Na longa entrevista que me concedeu, ontem, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), deu uma lição de maturidade e discernimento político. Em nenhum momento, foi para a linha de confronto com o presidente Bolsonaro, embora filiado ao PT, principal partido de oposição. Sereno, adepto da cultura política da paz, vestido sempre de branco, modismo do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Camilo diz que não se pode fazer política com o fígado e que o ódio é uma vertente má-conselheira.
“O que falta ao Governo Federal é abrir mais diálogo com os setores. Porém, creio que vamos amadurecer e tirar essa questão do ódio que existe na política e dar oportunidade para que as ideias sejam respeitadas e possamos construir consensos”, pregou, para acrescentar, em tom de conciliação: “Eu sempre defendo que a relação de governantes seja de diálogo. Divergências, nós temos. Não votei nele (Bolsonaro), questiono algumas posições do seu Governo, mas tudo precisa ser feito de forma respeitosa e na defesa dos interesses da população para que seja atendida primeiramente”.
E ainda completou: “Quando é eleição, você pode expor suas posições, mas o momento agora é de governar, de pensar no crescimento do Brasil. Aqui, por exemplo, o presidente da FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) votou no Bolsonaro e eu tenho uma grande relação com ele. Então, respeitar as diferenças é construir o melhor caminho”. As ponderações do governador chegam na hora certa, porque o que se assiste em Pernambuco é justamente o contrário: um governador que briga e confronta.
E confrontar a União é sinônimo de burrice, de intolerância. Só quem sai perdendo com isso é a população. Reza aquele velho ditado, para ser mais preciso, de que a corda só arrebenta no lado mais fraco. Brigando e confrontando no grito, o Estado só tende a levar desvantagem. Por isso, os recursos federais têm escasseados tanto em Pernambuco, enquanto a Bahia e o Ceará são vistos a olho nu traduzidos nos verdadeiros canteiros de obras.
Derrota na terra Natal – Na mesma entrevista, chamou a atenção a simplicidade do governador. Vindo da sua Barbalha, onde tentou por duas vezes ser prefeito e não conseguiu, Camilo se revelou gestor por excelência como auxiliar do ex-governador Cid Gomes, tendo sido escolhido candidato do grupo Ferreira no final do prazo que envolveu uma ampla negociação com os partidos da base de Cid, irmão do ex-ministro Ciro Gomes, que disputou, mais uma vez, a Presidência da República, na eleição passada.

Amor de filho – No dia dos pais, o governador Camilo Santana revelou no seu facebook o carinho pelo pai, sua inspiração política. “Costumo dizer que meu pai Eudoro é um jovem de 82 anos, tamanha sua disposição para viver e sonhar. Exemplo de força, coragem e retidão, ele tem sido minha maior inspiração como homem público e como pai. Nesta lembrança, na nossa casa no Cariri, eu tinha uns 11 anos, de camiseta exibindo os músculos (rsrs), ao lado do meu irmão Tiago, e papai com uns 43 anos. Em todo esse tempo ele tem estado assim, sempre do meu lado”. Te amo muito, papai! E te agradeço por tudo... Feliz dia para você e para todos os pais do nosso Ceará! Que Deus abençoe a cada um e suas famílias neste dia e sempre”.
CURTAS
PAÍS DE LOUCOS – Em vídeo enviado à diretora do filme Democracia em Vertigem, Petra Costa, o cantor Chico Buarque afirmou que o Brasil, atualmente, é “um país governado por loucos”. Na mensagem, parabeniza a cineasta, que “soube captar, no calor da hora, com sensibilidade, com senso de oportunidade, os bastidores da cena política”. O filme foi indicado ao Oscar de 2020 na categoria Melhor Documentário. Chico destacou o período “principalmente a partir de 2014, quando os derrotados não aceitaram o resultado das urnas e, com apoio da classe política, da grande mídia, e pelo menos a complacência da Justiça, começaram a tramar contra o governo de Dilma Rousseff”.
PERNAMBUCO ATENTO – Medidas de proteção foram adotadas nos portos do Recife e de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco, e no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre/Guararapes, na Zona Sul da capital, por causa da crise global do coronavírus. Os terminais informaram que estão seguindo as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre higiene de trabalhadores e uso de equipamentos de proteção, como máscaras.
SEM CONFIRMAÇÕES – Por falar em coronavírus, o Ministério da Saúde informou, ontem, que o Brasil tem 12 casos suspeitos, mas nenhum confirmado. Cinco Estados estão com pacientes em investigação médica: Ceará (1), Paraná (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1) e São Paulo (7). O balanço que considerava os dados de até 12h de ontem incluiu um caso em Minas Gerais, Estado que apareceu na lista do Ministério. Com ele, o total de casos chegava a 13. Entretanto, durante a apresentação, o secretário-executivo da pasta anunciou que após a inclusão do caso na lista foi recebida a confirmação de que o paciente deu negativo para coronavírus.
Perguntar não ofende: Está certo o governador do Ceará em não levar o Estado que administra para o confronto com a União?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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