Na última quinta-feira (09/11), o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei crucial para estados, municípios e o Distrito Federal, destinando um crédito especial de R$ 15,2 bilhões no Orçamento de 2023. A medida visa compensar as perdas de arrecadação, em um momento em que muitos prefeitos enfrentam dificuldades para equilibrar suas contas. O valor foi dividido em duas partes: R$ 8,7 bilhões para cobrir a perda de arrecadação com o ICMS e R$ 6,3 bilhões para repor a redução nas transferências aos Fundos de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e dos Municípios (FPM).
A aprovação da medida foi comemorada por prefeitos e governadores, que vinham pressionando o governo federal por mais recursos. No entanto, especialistas apontam que a medida é apenas paliativa e não resolve o problema estrutural da perda de arrecadação dos municípios. O ICMS é a principal fonte de receita dos municípios, responsável por cerca de 50% do total arrecadado. Nos últimos anos, a perda de arrecadação com o ICMS tem sido uma constante, devido a uma série de fatores, como a redução das alíquotas do imposto, a inflação e a concorrência dos estados vizinhos.
A redução das transferências aos Fundos de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e dos Municípios (FPM) também tem contribuído para a perda de arrecadação dos municípios. Essas transferências são uma importante fonte de recursos para os municípios, especialmente para os menores. A aprovação do crédito especial de R$ 15,2 bilhões é um alívio para os municípios no curto prazo. No entanto, é preciso encontrar soluções estruturais para resolver o problema da perda de arrecadação. Uma das medidas propostas é a criação de um fundo de compensação para os municípios, que seria financiado por uma alíquota adicional do ICMS.
Outra medida que poderia ajudar a resolver o problema é a revisão da legislação tributária. Atualmente, o ICMS é um imposto complexo e com muitas distorções. Uma reforma tributária poderia simplificar o imposto e torná-lo mais justo para todos os contribuintes. A seguir, alguns pontos relevantes quanto ao crédito liberado para aliviar a pressão dos estados, municípios e ministérios.
Origem e Destino dos Recursos:
O projeto inicialmente propunha um crédito especial de R$ 207,4 milhões para diversos ministérios. No entanto, uma modificação enviada pelo governo redirecionou a maior parte dos recursos, incluindo R$ 15 bilhões para compensar as perdas de estados e municípios, conforme previsto na lei complementar (LC 201/23). Do montante, R$ 8,7 bilhões têm como objetivo mitigar as perdas dos estados com a redução do ICMS de combustíveis e outros serviços em 2022, enquanto R$ 6,3 bilhões estão relacionados às perdas dos Fundos de Participação dos Estados e Municípios (FPE e FPM).
Justificativa Fiscal e Críticas:
O relator do projeto, deputado Mauro Benevides (PDT-CE), explicou que o crédito especial é possível devido ao espaço fiscal no Orçamento de 2023, com um déficit das contas públicas R$ 75 bilhões inferior à meta anual estabelecida. No entanto, vozes críticas, como a deputada Bia Kicis (PL-DF), destacam que embora a medida ajude as contas dos municípios, questiona a sustentabilidade a longo prazo.
Benefícios para Ministérios e Ações Específicas:
O remanejamento de recursos internos do governo afetará ações de diversos ministérios, incluindo Agricultura e Pecuária, Educação, Justiça e Segurança Pública, Transportes, Cultura, Defesa e Portos e Aeroportos. As verbas serão direcionadas para uma variedade de projetos, como construção de terminais fluviais, dragagem em portos, obras rodoviárias e infraestrutura básica.
Antecipação da Reposição e Acordo no Congresso:
A reposição das perdas estava inicialmente programada para 2024, mas o Ministério do Planejamento e Orçamento decidiu antecipá-la devido ao espaço fiscal de R$ 74,9 bilhões em relação à meta de resultado primário estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A presidente da Comissão Mista de Orçamento, senadora Daniella Ribeiro, enfatizou a importância da medida para garantir a continuidade dos serviços essenciais à população.
Acordo sobre Veto e Pauta Adiada:
Além do projeto em questão, um acordo entre líderes partidários adiou a análise de 33 vetos e outros projetos de lei do Congresso Nacional para 23 de novembro. A oposição, representada pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), destaca a priorização dos vetos relacionados ao novo marco fiscal.
Em resumo, o crédito de R$ 15,2 bilhões representa um alívio financeiro imediato para estados e municípios, permitindo a continuidade dos serviços públicos essenciais. No entanto, questões sobre a sustentabilidade fiscal e a necessidade de acordos políticos para lidar com outros temas relevantes continuam no centro do debate.
E AGORA? – O crédito de R$ 15,2 bilhões é uma solução imediata ou remendo para as finanças públicas?
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