Reeleito em Paulista em eleição de segundo turno, domingo passado, derrotando Francisco Padilha (PSB), candidato apoiado pelo atual prefeito Júnior Matuto, Yves Ribeiro (MDB) é, literalmente, um fenômeno na política brasileira: o que mais exerceu mandatos consecutivos entre prefeitos no País. Com a vitória, assume, aos 72 anos de idade, seu sexto mandato em três cidades diferentes, estando Paulista num embrulho social complexo da Região Metropolitana.
Natural de Igarassu, Yves iniciou a carreira política ao se eleger prefeito do município onde nasceu, tendo sido reeleito após o fim de seu primeiro mandato. Com o fim de sua gestão na cidade natal, migrou para outro município: Itapissuma. Governou a cidade por oito anos e se mudou, novamente, de município. Desta vez, elegeu-se como prefeito de Paulista, chegando ao quinto mandato consecutivo.
A sexta vitória seguida nas urnas veio no domingo passado. Venceu a disputa pela Prefeitura ao somar 57,52% dos votos válidos. Francisco Padilha (PSB) ficou em segundo lugar, com 42,48% dos votos válidos. Foi a mais retumbante derrota imposta ao PSB, que governou o município por dois anos com mão de ferro, sob a liderança de Júnior Matuto, que teve seu último ano de gestão tensionado, com denúncias de malversação do dinheiro público.
Tudo isso provocou seu afastamento por duas vezes do cargo, recompondo o mandato por força de liminar no Supremo. Com Yves de volta ao poder em Paulista, acaba-se esse ciclo de instabilidade. A cidade cria uma expectativa positiva de que dias melhores virão na geração de emprego, na execução políticas públicas que priorizem a maioria da população tão sofrida pelos desatinos da gestão que se finda.
Vez dos suplentes – Por ironia do destino, João Campos passa o bastão do seu mandato de deputado federal para Milton Coelho, atual chefe de gabinete do governador Paulo Câmara, função já ocupada pelo prefeito eleito do Recife. Em todo o Brasil, nove suplentes de deputados federais devem assumir mandatos definitivos na Câmara, após a eleição dos titulares para prefeituras nas eleições deste ano. O levantamento foi divulgado pela Secretaria Geral da Mesa Diretora. Milton só se afetiva na Câmara após a posse de João, em 1 de janeiro próximo.
Secretariado – João Campos só volta a Brasília na próxima semana. Ele passou a mergulhar, desde a última segunda-feira, dia seguinte à eleição, nas negociações para composição do seu secretariado, o que deve dar-lhe muita dor de cabeça, porque chegou ao poder embalado pela mais ampla aliança partidária da história do Recife. Todo mundo vai querer o seu naco na equipe, principalmente no primeiro escalão. O que se diz é que montará uma equipe renovada, sem aproveitar ninguém de Geraldo Júlio.
No pincel – Se isso se concretizar, para onde irão os asseclas do prefeito em fim de gestão? Vão desaguar no Governo do Estado? Com a palavra o governador Paulo Câmara, que já teve uma relação mais amistosa com Geraldo, com quem, de vez em quando, fala um dialeto diferente. O problema é que a máquina estadual já está inchada e não cabe mais tanta gente que ficará no pincel.
Resistência no PSB – O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, não dá um pio sobre o noticiário dando conta que o prefeito a caminho do desemprego, Geraldo Júlio, estaria de olho na sua função. Uma mistura de técnico, burocrata e político, Siqueira dificilmente será removido de onde se encontra para atender interesses do prefeito ligados ao processo eleitoral de 2022, quando tentará disputar o Palácio das Princesas. Vários núcleos do partido, como os de São Paulo e Rio, se opõem a qualquer tentativa de deletar Siqueira.
CURTAS
NA PRESSÃO – Grupos na Câmara e no Senado preparam ofensiva contra as possíveis candidaturas a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Circulam duas cartas para pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a não liberá-los para concorrer. O Supremo deve analisar o caso nos próximos dias. A carta que circula na Câmara tem assinaturas de PP, PL, PSD, Avante, Patriota, Solidariedade e PSC, partidos mais próximos ao governo de Jair Bolsonaro.
RECORDAR É VIVER – No primeiro turno, apenas 10 mil votos separaram João Campos de Marília Arraes. Ele teve 29,17% dos votos, enquanto a petista obteve 27,95%. Na primeira pesquisa de intenção realizada pelo Ibope após a primeira etapa de votação, a petista liderou, com 45% dos votos contra 39% do pessebista. Mais próximo do segundo turno, os dois apareciam tecnicamente empatados nos levantamentos.
Perguntar não ofende: Qual o interesse do Supremo em fazer o jogo de Maia e Alcolumbre no direito à reeleição?
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