sábado, 15 de outubro de 2022

Quem vota em Lula, vota em Marília?

 

Recife se vestiu de vermelho, ontem, na caminhada liderada pelo candidato do PT ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, em favor da postulante ao Governo do Estado pelo Solidariedade, Marília Arraes. Diante da gigantesca repercussão na mídia e pelas redes sociais, a pergunta que se faz é a seguinte: a força de Lula será suficiente para levar Marília a reagir nas pesquisas e deixar Raquel Lyra (PSDB) para trás?

Disputando num Estado lulista – aqui no primeiro turno o petista teve 65% dos votos – Marília aposta no casamento do voto com o candidato ao Planalto. Lula, em 2 de outubro, elegeu a senadora Teresa Leitão, mas não conseguiu a façanha de puxar Danilo Cabral, candidato a governador pelo PSB em aliança com o PT, que teve pouco mais de 18% dos votos válidos.

Danilo, é verdade, além de não ter tido a exclusividade do casamento dos votos com Lula, diante da campanha paralela de Marília exaltando o petista, foi prejudicado fortemente pela altíssima rejeição do governador Paulo Câmara, além da fadiga de material do PSB, que encerra seu ciclo de 16 anos no poder em 31 de dezembro próximo sem deixar saudade.

Estrategicamente, Marília já se rendeu ao discurso do Lula lá e ela aqui, como destacou, ontem, na passagem da caravana petista pelo Recife, e vem dando ênfase na sua propaganda no rádio e na televisão. Casadinha de voto sempre deu certo em Pernambuco, principalmente com Lula candidato. Resta saber se agora a história vai se repetir.

Teoricamente, é difícil acreditar que o eleitor de Lula, seja o petista raiz ou o lulista de coração e alma, possa votar nele descasando o voto para governador, até porque Pernambuco sofreu muito nos últimos anos, desde Dilma, depois Temer e Bolsonaro, sem ter um governador alinhado com a diretrizes do Governo Central.

Faixa no pescoço – No Recife, Lula se mostrou otimista com o resultado do segundo turno, e defendeu que caberá a Jair Bolsonaro (PL) colocar a faixa no adversário em janeiro. Em coletiva de imprensa, o petista disse que o destino de seu concorrente “está traçado”. “Vamos ganhar dele. Como nordestinos, sabemos o que ele está tentando fazer com esse dinheiro do orçamento secreto. Mas ele pode fazer o que quiser, porque o destino dele está traçado. Ele vai ter que ter humildade e, no dia 1º de janeiro, colocar a faixa no meu pescoço”, afirmou.

O milagreiro – Além de ser a grande esperança de Marília para dobrar Raquel nas urnas na disputa de segundo turno, Lula conseguiu a façanha de reagregar, no mesmo palanque, a candidata do Solidariedade com o seu primo, então desafeto, João Campos, prefeito do Recife, que a derrotou nas eleições de 2020 numa campanha ácida, com agressões até no campo pessoal.

Uso da máquina – Antes de encerrar o momento de conversa com a imprensa, Lula voltou a criticar o que chamou de uso da máquina pública para conquistar votos: “Nunca, na história deste país, um presidente do Brasil usou tanto a máquina para tentar ganhar as eleições. Ele não governa mais, ele só viaja em campanha”. O candidato também aproveitou a ocasião e garantiu que a primeira coisa que pretende fazer, “quando tomar posse”, é reunir os 27 governadores e respectivos prefeitos para discutir obras de infraestrutura voltadas para os estados.

PP sai do muro – Raquel Lyra, a candidata tucana ao Palácio das Princesas, ganhou, ontem, um reforço adicional ao seu palanque: a adesão do PP, liderado pelo deputado federal Dudu da Fonte. Além de Dudu e seu filho Lula, também eleito federal, estarão com a ex-prefeita de Caruaru 25 prefeitos, oito deputados estaduais eleitos e quatro deputados federais.

Alexandre, o presidente – Bolsonaro (PL) disse, ontem, que o ministro e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, governará o Brasil caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito em 30 de outubro.  “Por que o [Geraldo] Alckmin está lá? Não é porque o Lula botou cara que é católico, não. É porque é o cara do Alexandre de Moraes. Quem vai governar o País com Lula presidente? Vai ser Alexandre de Moraes. Alguém tem dúvida disso? Ele tem muito poder com a caneta dele, mas sabe que comigo não tem poder absoluto. Sabe disso. Temos limites”, disse Bolsonaro aos podcast Paparazzo Rubro-Negro, InstaVerde TV e Futbolaço.

CURTAS

BOLSONARISTA – De Lula, ontem, ao cravar Raquel como bolsonarista: “Eu não conheço a adversária da Marília. Não posso falar mal dela uma vírgula porque não a conheço. O que eu sei é que todas as pessoas ligadas ao Bolsonaro foram apoiar ela e não a Marília. É isso que tenho acompanhado”.

CACHIMBO DA PAZ – O prefeito do Recife, João Campos (PSB), antes de aparecer em público, ontem, pela primeira vez ao lado de Marília (Solidariedade), teve um encontro reservado com a prima na casa do deputado André de Paula, articulado pelo deputado Renildo Calheiros (PCdoB), segundo a Folha de Pernambuco.

Perguntar não ofende: Lula e Bolsonaro vão fazer a lavagem de roupa suja amanhã no debate da Band?

Fonte:Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário