terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Menudos e mãos calejadas

 

Com exceção do secretário de Educação, Fred Amâncio, já testado e aprovado em gestão pública, com muita eficiência, diga-se de passagem, pelo menos os nomes do secretariado de João Campos anunciados ontem são um tiro no escuro. Currículo podem até ter – e são invejáveis alguns – mas falta experiência no trato da coisa pública para a maioria.

O prefeito eleito, por si só, já é muito jovem, com passagens apenas pela chefia de gabinete do governador antes de largar para disputar um mandato de deputado federal. Seria mais aconselhável mesclar a jovialidade com os cabelos brancos, já que ele deseja imprimir um estilo arrojado, apostando em cima da juventude, de um modo diferente e inovador.

Tocar uma cidade problemática como o Recife, com uma extensão de natureza econômica e social, não é tarefa fácil, principalmente num cenário deserto de expectativas promissoras. Geraldo passa o Governo para o sucessor com caixa zerado, dívidas que contraiu para amortização a longo prazo, um quadro de inchaço pessoal e quase sem capacidade de contrair novos financiamentos.

Pesa contra João, ainda, o fator relação Governo Federal. Pega de proa um presidente já em pré-campanha para reeleição, que não tem interesse em ajudá-lo, já de olho na construção de um palanque no Estado que possa ser competitivo, capaz de tirar o PSB do poder, partido que em nível nacional tem feito oposição de confronto ao Planalto.

Não seria exagero, por fim, concluir que os nomes escolhidos por João, além de desconhecidos, se encaixam no chamado perfil de menudos. Ninguém faz Governo sem apostar em novos talentos e formação de quadros, mas quando o quadro se apresenta adverso, uma tempestade a ser enfrentada sem saber em que direção o vento fará estragos, melhor buscar sabedoria e experiência em mãos calejadas pelo tempo na vida pública.

Volta às origens – Desligado do Governo, ontem, por meio de uma carta em caráter irrevogável ao governador Paulo Câmara, o agora ex-chefe da Assessoria Especial, médico Antônio Carlos Figueira, volta a se dedicar ao Imip – Instituto Materno e Infantil de Pernambuco. Há quem possa ter estranhado a sua saída depois de dez anos no poder, mas Figueira, na verdade, fez uma espécie de sacrifício para entrar na vida pública atendendo a uma convocação do ex-governador Eduardo Campos. Volta ao Imip para incrementar a faculdade por excelência da instituição.

Saída lamentada – Mesmo não sendo da área, médico por vocação e ofício, Figueira chegou a cuidar da área política do Governo, assumindo a Casa Civil. Abriu o gabinete para as lideranças do Interior com tamanha disposição que logo passaram a aduzir que ele seria candidato a senador, mas o tempo se encarregou de mostrar que sua passagem pelo Governo se traduziu apenas num grande aprendizado. Resta saber se o seu sucessor terá tamanha capilaridade. “Fará muita falta”, diz um interlocutor do governador que tem por Figueira enorme admiração.

Proibições – O Recife proibiu que sejam fixados cadeiras, bancos, mesas, toldos, som e coolers na faixa de areia e no calçadão da cidade, durante o réveillon, celebrado na madrugada da próxima quinta-feira para a sexta-feira (1º). No dia 7 de dezembro, o Governo do Estado proibiu festas de Ano Novo devido à pandemia da Covid-19. Não poderá ser instalado qualquer objeto ao longo das praias do Recife na virada do ano, e o comércio de quiosques, barracas e ambulantes pode ocorrer apenas até as 17h da quinta-feira. A tradicional queima de fogos não ocorrerá na virada de 2020 para 2021.

Secretário – Depois de oito anos batendo ponto no Palácio do Capibaribe, eleito pelo ex-governador em cima do mote “Foi Geraldo que fez”, o atual prefeito do Recife terá um gabinete na gestão Paulo Câmara para não sair da mídia com vistas ao projeto de disputar a sucessão estadual em 22. Fala-se em duas pastas: Planejamento ou Desenvolvimento Econômico. Inicialmente, ele sonhou mais alto: a presidência nacional do PSB, mas o presidente Carlos Siqueira, na função desde a morte de Eduardo, cumpre bem a tarefe de agradar aos gregos e troianos socialistas do Oiapoque ao Chuí.

CURTAS

SEM APOIO – Parlamentares e dirigentes de PT, PSB, PDT e PCdoB participaram, ontem, em Brasília, da primeira reunião de campanha com o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), pré-candidato a presidente da Câmara, mas adiaram um anúncio oficial de apoio ao emedebista. O encontro foi articulado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na linha de frente para derrotar o candidato do Governo, o deputado alagoano Arthur Lira (PP-AL).

CONDIÇÕES – Ainda no encontro, os partidos cobraram que ele se comprometa publicamente a dar espaço à oposição na Casa se vencer a eleição interna, e não barrar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e convocações de ministros do governo Jair Bolsonaro, além de pautar projetos de decreto legislativo, capazes de derrubar decretos presidenciais.

Perguntar não ofende: Cadê a reforma dos secretariados de Olinda e Jaboatão?

Fonte: Blog do Magno Martins.


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