domingo, 9 de maio de 2021

Renan quer trégua com Lira, mas CPI embaralha o jogo

 

Renan e Lira, ambos de Alagoas, protagonizam política nacional

Renan e Lira, ambos de Alagoas, protagonizam política nacional

MONTAGEM SOBRE FOTOS DO ESTADÃO CONTEÚDO

A eleição do líder do Centrão, deputado Arthur Lira (Progressistas), para a presidência da Câmara e a escolha do senador Renan Calheiros (MDB) como relator da CPI da Covid devolveram protagonismo à "República de Alagoas" no cenário nacional. Mais do que isso, transportaram para Brasília uma rivalidade que domina o Estado nos últimos anos.

À frente do Progressistas, a família de Lira desafia a cada eleição o domínio do clã Calheiros num dos Estados mais desiguais do País, famoso pelos destinos turísticos, mas que tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano e sofre para se reerguer economicamente.

Desde o governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), o presidente que renunciou para não sofrer impeachment, Alagoas não figurava com tanto destaque nesse jogo do poder com reflexos não só no Congresso como no Palácio do Planalto. A força dos clãs Lira e Calheiros e a projeção do deputado e do senador se explicam pelo controle da máquina partidária do Progressistas e do MDB no Estado.

Agora, as rivalidades também estão expostas na CPI da Covid. Lira sempre discordou da abertura da comissão. Disse várias vezes que a investigação é inoportuna e serve mais à "briga política e ideológica".

Para o presidente da Câmara, a CPI não terá efeito imediato, interpretação oposta à de Renan, que vê o governo cada vez mais pressionado a agir. Na lista das divergências, outro destaque: Lira apoia o presidente Jair Bolsonaro, enquanto Renan é aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro e Lula prometem se enfrentar na disputa de 2022. Mas onde estarão os dois alagoanos? "Desde 2014, tenho tentado fazer aliança com Arthur Lira. Ele que não quer. Eu sempre quis que a gente subisse junto no palanque", disse o relator da CPI ao Estadão.

Feijoada

No 1º de Maio, um sábado, os dois demonstraram descontração num almoço oferecido pela senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO), em Brasília. A feijoada preparada por Moisés, marido de Kátia, animou o encontro e serviu para Renan se aproximar do antigo adversário.

"Eu disse ao Arthur Lira que, no fundo, fiquei orgulhoso com a vitória dele. Torci pelo Baleia, mas a vitória do Lira é significativa. Foi a vitória da política", afirmou Renan. "Sei o que é uma pessoa de Alagoas se tornar presidente da Câmara", afirmou ele, que foi presidente do Senado por três períodos e pretende disputar mais uma vez o cargo, em 2023. Em fevereiro deste ano, o MDB de Renan ficou contra Lira e apoiou a candidatura de Baleia Rossi (SP).

Naquele Dia do Trabalho, o almoço na casa de Kátia reuniu também o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e os ministros do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas e Vital do Rêgo Filho, além do ex-presidente do TCU José Múcio Monteiro.

Fonte: por Agência Estado - Política.

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