
Se os policiais militares colocarem como principal pauta na mesa de negociação com o Governo o reembolso dos descontos no Funafim, o fundo previdenciário da categoria, referentes a janeiro e fevereiro, podem até se dar bem, mas, estrategicamente, correm o risco de enfraquecimento perante o poder na negociação dos seus salários. A Polícia Civil já está num processo bem mais adiantado.
Delegados convocaram, para a próxima segunda-feira,16, uma assembleia-geral para discutir se aceitam a proposta que o Governo já fez à categoria. Enquanto isso, a Polícia Militar, a maior tropa de fato da segurança do Estado, não recebeu ainda nenhum tipo de sinalização para abertura de uma rodada de negociações. Ao ceder na devolução do que recolheu ilegalmente, o Governo pode encorpar o discurso contra o aumento.
Pelo menos, essa é a voz corrente na Polícia depois que inativos e pensionistas da PM chiaram contra o recolhimento em duplicidade – janeiro e fevereiro – das contribuições previdenciárias com aumento da alíquota em 9,5%, conforme aprovado na reforma da Previdência. No final da tarde de ontem, o deputado Alberto Feitosa (SD) recorreu judicialmente da decisão do Governo, atendendo a pedido os militares prejudicados.
“Mas o Governo pode usar isso como pretexto para não aumentar o salário da tropa”, diz um experiente militar que acompanhou, ontem, a movimentação nos quartéis com a repercussão da medida adotada pelo Governo. O que mais está preocupando a categoria é a choradeira dos sargentos e pensionistas, que tiveram quase R$ 1 mil de desconto e receberam apenas R$ 500 líquidos.
Para Feitosa, que também é militar, os delegados avançaram de fato na pauta econômica com o Governo muito mais do que os PMs, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra na questão do recolhimento do tributo ao Funafim. “Pode até fazer sentido que, ao devolver o que foi tirado de forma ilegal reforce o discurso do Governo para não dar aumento à Polícia Militar, mas uma coisa está separada da outra”, observa.
Doleiros, a versão certa – Um esclarecimento aos leitores do blog e do jornal O Poder: o ex-deputado Ricardo Heráclio e o seu pai João da Bomba, doleiros, não foram presos numa operação da Polícia Federal, na semana passada. Sofreram apenas uma busca e apreensão na chamada operação Aqua, desencadeada pela PF. Eles prestaram depoimentos sob acusação de atividade clandestina em operações de câmbio, evasão de divisas ao Exterior e lavagem de dinheiro. Heráclio foi deputado federal por dois mandatos pelo PSB e estaria disposto a revelar o que sabe sobre o envolvimento de políticos para se livrar de penalidades no futuro.

Governo cauteloso – Em viagem com o presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo vai “observar” a tendência do mercado de petróleo antes de tomar medidas. Segundo ele, a crise da guerra de preços do óleo pode ser uma “oportunidade” para o Brasil adotar mecanismos para períodos de elevada volatilidade. “Temos de observar antes de agir – se é uma tensão momentânea ou terá uma duração maior”, afirmou.

CURTAS
NÓS PAGAMOS A CONTA – O governador Paulo Câmara recebeu, ontem, para um jantar suculento, à custa dos contribuintes, o ex-ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu. Condenado a 23 anos de prisão, o todo poderoso da era Lula saiu da prisão em novembro do ano passado após vir abaixo à tese da condenação em segunda instância. Dirceu está no Recife para o lançamento do seu livro de memórias hoje, às 19 horas, na sede da Fetape, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura.
PODER ESVAZIADO – A presença de José Dirceu em Palácio também foi interpretada como uma tentativa dele ser instrumentalizado para o processo de fritura da candidatura de Marília Arraes à Prefeitura do Recife junto à executiva nacional do PT, em Brasília. Um observador atento informa que o então homem forte de Lula e hoje abandonado por ele não tem mais poder de fogo para cumprir o papel de detonador da candidatura de ninguém, até porque perdeu voz e espaço junto ao ex-chefe e à nova presidente da legenda, Gleisi Hoffman, a namoradinha do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
BRIGA FEIA – A Embratur comprou uma briga com o Governo de Pernambuco com a ideia de liberar cruzeiros para propiciar ao turista uma opção de chegar à ilha pelo mar. A administração bateu o pé e diz que Noronha já recebe mais turistas do que é capaz de comportar: de acordo com o último plano de manejo realizado, em 2009, o limite é de 89 mil pessoas por ano. Em 2019, o número chegou a 106 mil, recorde histórico. O cabo de guerra entre governos estadual e federal afeta também o repasse de recursos para a melhoria na infraestrutura.
Perguntar não ofende: Quanto o custo o rega-bofe que o Governo do Estado movimentou, ontem, em Palácio, para homenagear José Dirceu?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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