Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e fundador da Cenário Inteligência, Pesquisas e Estratégias, o cientista político Adriano Oliveira analisou o cenário eleitoral que se desenha para o pleito municipal de 2024 e disse que a tendência é de que o Partido Liberal (PL) encontre dificuldades em eleger prefeitos na região Nordeste.
De acordo com o pesquisador, a popularidade do presidente da República exerce poder de influência em disputas majoritárias, o que pode resultar em uma melhora ou piora no desempenho dos candidatos a prefeito. E citou como exemplo o resultado das urnas em 2008, período em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a alcançar um índice de aprovação popular de cerca de 70%.
“Se o atual presidente conseguir chegar em 2024 com um percentual de 50% e, em particular, no Nordeste, com algo em torno de 60% a 65%, é óbvio que, na região, o PT vai, sim, ter mais chances de ‘fazer mais prefeituras’ que o 22 [do PL de Jair Bolsonaro]”, explicou Oliveira.
Apesar da avaliação, o professor ressaltou que, caso o terceiro mandato de Lula, “em um cenário remoto, se configure uma tragédia econômica”, seriam então reduzidas as chances de o partido sair das urnas em 2024 com um número maior de prefeitos eleitos em relação ao pleito de 2020.
A análise põe os holofotes no destino político do grupo liderado pelo ex-prefeito do Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, presidente do PL em Pernambuco. Padrinho político do prefeito – e sucessor – Mano Medeiros (PL), Anderson carrega sobre os ombros o desafio de reeleger o aliado sob o risco de perder o comando da segunda maior cidade do estado e principal reduto eleitoral do clã Ferreira.
Mano é filiado ao PL e aliado de Jair Bolsonaro, tendo atuado como cabo eleitoral do ex-presidente ao longo de toda a campanha de 2022. Esse alinhamento pode vir a embaraçar uma eventual reeleição do gestor caso se mantenha ou aumente o desgaste na imagem do hoje presidente de honra do Partido Liberal. No entanto, se optar por “abafar” a aliança com Bolsonaro, Mano corre o risco de ser taxado de “traidor” pela ala bolsonarista e conservadora da direita.
“As notícias de cunho negativo que têm sido veiculadas, os julgamentos que estão por vir, as ações em análise nas mais diversas instâncias do Judiciário irão, naturalmente, provocar danos à imagem [do ex-presidente”, cravou Oliveira, ao observar que, em disputas proporcionais, o partido se mantém estrategicamente importante, mas deve ter reduzido o número de prefeituras em 2024, principalmente no Nordeste.
Ao que tudo indica, a disputa no próximo ano no município vai contar com nomes de peso, a exemplo da deputada federal Clarissa Tércio (PP) e do ex-prefeito Elias Gomes (PT). Clarissa conta com o apoio do deputado federal Eduardo da Fonte, presidente do PP em Pernambuco, enquanto Elias, recentemente filiado ao Partido dos Trabalhadores, tem em seu palanque siglas como o PV do deputado federal Clodoaldo Magalhães e o PCdoB de Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Um cenário que aponta para um possível segundo turno e indica que o Jaboatão dos Guararapes vai ter uma das mais acirradas eleições de Pernambuco em 2024.
Fonte: FalaPE.
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