentar imposto, e nós vamos passar 4 anos aqui e vocês não vão ver um aumento de imposto no Recife. Se eu não conseguir isentar ou baixar, a gente vai manter, mas aumentar imposto não vou. No Centro do Recife, a gente baixou o imposto para Retrofit de hotel. A gente dá o benefício vinculado à reforma, ele (empresário) entra com o plano de reforma, que a gente aprova, e reduzimos a alíquota de ISS. A gente fez redução de imposto para as agremiações carnavalescas e cultura popular, então, tem uma série de adequações que nós fizemos.
HABITAÇÃO
Em termos de política habitacional são dois grandes eixos que existem de prioridade. Ônus excessivo da renda, ou seja, quem gasta mais de 30% da renda com habitação está na planilha do déficit, que tem mais de 35 mil habitações. Então, a solução não é fazer casa, é aumentar a renda. Mas aí vamos lá, para o que falta casa tem dois grupos: quem está em área de risco e quem está em uma habitação inadequada para usar exemplo de uma palafita na área de risco. Nós trabalhamos ao máximo para não ter que fazer novas unidades, a gente tirou 10 mil famílias que estavam em área de risco. Outro ponto, quem está em uma habitação crítica, sobretudo palafita, qual é a solução? Reassentamento e renaturalização do rio. E é o que a gente está fazendo. Isso é muito importante. Se há 100 anos, todo mundo que passou por aqui tivesse feito um reassentamento com reurbanização da área, a gente não estava enxugando gelo. A área Roque Santeiro, atrás do Hospital Esperança, a gente vai pegar todas as famílias já cadastradas e 100% vai ser reassentada, vai para o habitacional que já aprovei o projeto arquitetônico e estou contratando a obra. As famílias vão sair, vão para o habitacional, e a gente vai fazer um parque. Nunca mais aquela área vai ser reocupada. Na bacia do Pina, a mesma coisa. As famílias que vão para o Encanta Moça 1 e 2. Vão 600 famílias e a área vai ser 100% urbanizada também, e vai ser feito um parque linear.
ICMS
Eu fiz a minha parte e o que eu disse que iria fazer na política. Você não se sustenta, se o seu discurso não couber na sua prática. Eu estive na assembleia da Amupe no primeiro semestre, falei para todos os prefeitos e para a presidente: ‘contem comigo nas pautas municipalistas’. E disse explicitamente: se vocês precisarem que o Recife apoie uma medida para ajudar quem mais precisa, se for uma medida razoável, contem comigo. Então, recebi uma ligação do presidente (da Alepe) Álvaro Porto dizendo: ‘João, a gente está aqui tentando fechar essa conversa. Tem 23 municípios que estão perdendo dinheiro com essa reforma e a gente precisa arrumar R$ 7,5 milhões. A gente fez uma conta aqui que dá para tirar do Recife’. Eu disse: ‘presidente, vou confirmar a conta, contem comigo eu lhe retorno, mas concordo 100% com ela’. Eu não aprendi a fazer conta pequena. Não sei a quem pediram, a quem os deputados pediram para construir acordos, alternativas, mas não conseguiram e a conta bateu para o Recife. Fiz a conta e disse: ‘tudo bem, a gente vai receber R$ 950 milhões previsto, isso é menos de 1%’. Eu não sei a quem faltou sensibilidade, eu sei que eu tive a sensibilidade necessária. Pedi a compreensão das pessoas do Recife, a gente vai atrás disso, pega a arrecadação de ISS. Anote a arrecadação desse ano e compare do ano que vem. Nós vamos atrás disso, a gente consegue sem aumentar imposto, mas não vou aumentar imposto. Conseguiremos recuperar com inteligência fiscal, com eficiência na arrecadação, com a capacidade de enxugar a despesa, revisão de gastos.
Fonte : Diário de PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário