sábado, 7 de março de 2020

Oposição refém de Marília

O bloco de oposição no Recife anda, hoje, a reboque do PT, dependendo da decisão que o partido tomará quanto à tese da candidatura própria. Se Marília Arraes for de fato confirmada no páreo, os pré-candidatos Daniel Coelho (Cidadania) e Mendonça Filho (DEM) serão obrigados a materializar o acordo previamente acertado, de um abrir para o outro. Caso o PT se componha com o PSB, descartando Marília, a oposição terá que adotar a estratégia das múltiplas candidaturas para forçar o segundo turno.
Neste cenário, Mendonça e Daniel disputam em faixa própria e contam também com a candidatura da delegada Patrícia Domingos, do Podemos, para garantir o segundo turno. Quem fizer a melhor campanha e cair no gosto popular galvanizando o sentimento de mudança que será posto nas ruas pela sociedade tem passaporte carimbado para o segundo turno com o apoio dos demais.
Isso, claro, raciocinando com a hipótese de que o pré-candidato do PSB, João Campos, tem lugar garantido na batalha final, não pela densidade eleitoral nem ser imbatível, mas pela força das duas máquinas que moerão em seu favor: a do Estado e a da Prefeitura do Recife, ambas nas mãos de aliados socialistas, o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Júlio, respectivamente.
Ainda sobre o cenário de Marília candidata, mesmo a oposição construindo uma só candidatura entre Mendonça e Daniel, as chances da eleição ser polarizada entre a petista e João são muito grandes, reduzindo também o poder de fogo da delegada Patrícia Domingos, vista como uma azarona. Esta polarização tem um ingrediente pelo meio que merece outra reflexão: o comportamento do grupo petista de Humberto Costa e dele próprio ao longo da campanha.
Dá para acreditar? – Quanto a isso, Humberto garante que se a direção nacional do PT fechar pela candidatura de Marília fará a campanha dela, descartando qualquer possibilidade de cruzar os braços ou adotar a postura do corpo mole. Resta saber se o seu grupo, que detém 400 cargos no Estado e na Prefeitura do Recife seguirá a mesma cartilha, não conspirando contra a petista e pedindo às escondidas voto para João Campos. “Não temos tradição de corpo mole, não é do nosso feitio”, antecipa Humberto, adiantando que vai trabalhar até o fim pela manutenção da aliança do PT com o PSB.
Na reta final – O affair Marília pode ter um desfecho no final da próxima semana, segundo uma fonte candanga do PT. A direção nacional só estaria à espera da volta do ex-presidente Lula, que foi pedir o perdão dos seus pecados ao Papa e depois receber uma homenagem na França. A pré-candidata tem reclamado da perda de tempo para definir a estratégia de sua campanha, fase importante para colocar o nome nas ruas, como já vem fazendo há muito tempo o pré-candidato do PSB, João Campos, até em atos oficiais da Prefeitura do Recife.
Entrou na ata – O chorão Túlio Gadelha, que consumiu todos os pacotes de lenço que estavam à disposição do PDT na eleição que levou Wolney Queiroz à liderança do partido na Câmara, cuidou de espalhar a versão de que o presidente nacional da executiva, Carlos Lupi, com quem bateu de frente tentando derrotar o seu candidato na disputa pela liderança das Minorias, não teria registrado em ata o seu pedido de desistência da pré-candidatura à Prefeitura do Recife. Segundo deputados ouvidos pelo blog, Lupi fez o devido registro, mesmo sabendo que Gadelha estava fora de si.
Razão da briga – Enquanto o chorão teve apenas dois votos para líder das Minorias, o novo líder do PDT na Câmara, Wolney Queiroz, saiu consagrado das urnas internas da bancada, com a unanimidade dos 28 parlamentares. Gadelha e Wolney não se bicam. A animosidade é antiga, desde o tempo em que o seu pai, deputado estadual José Queiroz, na condição de presidente da executiva em Pernambuco, confiou a ele uma missão partidária que acabou sendo desviada em benefício dele próprio, no caso o namorado de Fátima Bernardes.
CURTAS
CAFÉ MAIS DOCE – O deputado Alberto Feitosa tem alertado o presidente do seu partido, o Solidariedade, Augusto Coutinho, para a necessidade de uma candidatura própria no Recife. Na última quarta-feira, eles trocaram um longo telefonema. Feitosa coloca seu nome à disposição do SD para entrar na sucessão municipal e mostra, com um raciocínio lógico, que para o futuro do partido no Recife e no Estado apostar na sua candidatura seria mais negócio, com chances de fazer, inclusive, a sua própria bancada de vereadores. Mas o café palaciano parece ser mais doce para Coutinho.
MUDANÇA – O deputado Eduardo da Fonte, principal liderança do PP no Estado, perdeu o controle do Metrô do Recife. Na construção de uma solução mediada pelo coordenador da bancada federal, Augusto Coutinho, o sucessor foi indicado pelo deputado Silvio Costa Filho, na cota do Republicanos. Trata-se do advogado Thiago Pontes, servidor de carreira do órgão, técnico qualificado. Já a CBTU, a quem o Metrô é vinculado, permanece sem mudanças, sob o comando de José Marques, o manda-chuva do pedaço, ligado ao ministro Rogério Marinho.
SANTA MARIA – Por falar em PP, o presidente Eduardo da Fonte abona, hoje, a ficha de filiação de George Duarte, irmão do ex-prefeito de Santa Maria da Boa Vusta, Leandro Duarte, às 17 horas, no espaço de eventos Nossa Casa, próximo a Igreja Comunidade da Graça. Contará com a presença também do próprio Leandro e da deputada estadual Roberta Arraes, além do presidente do diretório municipal do Recife, Jorge Miranda. George sai candidato a prefeito em Santa Maria com chances reais de vitória.
Perguntar não ofende: Com as centrais sindicais falidas, quem vai bancar a manifestação de rua do dia 15 de março?

Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário