
Ao longo das inúmeras entrevistas que fiz para a série “O míssil chamado Tonca”, levantei também informações, já do meu conhecimento, sobre os bastidores da escolha do candidato a governador escolhido por Eduardo Campos, em 2014. Paulo Câmara, reeleito em 2018, nunca esteve na linha de raciocínio do ex-governador, morto em acidente aéreo em agosto do mesmo ano.
Para Eduardo escolher um nome que parecesse competitivo, capaz de atrapalhar os planos de a oposição chegar ao poder com o então senador Armando Monteiro Neto (PTB), favorito nas pesquisas, ocorreu uma série de desencontros envolvendo dois personagens – a poderosa viúva Renata Campos e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, sob os olhares atentos do ex-governador, já com a campanha presidencial dele nas ruas.
Notícias colhidas à época e reconfirmadas agora apontam que Renata, juntamente com a filha Maria Eduarda, defendiam com unhas e dentes o nome de Tadeu Alencar para governador. Relevante salientar que Tadeu vem a ser sogro da única filha de Eduardo. Ele chegou, inclusive, a ser escolhido e anunciado internamente na família por Eduardo, em dezembro de 2013, mas conspirações palacianas, tendo Geraldo Júlio como principal articulador, derrubaram Tadeu.
Na verdade, Eduardo era muito sagaz e sabia que Geraldo atuava na tentativa de “fazer” ele próprio o candidato. Geraldo agiu pelas costas de Eduardo e de Renata, sempre com o cuidado extremo de não provocar a ira deles. Os relatos dão conta que Eduardo ficou abalado com a destruição do nome de Tadeu, junto com outras manobras muito pesadas praticadas por Geraldo. A morte da candidatura de Tadeu foi, exatamente, no dia do nascimento de Miguel, ponta de rama de Eduardo, no Hospital Santa Joana.
Vendo que Eduardo descobriu a jogada e não aceitava que abandonasse a Prefeitura, então Geraldo partiu com tudo para ter um nome escolhido que fizesse uma aliança carnal tendo ele, Geraldo, como parceiro dominante. Considerando que já estava fora do jogo, ele propôs a Eduardo para ele, Geraldo, ficar coordenando os nomes alternativos com levantamento, através de pesquisas para sondar qual o melhor perfil. Eduardo, sabidamente, concordou, mas ficou cabreiro.
.jpeg)
SURGIMENTO DE CÂMARA - Dessa forma, dentre todas as alternativas, a que se mostrou melhor, até por eliminação, foi a de Paulo Câmara, também seu colega de trabalho no Tribunal de Contas e sempre considerado por Geraldo como uma pessoa insegura e fraca, ideal para selarem um pacto de sempre atuarem juntos, sob o controle e o domínio efetivos de Geraldo. Com medo, porque achava que não ia dar conta do recado, Paulo, fiel à sua profunda insegurança e indecisão, chegou a recusar a candidatura, mas, sob forte pressão de Geraldo, terminou sendo praticamente forçado a aceitar, no mais completo contragosto.


PROMESA A LYRA - De fato, Eduardo chegou a dizer a Fernando Lyra, em pleno leito hospitalar no Instituto do Coração da USP, em São Paulo, na frente de testemunhas, que o candidato a governador pelo PSB seria o então vice-governador João Lyra Neto. Isso chegou logo a Geraldo, que entrou no mais completo pânico, partindo para destruir o rival com manobras cirúrgicas, afastando crescentemente Eduardo de João Lyra. Estamos falando ainda do início de 2013, portanto um ano antes da decisão formal.
Fonte: Blog do Magno Martins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário