O ex-ministro de Minas e Energia (MME) Bento Albuquerque prestou depoimento à Polícia Federal (PF) sobre o caso das joias enviadas de presente pelo governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A oitiva foi feita por videoconferência.
No depoimento, Bento Albuquerque apresentou nova versão para o caso. Ele disse que não sabia que as peças eram para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e sustentou que não sabia do conteúdo do pacote. Pensava que seriam presentes do governo saudita ao Estado brasileiro.
Segundo o ex-ministro, o pacote foi entregue ao seu ex-assessor Marcos Soeiro, e a encomenda não foi aberta antes da chegada ao Brasil. Soeiro também depôs à PF e foi defendido pelo mesmo advogado de Bento Albuquerque.
A versão defendida pelos dois é de que Soeiro estava no hotel se preparando para voltar ao Brasil quando um representante do governo saudita lhe entregou dois embrulhos com lacres de cera com o símbolo da família real da Arábia Saudita. Segundo eles, o então assessor de Bento Albuquerque apenas foi informado que dentro dos pacotes estavam presentes, mas não lhe foi dito o que tinha dentro das caixas nem os destinatários. Soeiro também afirmou que assinou um recibo, a pedido do oficial do governo saudita.
As declarações do ex-ministro, no entanto, são diferentes do que consta nos registros feitos em 26 de outubro de 2021, quando foram abordados, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por fiscais da Receita Federal.
Segundo câmeras de segurança no local, Albuquerque disse que os acessórios feitos com diamantes, no valor de R$ 16,5 milhões, eram para Michelle. "Isso tudo vai para a primeira-dama", disse o ex-ministro do MME durante a abordagem de um fiscal.
Após os agentes da Receita anunciarem a apreensão dos itens, a gestão Bolsonaro acionou a diretoria do órgão, em uma conduta irregular, para tentar liberar as joias. Após isso, o então presidente tentou recuperar o pacote de presentes em diversas ocasiões, tendo atuado diretamente no caso.
As tentativas de Bolsonaro estão registradas em meios oficiais, como pedidos formais para retirar as joias, agendamentos de voo da Força Aérea Brasil, pedidos via ministérios e até mesmo à chefia da própria Receita, com pressão direta sobre os agentes que realizaram a retenção.
Além da encomenda para Michelle, Bento Albuquerque conseguiu entrar no Brasil, irregularmente, com um segundo pacote, que tinha um relógio e outros acessórios, avaliados em quase R$ 500 mil. Os itens estão com Bolsonaro. A defesa do ex-presidente informou à PF, nesta semana, que as peças serão devolvidas ao Tribunal de Contas da União.
Já a defesa de Bento Albuquerque não explicou por que o então ministro não entregou o segundo pacote à Receita Federal após a apreensão do primeiro.
Fonte: Correio Braziliense.
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