Tem recaído sobre os ombros do senador Humberto Costa a responsabilidade pelo cada vez mais insustentável clima de dissidência interna nas hostes do Partido dos Trabalhadores. Considerado a principal liderança da legenda no estado, as decisões do parlamentar têm afetado e apequenado o discurso e o posicionamento ideológico da sigla, e, de certa forma, ignorado a militância orgânica.
Humberto acumula hoje os cargos de vice-presidente nacional do partido e de presidente do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT. Esses postos lhe dão certa autonomia para conduzir discussões em torno de eventuais alianças, mas, nem de perto, essa autonomia deveria resultar uma espécie de salvo-conduto para impor ambições pessoais sobre o desejo da maioria.
Esse comportamento de Humberto tem sido observado de perto a nível estadual e suscitado debates internos e declarações públicas que têm se tornado frequentes. A base para todo esse mal-estar é uma só: o jogo duplo do petista em relação ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), e à governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
Em agosto, a executiva estadual do PT emitiu uma resolução na qual decidiu caminhar no campo de oposição ao Palácio do Campo das Princesas, ao passo em que a absoluta maioria defendeu a continuidade da aliança com o PSB no Recife. Mas esse entendimento tem sido posto em prática apenas em partes.
Humberto não poupa esforços para reaproximar o PT da atual gestão do Governo de Pernambuco. Isso pode ser visto com facilidade no aumento da frequência de agendas entre parlamentares estaduais e federais da sigla com o secretariado e, até mesmo, ao lado da governadora, em particular, a senadora Teresa Leitão e o deputado estadual João Paulo. Essa movimentação ocorre concomitantemente junto às articulações para ocupar a vaga na vice da pré-candidatura de João à reeleição em 2024.
Sabe-se que em política costuma não dar muito certo a estratégia de servir a dois senhores. Ainda mais quando esses dois senhores caminham em campos opostos. Basta saber até onde esse esticar de corda de Humberto vai se sustentar. A resposta tende a surgir dentro do próprio ninho do PT.
Fonte: FalaPE.
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