quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Raquel, a coveira do PSDB

De fato, a governadora Raquel Lyra é uma política diferenciada, capaz de ir aos funerais do seu próprio partido, o PSDB, – o pula fora de uma das lideranças mais expressivas da legenda, Armando Monteiro Neto. Na filiação do ex-senador ao Podemos, segunda-feira passada, ela se comportou como se estivesse numa festa, quando, na verdade, o que se viu lá foi o enterro da legenda que preside no Estado.

Raquel já fez história como dirigente partidária: é a coveira da legenda tucana em Pernambuco. Sob a sua batuta, mesmo com a caneta do poder estadual recheada, o PSDB cresceu feito rabo de cavalo – para baixo. Nunca se viu algo tão fantástico! Pelas suas mãos, sequer um partido consegue robustez. Mesmo Armando afirmando um dia antes que ela não cuidou do partido, foi lá comemorar a saída do aliado. Passou, literalmente, seu atestado de coveira em Pernambuco de um dos maiores partidos da República.

A governadora chegou ao comando da legenda em Pernambuco pelas mãos do próprio Armando, remanescente do PTB de Roberto Jefferson. Ninguém nunca entendeu, aliás, como o ex-senador conseguiu militar por tanto tempo numa legenda presidida nacionalmente por um político com o viés tão contraditório. Se Raquel, segundo ele, não cuidou do PSDB, não há registros de esforços dele para o engrandecimento tucano no Estado.

Raquel não esteve num enterro simbólico de um partido qualquer. Fundado em 1988 e registrado definitivamente em 1989, o PSDB surgiu a partir de uma cisão do MDB que mesclava a social-democracia, a democracia cristã, liberalismo econômico e social. Seu símbolo virou um tucano nas cores azul e amarela e chegou ao Planalto com Fernando Henrique Cardoso embalado pelo sucesso do Plano Real.

Entre os fundadores do novo partido estavam Franco Montoro, José Serra, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, escudados por Sérgio Motta, Magalhães Teixeira e Geraldo Alckmin. Fora de São Paulo o novo partido arregimentou Pimenta da Veiga, Eduardo Azeredo, José Richa, Artur da Távola, Célio de Castro, Afonso Arinos, Chagas Rodrigues, Almir Gabriel, Teotônio Vilela Filho, Aécio Neves, Arthur Virgílio, João Gilberto Lucas Coelho e Maria de Lourdes Abadia.

Posteriormente, outros políticos, como Tasso Jereissati e Ciro Gomes, também migraram para o partido. Em Pernambuco, sua maior liderança foi o ex-senador Sérgio Guerra, que coordenou a campanha do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, e no ano seguinte foi eleito presidente nacional do PSDB no lugar do então senador Tasso Jereissati (CE).

Em 2009, Sérgio Guerra tentou formalizar um acordo com os pré-candidatos à Presidência da República pelo partido, o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o de São Paulo, José Serra. A proposta não vingou e Serra, candidato do partido, foi derrotado por Dilma Rousseff.

Reinado de ouro – Em 2010, o PSDB chegou a ter cinco indicados pela Revista Época entre os cem brasileiros mais influentes do ano: Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente), José Serra (ex-governador de São Paulo), Aécio Neves (ex-governador e senador eleito por Minas Gerais), Geraldo Alckmin (governador eleito de São Paulo) e Antonio Anastasia (governador de Minas Gerais). Em 2011, o partido formou a terceira maior bancada na Câmara, com 53 deputados federais, e a terceira maior no Senado, com onze eleitos. O candidato Aloysio Nunes foi eleito Senador por São Paulo com onze milhões de votos.

O ciclo Sérgio Guerra – Pelas mãos de Sérgio Guerra, o PSDB ganhou força e projeção em todo o Estado, entrando fortemente na Região Metropolitana. Disputou a Prefeitura do Recife com Daniel Coelho, hoje no Cidadania, e chegou ao comando da Prefeitura de Jaboatão com Elias Gomes e em Ipojuca com Carlos Santana. Pelas mãos de Guerra, o então deputado Bruno Araújo, que presidiu a legenda recentemente, virou ministro das Cidades e o partido elegeu três deputados federais em 2010: o próprio Guerra, Bruno Araújo e Bruno Rodrigues.  Na Assembleia Legislativa, elegeu sete deputados: Antônio Moraes, Betinho Gomes, Raimundo Pimentel, Emanuel Bringel, Claudiano Martins, Carlos Santana e Terezinha Nunes, além de 26 prefeitos.

O ocaso nacional – O PSDB começou a perder aderência em 2021, quando anunciou que faria uma prévia presidencial para escolher o candidato ao Planalto. Mediram forças João Doria, governador de São Paulo, e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. João Doria vencedor, porém renunciou sua candidatura devido à oposição interna. Após isso, o PSDB apoiou a candidatura de Simone Tebet e anunciou Mara Gabrilli como vice na chapa.

Mais um dia para emendas – O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prorrogou em um dia o prazo para que os congressistas apresentem emendas à LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias). Inicialmente previsto para encerrar amanhã, o prazo irá até a próxima sexta-feira, às 16 horas. Nesta semana, deputados e senadores podem fazer propostas individuais de emenda para o texto da LDO em discussão na CMO (Comissão Mista do Orçamento). A previsão é que a proposta final seja votada na próxima semana na comissão.

Cid retoma PDT de Ciro – O Tribunal de Justiça do Ceará decidiu suspender o processo ético-disciplinar aberto pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) – que destituiu o senador Cid Gomes (PDT-CE) da presidência da sigla no Ceará – e a intervenção nacional no diretório cearense. A decisão do juiz Cid Peixoto do Amaral Neto, da 3ª Vara Cível de Fortaleza, é uma resposta favorável da Justiça do Ceará na disputa travada entre o congressista e o seu irmão, o ex-ministro e ex-candidato à Presidência, Ciro Gomes, pelo comando do partido no Estado. Cabe recurso.

CURTAS

EM SURUBIM – Amanhã, prossigo a maratona de lançamentos da biografia de Marco Maciel pelo Agreste por Surubim. A noite de autógrafos está marcada para às 19 horas, na Câmara Municipal, com apoio da prefeita Ana Célia (PSB) e da mesa diretora da Casa, presidida pelo vereador Luciano Medeiros, o Bomba (PSB).

EM JOÃO ALFREDO – Na sexta-feira, a noite de autógrafos acontece na Câmara Municipal de João Alfredo, iniciativa do prefeito José Martins (PSB) com o presidente da Casa, Walque Dutra (PSB). Já na semana que vem, começo na segunda-feira, às 19 horas, por São Lourenço da Mata, na Câmara de Vereadores.

Perguntar não ofendeDepois de enterrar o PSDB, em qual alça de caixão partidário Raquel vai pegar?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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