domingo, 29 de outubro de 2023

Ponto de Vista de Brasília (29/10) – Lula demite terceira mulher do alto escalão do Governo para abrigar Centrão

 Deputado federal Arthur Lira (PP) - Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados - Fonte: Agência Câmara de Notícias

Deputado federal Arthur Lira (PP) – Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados – Fonte: Agência Câmara de Notícias

Por Dennys Souza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, nesta quarta-feira (25), a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, a terceira mulher a deixar um cargo de comando no governo em menos de um ano. A saída de Serrano foi negociada com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que indicou Carlos Vieira, servidor de carreira do banco, para o cargo. A demissão de Serrano é mais um exemplo da subordinação do governo Lula ao Centrão, bloco de partidos políticos que controlam o Congresso Nacional. Em julho, Lula demitiu Daniela Carneiro do Ministério do Turismo para abrigar o deputado Celso Sabino (União-PA), do mesmo partido. Em setembro, foi a vez de Ana Moser deixar o Ministério dos Esportes para dar lugar ao deputado André Fufuca (PP-MA).

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A saída de Serrano foi criticada por movimentos feministas e por servidores do banco. Em nota, o Sindicato dos Bancários do ABC afirmou que a demissão é “uma perda para as mulheres e para o país”. A decisão de demitir Rita Serrano foi parte de uma reforma ministerial e não levou em consideração o critério de gênero. Durante o processo de reforma ministerial, o presidente negociou o comando da Caixa Econômica Federal com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicando Carlos Vieira para o cargo, sem levar em consideração o gênero na escolha. Essa estratégia de divisão de cargos entre partidos do Centrão, como PP e Republicanos, foi uma resposta às pressões políticas dessas legendas.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (27), Lula responsabilizou os partidos políticos pela falta de representatividade feminina no governo. “Quando um partido político tem de indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso fazer nada”, afirmou. O presidente afirmou que ainda pode trocar mais pessoas no governo para aumentar a presença feminina no Executivo. “Eu só estou com dez meses de mandato. Eu posso ter uma maioria de mulher.”, disse. Ao responsabilizar os partidos políticos pela falta de representatividade feminina no governo, ele terceiriza a responsabilidade dessa avaliação quando alega que sua capacidade de indicar mulheres depende das opções dos partidos aliados. Ele expressa seu desejo de aumentar a presença feminina em seu governo, mas ressalta as dificuldades que enfrenta para atingir essa meta, considerando as alianças partidárias. Lula enfatiza que sua disposição de indicar mais mulheres não é acompanhada pela possibilidade real de fazê-lo e que a falta de representatividade feminina o incomoda.

O presidente admite que opções para incluir mais mulheres no governo são limitadas pela disponibilidade de candidatas nos partidos aliados. Apesar de seu compromisso em indicar mais mulheres, ele destaca que a mudança nem sempre é possível, dada a escassez de candidatas.

O compromisso de Lula em não levar em consideração o gênero ao escolher candidatos para cargos de liderança se estende a sua decisão sobre a vaga no Supremo Tribunal Federal, onde os principais candidatos cotados são homens, ele afirma que não considerará o critério de gênero ao fazer sua escolha, concentrando-se em indicar alguém de sua confiança, com quem tenha afinidade pessoal e que defenda pautas progressistas. Os principais cotados para a vaga são homens.

A demissão de Serrano é um retrocesso para a representatividade feminina no governo brasileiro. É um sinal de que o Centrão, que já domina o Congresso, está agora também controlando o Executivo. O que tem incomodado os apoiadores e com razão está relacionado com a representatividade feminina no governo, que vem perdendo espaço para acomodar aliados políticos do Centrão, enquanto ele responsabiliza os partidos por não indicarem mais mulheres, o presidente até mostra vontade de aumentar a presença feminina no governo, mas enfrenta desafios nesse sentido devido às alianças partidárias e à escassez de candidatas.

E AGORA?– Quem será a próxima mulher a perder um cargo no alto escalão do governo?

Fonte:Blog Ponto de Vista.

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