segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Em mais um gesto de Lula com Pernambuco, ministro Sílvio Costa Filho apressa licenças para novo terminal em Suape

CAPACIDADE APM Terminal atua em 42 países e opera 45 terminais de carga ao redor de todo o mundo

CAPACIDADE APM Terminal atua em 42 países e opera 45 terminais de carga ao redor de todo o mundo - DIVULGAÇÃO/MAERSK

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, acompanhado da governadora Raquel Lyra, assina a autorização para implantação do novo terminal de contêineres no Complexo Industrial Portuário de Suape.

Raquel Lyra começou sua gestão atendendo um pedido especial dos empresários locais para que o novo comando do porto de Suape fosse totalmente independente, não fosse ligado a qualquer grupo político ou empresarial. Ela então foi buscar um nome de fora de Pernambuco e nomeou Márcio Guiot para o cargo.

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A chegada do novo empreendimento foi antecipada pelo Blog de Jamildo, em maio de 2022. O negócio consolidou-se em julho de 2022 e depois foi anunciado com pompa no final do governo Paulo Câmara.

Maior navegadora do mundo arremata terminal do Estaleiro Atlântico Sul em Suape

Com investimento inicial de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, o empreendimento será instalado pela APM Terminals, subsidiária da A.P Moller-Maersk.

Em agosto, em uma entrevista exclusiva ao Blog de Jamildo, Aristides Júnior, Diretor Presidente para Suape da APM Terminals Americas,, disse que, após a concessão das licenças, o início das obras começaria agora em dezembro e iriam gerar cerca de 1500 empregos diretos. Ele disse que o novo empreendimento tem tudo para trazer mais escalas para Suape, mais movimentação de cargas e ampliar o uso do sistema de cabotagem no Nordeste.

Divulgação
Aristides Junior, da APM Terminals Americas - Divulgação

O grupo disse que planeja promover um novo hub para priorizar o crescimento futuro do transporte de cargas na região.

Para o novo grupo, Suape poderá incrementar toda a cadeia produtiva regional, por ter mais de 100 indústrias associadas às suas operações. "Há perspectiva para escalas diretas com Europa e Ásia, gerando maior competitividade para as empresas do estado. Há oportunidades para diferentes setores regionais: na importação, destacam-se os produtos químicos, plásticos, borracha e veículos. No fluxo de exportação, plásticos, cerâmicas, cimento e eletrônicos", afirma Aristides.

Início das obras em dezembro, para funcionar em 2026

O novo terminal será operacional a partir de 2026 e busca se antecipar ao esgotamento do concorrente Tecon Suape. O terminal atualmente em operação deve atingir sua capacidade máxima até 2028, considerando apenas o crescimento orgânico.

A nova infraestrutura tem capacidade prevista de aproximadamente 400 mil TEUs/ano, um aumento de 55% sobre a capacidade do atual complexo portuário e contribuiria para a transição energética do setor, por ser composta por equipamentos totalmente elétricos.

"Novos investimentos para o desenvolvimento de um terminal moderno e competitivo reduzirão significativamente os custos para os clientes, melhorando a eficiência e o nível de serviço, graças à mão de obra qualificada e à introdução de um padrão operacional inovador", antecipou o executivo.

"Há muito potencial. Hoje, 80% do volume da carga que passa por Suape é relativo a cargas de cabotagem e esse número pode ser maior. A cabotagem cresce a passos largos. Em 2021, teve mais de 13,2% de movimentações que no ano anterior".

O anúncio oficial do empreendimento será feito na segunda-feira (16), no Porto de Suape, a partir das 9h30.

APM Terminals faz duras críticas ao Tecon Suape

Em setembro de 2022, o momento era de festa, para o governo do Estado, com a oficialização da chegada da APM Terminals, do grupo Maersk, que iria construir um terminal privativo em Suape, e os executivos da empresa de logística fizeram duras críticas  ao Tecon Suape, na presença do governador Paulo Câmara. As críticas da APMT no evento de 2022 não eram dirigidas diretamente a Suape, mas ao TECON, futuro concorrente deles e que tentou melar o negócio, possivelmente por conta da competição nas tarifas.

Discursando em inglês, o vice-presidente de Desenvolvimento da APM Terminals, Martin Van Donhen, prometeu promover o desenvolvimento do porto e trazer mais linhas diretas com os principais mercados do mundo, mas não sem no meio da fala fazer cobranças.

"Vamos resolver a ineficiência do porto de Suape e os custos caros também. É o porto mais caro do Brasil (em termos de tarifas) e isto é doloroso para os exportadores e importadores", deixou registrado.

O diretor de Desenvolvimento da Região das Américas APM Terminals - Grupo Maersk, Leonardo Levy, foi ainda mais objetivo no discurso.

"Suape é o terceiro maior em cabotagem, mas pode ser mais competitivo. Apesar de ser o mais caro do Brasil, tem muitos resultados excepcionais".

"Hoje, uma carga demora da Ásia para cá 65 dias. Se tiver escala direta, pode ser em 45 dias. Isto gera economia para os importadores, podem processar as mercadorias em sua fábricas antes mesmo de pagar pelo frete. São menos estoques, menos capital de giro, redução de custos em até 35% de armazenagem, mas o terminal precisa ser eficiente".

O executivo então usou como exemplo a cabotagem, com uma eventual carga de arroz vindo do Rio Grande do Sul para Recife. De caminhão, custaria R$ 25 mil. De cabotagem, R$ 8 mil o frete.

"Imagine que o navio escalou Suape, mas não conseguiu parar e operar, teve que ir adiante para outro porto. Se extrapola (o prazo inicial previsto), imagina o aumento do frete. Ai não tem como não ter impacto no custo final da mercadoria", explicou.

"É a eficiência que vai nos impulsionar. Suape tem uma posição estratégica na logística nacional, mas é um gigante adormecido, pode crescer ainda mais e nós esperamos acelerar o desenvolvimento da região"

Os executivos, sempre batendo na tecla da eficiência, disseram que Suape tem potencial para ser o novo hub do Nordeste, deixando para trás Bahia e Ceará, ao atrair cargas de longo curso de rotas para Ásia e Europa e vice-versa, além do potencial novo na cabotagem nacional. Neste caso, Suape concentraria cargas que vem do Sul e Sudeste para Manaus, tomando mercado de Pecém (Ceará) e Salvador.

FLAVIO JAPA/SEI
SOLENIDADE Martin, Paulo Câmara e Roberto Gusmão, no evento da APM Terminals, em Suape, para chancelar o negócio, na semana passada - FLAVIO JAPA/SEI

 

Suape reconheceu necessidade de mudar

Roberto Gusmão, então presidente de Suape, disse que o Estado queria a competição entre os terminais público (Tecon Suape) e privado (APM Terminals). Sem citar o nome do Tecon Suape, negociação herdada do governo Jarbas Vasconcelos, o diretor presidente de Suape citou números de perdas.

"Queremos a competição dos terminais. Em 20 anos de porto (período incompleto da concessão) perdemos 12 milhões de TEUS por falta de competitividade. A gente tinha uma participação de 5% do mercado nacional e hoje não temos 2%. Esperamos por exemplo receber as frutas do São Francisco (que saem por Salvador)", disse.

A administração de Suape focou no fato de que iniciativa possibilitará mais conexões com os principais portos do mundo, além de incrementar a movimentação de cargas de cabotagem (entre portos nacionais), setor no qual Suape é líder no Brasil.

"O Complexo Portuário concentrará volumes ainda maiores de cargas conteinerizadas a serem distribuídas no Nordeste e no restante do País, com uma redução de custos que tornará Suape mais competitivo tanto em preço quanto em localização. Essa novidade, juntamente com diversos projetos realizados ao longo destes anos, buscam tornar o porto mais competitivo e atraente para novos negócios nacionais e internacionais”, declarou o então diretor-presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão.

VICTOR MARQUES/MAERSK
INVESTIMENTO Novo terminal de contêineres, da APM Terminals, representa um investimento de R$ 2,6 bilhões em Suape e tem previsão de iniciar a sua operação no ano de 2026 - VICTOR MARQUES/MAERSK

Maersk e APM Terminals

Ocupando 49,2 hectares, o novo terminal é resultado do revocacionamento dos estaleiros do cluster naval de Suape, após a venda de parte da área pertencente ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS). O processo teve desfecho com a realização de um leilão, quando a Maersk cobriu a maior oferta com um valor de R$ 455 milhões. Esse resultado já foi homologado pela Justiça Federal para o pagamento de parte do passivo aos credores do EAS.

A. P. Moller-Maersk Group é uma operadora logística global dedicada à prestação de serviços de logística de transporte, em atividade desde 1801. No ano passado, teve faturamento superior a US$ 62 bilhões, em disputa acirrada com a MSC na liderança mundial do transporte marítimo. O grupo opera em mais de 130 países de todos os continentes.

Do mesmo grupo faz parte a APM Terminals, com sede em Haia, na Holanda, que atua em 42 países e opera 45 terminais de carga do grupo em todo o mundo, contando com mais de 22 mil trabalhadores. Em 2021, movimentou quase 13 milhões toneladas em mais de 29 mil escalas de navios, que geraram receita superior a R$ 20,5 bilhões.

Fonte: Blog de Jamildo.

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