"Essa não é agenda do País, é agenda estéril, apenas para tumultuar. Serve apenas para radicalização". A avaliação é do deputado federal e presidente do MDB-PE, Raul Henry, relator do voto vencedor, pela rejeição e arquivamento da PEC 135/19, de autoria da deputada Bia Kicis, a qual torna obrigatório o voto impresso. A escolha de Henry para relatar a proposta, ontem, na comissão especial dedicada ao tema, se deu depois que o susbtitutivo apresentado pelo relator Filipe Barros, a favor de voto impresso com contagem manual, foi derrotado por 23 a 11. Diante da necessidade de um relatório vencedor, que negasse o anterior, para que o colegiado pudesse encerrar suas atividades, o emedebista fora designado pelo presidente da comissão, Eduardo Martins, para prepará-lo e o mesmo fora aprovado por 22 x 11. Na análise de Henry, a tese do voto impresso, bandeira do presidente Jair Bolsonaro, é "extemporânea, obtusa e não atende a agenda do País". À coluna, Henry argumenta: "Tem que ter outra agenda, de reforma tributária, de reforma do Estado, de retomada das aulas, de retomada da agenda social efetiva". A avaliação de Henry sobre o esforço que Bolsonaro está despendendo em favor de uma retomada do voto impresso, arrastando o Judiciário e a sociedade civil insistentemente para tal debate, coincide com a de outro deputado da bancada pernambucana.
Na mesma linha, Silvio Costa Filho, presidente estadual do Republicanos, adverte: "O presidente Bolsonaro chega ao seu terceiro ano de governo, tendo como principal bandeira o voto impresso e isso só apequena seu governo. Ele deveria estar focado na economia e na retomada da agenda social do Brasil". A despeito de a bandeira bolsonarista ter sido derrotada na comissão, a matéria será levada a plenário. A decisão foi anunciada ontem pelo presidente da Câmara , Arthur Lira. Indagado, Henry diz que ainda não sabe se será o relator em plenário. Mas, desde já, não titubeia sobre o placar: "Meu sentimento absolutamente convicto é de que essa proposta do voto impresso não passa no plenário". Há uma semana, o sentimento de Lira parecia ser o mesmo do emedebista. Em live do Conjur, o progressista declarara: "O resultado da comissão impactará se esse assunto vem ao plenário ou não. Na minha visão, tudo indica que não”. Os ventos mudaram.
Mudança de temperatura
Arthur Lira lembrou, há oito dias, haver PEC aprovada no Senado, referente ao voto impresso, desde 2015 e que, portanto, "votar uma 2ª PEC na Câmara para que depois ela vá ao Senado ter o mesmo destino" seria "perda de tempo". Ontem, ele pareceu relativizar o tempo e avisou que levará a plenário mesmo assim.
Outra frente > Arthur Lira ficou de fazer uma conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para aferir o que, da reforma política, é possível de passar no Senado.
Volta para o futuro > O clima mudou na Câmara Federal. Da última quarta-feira para cá, uma adesão mais intensa ao distritão acendeu o sinal amarelo em parlamentares. Em reuniões reservadas, um movimento começou a se formar em torno de uma retomada do antigo sistema de coligações.
Bolsa de... > "Meu sentimento é de que não há chance de permanecer como está. Ou é distritão, ou voltam as coligações", aposta o líder do PDT, Wolney Queiroz, à coluna.
...apostas > "É muito pouco provável que esse modelo que está vigorando permaneça. Hoje, existem votos na Câmara para passar o distritão. Mas existe possibilidade de um entendimento para a a volta das coligações", assinala Silvio Costa Filho à coluna.
Fonte :Folha de PE.

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