segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Desunião fortalece Raquel

Estremecida desde o fim do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), então candidato à reeleição, a relação entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) continua a dar sinais de que caminha a passos lentos para uma resolução amigável, ou ao menos favorável a ambas as siglas.

O mais recente capítulo se deu após a declaração do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), há dez dias, pela candidatura da deputada federal Tábata Amaral (PSB) à Prefeitura de São Paulo. Endossado pelo ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), o posicionamento vai na contramão do que tem defendido Lula, favorável a uma aliança em torno do deputado federal Guilherme Boulos (Psol).

Essa briga de braço tem se repetido em praticamente todos os Estados, e em Pernambuco não tem sido diferente. Um exemplo é o cenário na capital para o pleito de 2024. Candidato natural à reeleição, o prefeito João Campos (PSB) tem intensificado as conversas com a executiva nacional do PT pela manutenção da sigla na Frente Popular.

Mas, apesar de caciques petistas no Estado terem se posicionado favoráveis ao alinhamento com os socialistas no Recife, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o martelo venha a ser definitivamente batido. A bem da verdade, repousa nas mãos do senador Humberto Costa, presidente do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, a decisão final. Humberto defende a continuidade do alinhamento entre as duas siglas, mas o condiciona a um espaço de protagonismo na chapa de João Campos.

Esse imbróglio, no entanto, tende a aumentar o desgaste com o passar do tempo, favorecendo única e exclusivamente a governadora Raquel Lyra (PSDB), que tem caminhado por todo o Estado cumprindo agendas institucionais enquanto intensifica o diálogo com lideranças políticas, rotina que tem estendido à capital federal, garantido livre trânsito tanto na Esplanada dos Ministérios quanto no Palácio do Planalto.

Enquanto PT e PSB seguem batendo cabeça por questões que deveriam ter sido resolvidas de forma pragmática e longe da imprensa, Raquel corre solta como se estivesse comendo papa, pelas beiradas, criando as condições para dar musculatura ao projeto à reeleição para 2026. Com isso, petistas e socialistas tendem a reviver o mesmo cenário de distanciamento nas eleições que se aproximam.

Caso esse desafio venha a ser vencido e posto em prática pelo PSB e PT, o campo progressista se fortaleceria. E, assim, poderia construir uma ampla frente para 2026, com chances reais de enfrentar e derrotar a governadora.

A Deus e ao diabo – Enquanto estreita relações com ministros e emissários do governo federal, Raquel amplia os espaços no seu governo para o bolsonarismo, a exemplo do presidente do PL, Anderson Ferreira, que recebeu de porteira fechada o Detran e ainda emplacou aliados no primeiro e no segundo escalões. Esse cada vez mais frequente aceno de Raquel a aliados do ex-presidente Bolsonaro contrasta radicalmente com o discurso em prol da democracia defendido pelo presidente Lula. Na prática, ela acende um dia uma vela para Deus e no outro dia ao diabo.

Até o Solidariedade – Há, no entanto, novos atores que têm atuado como conciliadores e defensores da união entre os “partidos originais” da base do presidente Lula, a exemplo do ex-prefeito do Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PT); a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB); e o deputado federal Pedro Campos (PSB). Eles têm se posicionado favoráveis a uma aliança entre os partidos em municípios estratégicos, aumentando significativamente as chances de vitória. Chegam a incluir também o Solidariedade, de Marília Arraes.

Sem apadrinhamento – José Sarney tem dito que não tem nenhum nome de sua preferência na disputa pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o site Metrópoles, o recado tem o objetivo de deixar claro que não é o padrinho político do subprocurador Luiz Augusto dos Santos Lima, ligação que tem sido atribuída ao ex-presidente. A confusão ocorreu porque Sarney de fato ligou para Alexandre Padilha pedindo que o ministro recebesse o procurador. Mas foi um pedido de amigos do ex-presidente na PGR.

Maior doador – O empresário Carlos Jereissati, irmão do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), é, até o momento, o maior doador individual do PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Um dos donos da rede de shoppings Iguatemi, Carlos doou R$ 141,8 mil para o PP em março deste ano, conforme a prestação de contas apresentada pela legenda à Justiça Eleitoral. Apesar de ser irmão de um dos principais caciques do PSDB, o empresário costuma priorizar o PP em suas doações. Nas eleições de 2022, por exemplo, ele doou R$ 300 mil para o diretório nacional da sigla de Lira, segundo o site Metrópole.

O recado de Janja – A primeira-dama, Janja Lula da Silva, disse, ontem, ao jornal O Globo, não se incomodar com quem pensa que ela não deveria “se meter em política” por não ter sido eleita. Segundo ela, quem faz críticas nesse sentido “não enxerga o mundo” de hoje. Janja afirmou que seguirá “ao lado” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Vou continuar ao lado do presidente, porque acho que é esse o papel que tenho de desempenhar. Não é uma questão de ser eleita ou não. Existem ministros que concorreram e ganharam a eleição ao Senado ou à Câmara, mas a maioria não foi eleita e está lá [no governo]”, desabafou.

CURTAS

MARATONA 1 – Começo, hoje, por Juazeiro, cidade-irmã de Petrolina, já no Estado da Bahia, mais uma maratona de lançamentos da biografia de Marco Maciel. Será na Câmara Municipal, às 19 horas. Amanhã, a noite de autógrafos acontece em Petrolina, no Memorial Nilo Coelho, também às 19 horas, e na quarta em Santa Maria da Boa Vista, às 19 horas, na Câmara.

MARATONA 2 – Na quinta-feira, lanço “O Estilo Marco Maciel” em Araripina, na praça Dom Fernando Campelo, às 19 horas. Já na sexta-feira, será em Belém do São Francisco, no Memorial Zé Pereira e Vitalina, às 19 horas. O encerramento será no sábado, em Salgueiro, na Exposal, feira de negócios do Sertão, às 19 horas. Em razão do agendão, a coluna será assinada por Juliana Albuquerque, de amanhã até sábado.

Perguntar não ofende: O PT blefa ou só apoia João Campos se arrebatar a vaga de vice?

Fonte: Blog do Magno Martins.      

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