terça-feira, 1 de dezembro de 2020

João Campos realça "frente sólida" contra "partido isolado"

 

A construção vigente que pode levar PSB e PDT de mãos dadas até 2022 e que tem, hoje, o Recife como um de seus principais pontos de partida chegou a ser ensaiada ainda em 2016, também na Capital pernambucana. Naquele ano, Isabella de Roldão, hoje vice-prefeita eleita na chapa de João campos, viu sua pré-candidatura à prefeitura da Capital ser rifada em prol de um apoio ao projeto de reeleição do prefeito Geraldo Julio. Tal movimento encabeçado pelo presidente do PDT-PE, Wolney Queiroz, e por Carlos Lupi, dirigente nacional, tinha , ali, originalmente, o condão de ser a semente para a disputa presidencial de 2018. A construção, no entanto, esbarrou mais adiante, exatamente, no projeto presidencial do PT. Em outras palavras, para apoiar a candidatura do governador Paulo Câmara à reeleição, os petistas impuseram uma condição: o PSB não poderia apoiar Ciro Gomes na corrida pelo Planalto. Priorizando, ali, a retirada de Marília Arraes da disputa pelo Governo de Pernambuco, os socialistas, então, se submeteram a declarar neutralidade na corrida presidencial. Àquela altura, José Queiroz, ex-prefeito de Caruaru, já figurava como um nomes que ocupariam um das vagas do Senado, ao lado de Jarbas Vasconcelos, na chapa com o governador de Pernambuco.

A costura foi toda desfeita, Queiroz acabou substituído por Humberto Costa, deixando uma ferida aberta com Ciro e com o PDT, que parece começar a cicatrizar agora. De lá para cá, cada vez mais, a característica de "hegemonista" passou a ser atribuída por aliados ao PT. Este ano, após o partido sair das urnas sem conquistar uma Capital sequer, lideranças do campo progressista não economizam as chances de passar na cara do PT que as tentativas de voo solo da sigla só tem resultado em mais isolamento. O coro, que já foi cantiga só de Ciro, outrora magoado, se tornou quase unânime nas esquerdas. Agora, quando aquela construção de 2016 parece ter sido reproduzida de maneira mais sólida no Recife, João Campos, que contou com a presença de Ciro numa série de atos de campanha seus no 2º turno, realça a presença de siglas como PDT, PCdoB, Rede, entre outras, em sua aliança para deixar, nas entrelinhas, um recado ao PT: "Quando se constrói uma frente sólida, ela sempre vai ter maior identidade ou força do que um partido isolado". João fez a declaração em entrevista, ontem, à CBN Recife. Dá eco, assim, ao que aliados, cada vez mais, repisam: o PT não deve ser o protagonista de 2022.

Apesar de você...
A despeito de o PT ter externado queixas e reação à campanha de desconstrução da qual foi alvo, no 2º turno, e aos duros ataques feitos pelo PSB em campanha permeada por aparição de panfletos apócrifos, lambe lambes e fake news, o prefeito eleito João Campos minimiza esse ambiente: "Chego aqui com sentimento de dever cumprido. Vencemos eleições porque tivemos coerência na caminhada, tivemos capacidade de dialogar e unir".

Pão...> Nas coxias, o que se fala é que o PT foi tratado "a pão de ló, como dizia Brizola", pelo PDT em 2018. Mas a ausência de recíproca teria deixado marcas nos pedetistas. 

...de ló > Recordam integrantes da Frente Popular que assim que o senador Humberto Costa venceu a eleição, em 2018, o partido avançou para tirar a Secretaria de Agricultura, até então, comandada por Wellington Batista, do PDT. Hoje, a pasta segue com o PT.

Refluxo > Enquanto há expectativa de que partidos como PP, PSD, Republicanos e MDB sejam reacomodados no Governo do Estado, inclusive em espaços, hoje, ocupados pelo PT, há, em paralelo, uma previsão de que o PDT seja contemplado, mas na Prefeitura do Recife. Partido mira pasta de Agricultura no Estado.

Fonte: Folha de PE.

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