Como o juro brasileiro é maior que o americano, é possível ganhar dinheiro pegando-o emprestado nos EUA e o aplicando por aqui. Essa estratégia de investimento é chamada carry trade, e tende a ficar mais vantajosa com a queda das taxas americanas.
Além disso, os nossos ativos de renda variável têm um maior potencial de valorização, dizem especialistas.
Segundo Nicholas McCarthy, diretor de investimentos do Itaú, o Ibovespa, principal índice da B3, está cerca de 20% abaixo da sua média histórica.
“Ou seja, a Bolsa pode subir 20% e simplesmente voltará à média histórica brasileira. Há bastante espaço para a Bolsa andar, e, com os juros caindo, esse cenário pode se concretizar”, diz o especialista.
Segundo um levantamento da corretora Rico, historicamente os setores da Bolsa que mais se beneficiaram em ciclos de quedas de juros e ainda não se recuperaram no atual ciclo são: agronegócio, alimentos e bebidas, bens de capital, elétricas, instituições financeiras, saneamento e transportes.
Nesses setores, a corretora recomenda o investimento em Itaú, Banco do Brasil, BB Seguridade, Alupar, Isa Cteep e Assaí. Outra ação bem avaliada fora desse escopo é a Petrobras.
Koesterich, da BlackRock, prefere as ações dos EUA, especialmente as ligadas à inteligência artificial, ao onshoring (busca por fornecedores do mesmo país) e ao setor de saúde.
“Empresas americanas são mais resilientes. O mercado lá não é barato, mas, se você olha para além das ‘Magnificent Seven’, ele não parece tão caro. Ações de energia estão bem baratas”, diz o estrategista.
Magnificent Seven, em referência ao filme homônimo, trata das sete gigantes que puxaram o mercado acionário em 2023: Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple, Meta (ex-Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla. Juntas, elas correspondem a 29% do principal índice acionário do mundo, o S&P 500, que acumulou uma alta de 22% neste ano, até a última sexta (22).
“Como essas sete tiveram um ano forte, as boas oportunidades estão em outros setores e empresas”, diz Daniel Martins, presidente da GeoCapital, gestora focada em ações estrangeiras.
Ele recomenda empresas de biotecnologia e energia limpa, além de papéis de Disney, Estée Lauder, Moderna, Novo Nordisk -que produz o Ozempic-, Palo Alto Networks, Crowdstrike -ambas de cibersegurança- e Albemarle, de mineração e processamento de lítio.
“Também gostamos de empresas de viagem, como a Booking e Visa, que têm boa margem de ganho com viagem para o exterior”, afirma Martins.
Todas essas companhias estão presentes na Bolsa de Valores brasileira sob a forma de BDRs (recibos de ativos listados no exterior). Mas, além da variação da ação estrangeira, eles também refletem a oscilação do dólar, já que são cotados em reais por aqui.
Marina, da Blackbird, faz um alerta. “Se você é conservador, não importa se é o melhor momento para Bolsa, o melhor é não comprar. Coloque um título prefixado e um título IPCA+ na carteira que já aumenta o seu risco.”
Além de ter uma carteira adequada ao seu perfil de risco, é preciso garantir a reserva de emergência antes de investir. Ela deve ser equivalente a, no mínimo, seis meses de gastos e estar aplicada em CDBs de grandes bancos com liquidez diária ou no Tesouro Selic.
“Depois de fazer a reserva, é preciso saber no que investe e não esperar milagres”, diz Rachel de Sá, da Rico.
Rentabilidade bruta esperada para a renda fixa em 2024:
Fonte: C6 Bank
– Poupança: 8,07%
– Tesouro Selic 2026: 10,56%
– CDB, a 104% do CDI: 10,84%
– CDB/RDB/LC, a 112% do CDI: 11,67%
– LCI/LCA/Debênture incentivada, a 96% do CDI: 10%
– CDB/RDB/LC, a IPCA + 6,65% ao ano: 10,82%
– CDB/RDB/LC prefixados, a 11,75%: 11,75%
Rentabilidade líquida real* esperada para a renda fixa em 2024:
*descontando o IR e o IPCA projetados
– Poupança: 4,14%
– Tesouro Selic 2026: 4,57%
– CDB, a 104% do CDI: 5,01%
– CDB/RDB/LC a 112% do CDI: 5,70%
– LCI/LCA/Debênture incentivada, a 96% do CDI: 6,07%
– CDB/RDB/LC, a IPCA + 6,65% ao ano: 5%
– CDB/RDB/LC prefixados, a 11,75%: 5,76%
O que o mercado precifica, de acordo com a curva de juros futuros e o boletim Focus:
Fonte: C6 Bank
– Para o próximo ano:
– CDI anual de 10,42% e inflação anual de 3,93%
– Para os próximos dois anos:
– CDI anual de 10% e inflação anual de 3,50%
– Para os próximos cinco anos:
– CDI anual de 10,53% e inflação anual de 3,50%
Rentabilidade anual dos principais títulos do Tesouro Direto ao fim de 2023:
Fonte: Tesouro Direto
– Tesouro prefixado 2026: 9,64%
– Tesouro prefixado 2029: 10,14%
– Tesouro Selic 2026: Selic + 0,0427%
– Tesouro Selic 2029: Selic + 0,1622%
– Tesouro IPCA+ 2029: IPCA + 5,17%
– Tesouro IPCA+ 2035: IPCA + 5,31%
– Tesouro IPCA+ 2045: IPCA + 5,50%
Fonte: Jornal de Brasilia.
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