No discurso de boas-vindas ao novo secretário de Turismo, Antônio Coelho, sexta-feira passada, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), deu uma estocada de leve na governadora Raquel Lyra (PSDB). Sem citá-la, disse que não tinha medo de sombra. Poderia ter acrescentado e assombração, cantarolando Ney Matogrosso.
Dos chefes de Estado que já tiveram o privilégio de subir as escadarias do Palácio do Campo das Princesas, não há precedentes de tamanho receio de sombras do que a atual despachante. Não é de agora. Quando governou Caruaru, nenhum secretário se destacou. Ela se olha todos os dias no espelho e diz: “Espelho meu, há alguém melhor do que eu?”
A sombra é uma ameaça de desvio da luminosidade. Raquel fez uma equipe medíocre para o sol ser ela própria. Poderia ter aproveitado o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que fez a votação dela passar de cinco mil, no primeiro turno, para mais de 80 mil votos, no segundo turno, em Petrolina. Mas ficou com medo da criatura engolir a criadora.
É a luz, não a escuridão, que mais assusta governantes e políticos inseguros, como Raquel, que não se pergunta: “Quem sou eu para ser brilhante, linda, talentosa, fabulosa?”. Quem pensa pequeno não ajuda o mundo, nem a si próprio. Não há nenhuma bondade em se diminuir, para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor.
Enquanto permitimos que nossa luz brilhe, nós, inconscientemente, damos permissão a outros para fazerem o mesmo. Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libertará outros. Tem uma passagem bíblica muito apropriada para a governadora deixar de ter medo de sombras: “Vire seu rosto para o sol e as sombras cairão atrás de você”.
Arma de dominação – Tenho a impressão de que a atmosfera do medo de sombra é vivenciada diariamente pela governadora. Parece que a linguagem do medo se tornou uma arma de dominação e controle político dela, não apenas como construção das suas defesas frágeis, mas também de criar e manter raízes sociais de desconfiança e conflito com os outros, que, para ela, sempre são e serão culpados pelo que aconteceu ou que possa acontecer.
Hora de somar – Ao contrário de Raquel, João não tem medo de sombra nem assombração. Ao trazer os Coelho para perto, ele, na verdade, espanta a assombração da divisão. Como candidato à reeleição, passou a conjugar o verbo somar. Não se subtrai em política, ensinou Marco Maciel. Um animal político em sua essência é a soma de seus atos, do que fez, do que é capaz de fazer. Nada mais.
No plano executivo – Líder do grupo Coelho, o ex-senador Fernando Bezerra Coelho está ancho da vida com a chegada do filho Antônio Coelho ao Executivo. Acha a experiência mais nobre da política. FBC, como é mais conhecido, foi prefeito de Petrolina, secretário estadual e ministro de Estado. Sua primeira cria no executivo, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, deu certo. Deixou o Governo com mais de 90% de aprovação.
Imposto sindical – Com a aprovação da reforma trabalhista em 2017, o imposto sindical obrigatório chegou ao fim. Nos últimos anos, os sindicatos passaram de uma arrecadação de R$ 3 bilhões para R$ 58 milhões, entrando em falência. Por essa razão, o STF decidiu autorizar algo muito semelhante ao imposto sindical: a “contribuição assistencial” que, apesar do nome, será compulsória. A diferença é que o valor dessa taxa será decidido em assembleias, com qualquer número de presentes. O valor será descontado de trabalhadores sindicalizados ou não sindicalizados.
Senado homenageia Maciel – No lançamento da biografia de Marco Maciel amanhã, no Salão Nobre do Senado, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fará uma homenagem ao ex-vice-presidente em discurso na presença dos colegas de Casa, deputados federais, ministros, a viúva Anna Maria Maciel e os filhos Gisela, Cristiana e João Maurício. Em nome da família, o agradecimento será feito pela viúva, que já esteve no lançamento da obra no Rio de Janeiro, em 24 de agosto.
CURTAS
MINISTROS – Dos quatro ministros da cota de Pernambuco, três confirmaram presença no lançamento de Brasília: José Múcio, da Defesa, André de Paula, da Pesca, e Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. Luciana Santos, de Ciência e Tecnologia, informou que estará cumprindo agenda em outro Estado.
SENADORES, DEPUTADOS E A COLÔNIA – Já os três senadores: Humberto Costa (PT), Teresa Leitão (PT) e Fernando Dueire (MDB), também estarão presentes. Boa parte da bancada na Câmara também, além da grande colônia pernambucana em Brasília, sob o comando do embaixador Aristeu Plácido Júnior.
Perguntar não ofende: Quem mais tem medo de sombra e assombração no reino da política estadual?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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